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Um negócio obscuro de 3,5 mil milhões provoca ressaca em Wall Street

A implosão de uma empresa sediada entre as vinícolas da África do Sul causa ressaca num dos segmentos mais obscuros de Wall Street.

EPA
31 de Março de 2018 às 13:00
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Quando as acções da Steinhoff International Holdings afundaram em Dezembro, bancos de investimento mundiais perderam mais de mil milhões de dólares com os chamados derivados. Isto equivale a quase um terço da receita gerada no ano passado por estas operações, que permitem que grandes clientes usem acções para financiar investimentos.

A magnitude da perda abalou um negócio que cresceu no movimento de subida das bolsas e funciona como uma fonte de recursos importante para os clientes favoritos dos bancos: bilionários, fundos soberanos e conglomerados chineses ávidos por aquisições.

Alguns bancos estão a engatar a marcha a trás, vendendo activos ou questionando o tamanho de transacções futuras. As suas unidades de risco estão a fazer mais perguntas. Outros vêem oportunidades e constroem operações mais complexas para clientes como o fundador da Zhejiang Geely Holding Group, Li Shufu.

"Alguns bancos estão a cria uma distância, outros estão a aproveitar a brecha", afirmou David Stowell, professor de finanças da Northwestern University, em Evanston, no Estado americano de Illinois, que antes trabalhou no JPMorgan Chase. "Não há menos concorrência após o que aconteceu com a Steinhoff."

O caso da Steinhoff envolveu um empréstimo-ponte, derivado bastante comum que permite que um cliente consiga um empréstimo de um banco dando como garantia as suas acções.

O negócio tem crescido porque a valorização das acções levou clientes a realizar mais transacções deste tipo. Agora, o segmento supera as negociações com ouro e petróleo. Os 12 maiores bancos facturaram cerca de 3,5 mil milhões de dólares com estes contratos em 2017, 28% mais do que nos cinco anos anteriores, de acordo com a Coalition Development. Neste mesmo período, a negociação directa de acções e títulos diminuiu.

É um segmento lucrativo para os bancos de Wall Street porque os produtos são complexos, feitos à medida para o cliente e não são negociados em bolsa. Ainda assim, com o aumento da concorrência, os bancos têm assumindo riscos maiores com menos retorno.


"De longe a maior perda"

Em 2016, o então presidente da Steinhoff, Christo Wiese, pediu um empréstimo de 1,25 mil milhões de euros a um grupo de bancos, dando acções da empresa como colateral.

A operação correu mal quando as acções da Steinhoff caíram 80% em apenas dois dias em Dezembro devido a irregularidades contabilísticas. A directora financeira do JPMorgan Chase, Marianne Lake, disse que era "de longe a maior perda neste negócio vista desde a crise".

O caso da retalhista Steinhoff, que tem base na região de vinícolas da África do Sul, é um lembrete de que este tipo de financiamento "não é um negócio sem risco", disse Stephane Manchet, do Mitsubishi UFJ Financial Group, em Londres.

Os profissionais que montam estas operações enfrentam agora mais perguntas dos seus colegas das unidades de risco, que examinam mais a fundo carteiras de empréstimos que chegam a vários milhares de milhões de dólares.

(Texto original: An Opaque $3.5 Billion Business Gives Wall Street a Hangover)

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