Notícia
Tentem maior ou vão para casa! Aviso de Trump ao Congresso abala bolsas
As bolsas do outro lado do Atlântico fecharam em terreno negativo, penalizadas sobretudo pelo impasse nas conversações entre democratas e republicanos para a aprovação de um pacote alargado de estímulos à economia dos EUA. Os reveses em vacinas contra a covid contribuíram para o pessimismo.
O Dow Jones encerrou a sessão desta terça-feira a ceder 0,55% para 28.679,81 pontos e o Standard & Poor’s 500 recuou 0,63% para 3.511,93 pontos.
Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite desvalorizou 0,10% para 11.863,90 pontos, depois de ontem ter chegado a disparar mais de 3% durante o dia e de se ter aproximado do máximo histórico de 12.074,06 pontos atingido no passado dia 2 de setembro.
Apple em contraciclo nas tecnologias
Grande parte das tecnológicas, que na segunda-feira foram o grande motor da subida em Wall Street, continuou hoje a negociar em alta, se bem que com subidas tão ligeiras que não foram suficientes para manter o Nasdaq em terreno positivo – com o índice a resvalar para o vermelho nos últimos minutos da sessão, muito à conta do peso-pesado Apple.
Uma das exceções mais notórias às subidas foi de facto a Apple, em dia de apresentação dos novos iPhone.
A empresa da maçã, que ontem fechou a disparar mais de 6%, hoje terminou o dia a perder 2,65% para 121,10 dólares.
O iPhone 12, com quatro modelos e preparado para o 5G, foi recebido com agrado no meio tecnológico, mas, numa altura em que a pandemia cortou muitos empregos e debilitou muitas famílias, este não será o melhor momento para lançar telemóveis ao preço a que custam os Apple, refere a CNN Business.
Já a Amazon esteve do lado das subidas, se bem que com um ganho marginal de 0,02%, no dia em que arrancou o seu evento de vendas Prime Day – que dura 48 horas e que este ano acontece três meses mais tarde –, que é conhecido por ser uma maratona de descontos.
Go big or go home!
O movimento negativo no Dow e no S&P 500 deveu-se, em grande medida, aos receios de que os recentes ganhos na bolsa tenham sido exagerados face ao que se observa no campo dos novos estímulos à economia.
O presidente norte-americano, Donald Trump, deixou hoje uma mensagem ao Congresso relativamente ao novo pacote de estímulos – Go big or go home! –, indo assim diretamente contra o plano do líder da maioria (republicana) no Senado, Mitch McConnell, de levar à aprovação da câmara alta do Congresso, na próxima semana, uma proposta de estímulos menos ambiciosa.
Ontem os ânimos tinham melhorado por se esperar que, ao longo desta semana, a líder da maioria democrata da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, voltasse a reunir-se com o secretário norte-americano do Tesouro, Steven Mnuchin, no sentido de chegarem a um entendimento que permitisse a aprovação de um novo pacote alargado de estímulos à economia.
O conselheiro económico da Casa Branca Larry Kudlow deu a entender, na passada sexta-feira, que a Administração de Trump estava disponível para aumentar a fasquia no que diz respeito aos apoios à economia, mas não especificou. Hoje, Trump já mostrou que a proposta delineada pelos republicanos do Senado é pouco ambiciosa.
Vacinas contra covid sofrem reveses
Também os reveses no desenvolvimento das vacinas e tratamentos da Johnson & Johnson e da Eli Lilly contra a covid-19 contribuíram para penalizar as bolsas.
Um mês depois de a farmacêutica AstraZeneca ter interrompido a última fase de testes à vacina que está a desenvolver contra a covid-19 em parceria com a Universidade de Oxford – após uma suspeita de reação adversa séria num participante do estudo no Reino Unido – a norte-americana J&J anunciou também hoje que suspendeu temporariamente os testes devido a uma complicação inexplicável num participante.
Horas mais tarde era a vez de a (também norte-americana) Eli Lilly tomar a mesma decisão relativamente ao ensaio clínico de tratamento experimental com anticorpos, que é patrocinado pelo governo, por razões de segurança que não especificou.
Banca lidera perdas
Por setores, os bancos lideraram as quedas, depois de o JPMorgan Chase e o Citigroup terem hoje reportado as suas contas do terceiro trimestre, com os investidores a recearem que os lucros deste período tenham sinalizado somente uma pausa na dolorosa fatura do crédito malparado.
O JPMorgan Chase teve lucros de 2,92 dólares por ação, acima dos 2,23 dólares esperados pelo consenso dos analistas consultados pela Refinitiv. As receitas também ficaram acima do esperado, atingindo os 29,94 mil milhões de dólares. Já o Citigroup registou um lucro por ação de 1,40 dólares, quando os analistas apontavam para 93 cêntimos. Também as receitas ficaram ligeiramente acima das expetativas.
Para amanhã está prevista a divulgação das contas do Wells Fargo, Bank of America e Goldman Sachs, com o Morgan Stanley a fazer o mesmo no dia seguinte.