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Juros pesam nos EUA e Greenlight afunda Tesla ao compará-la com Lehman Brothers

As bolsas norte-americanas encerraram em baixa, pressionadas pela subida dos juros da dívida dos EUA, que deixa recear que as acções estejam sobrevalorizadas. A Tesla foi um dos títulos em destaque no lado das perdas, ao cair mais de 7%.

Reuters
05 de Outubro de 2018 às 21:19
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O índice industrial Dow Jones fechou a ceder 0,68% para 26.447,05 pontos, depois de ontem já ter caído 0,75%, naquela que foi a primeira descida em seis sessões.

 

Por seu lado, o Standard & Poor’s 500 recuou 0,55% para 2.885,57 pontos e o tecnológico Nasdaq Composite perdeu 1,16% para 7.788,45 pontos.

 

A pesar na negociação do outro lado do Atlântico estiveram uma vez mais os elevados juros da dívida norte-americana, que hoje subiram mais com os bons dados do emprego.

 

Os mais recentes dados económicos dos Estados Unidos continuam a evidenciar uma robustez da economia norte-americana, o que reforça a perspectiva de novos aumentos dos juros por parte da Reserva Federal – contribuindo este cenário para a subida das taxas de juro associadas aos títulos soberanos da maior economia mundial.

 

Esta subida dos juros acaba por ter repercussão no custo de financiamento das empresas – que, ao aumentar, tende a ter impacto negativo nos lucros das mesmas, o que leva os investidores a terem menos apetite pelo mercado accionista.

 

A valorização das "yields" da dívida norte-americana ocorre por via do menor investimento em obrigações, já que os investidores não sentem que precisam de procurar este activo-refúgio pelo facto de não verem tantos riscos para a economia.

 

A contribuir para a menor procura por obrigações (e consequente aumento dos juros da dívida) nos últimos dias esteve então a renovada convicção de que a Reserva Federal dos EUA irá proceder em Dezembro a uma subida dos juros directores – o que, a confirmar-se, será o quarto deste ano.

 

Com a Fed a ver também a economia a manter a solidez, a procura por refúgio nas obrigações diminuiu, fazendo subir os juros (que negoceiam inversamente) e levando a que fossem accionados os fechos de posições, desencadeando um movimento de vendas das "treasuries" norte-americanas.


A perspectiva de novas subidas dos juros pelo banco central deixa recear que as acções estejam sobreavaliadas - uma vez que o aumento dos custos de financiamento das empresas pode colocar em causa os seus resultados -, o que, por sua vez, leva a um desinvestimento no mercado accionista numa altura em que arrancou a época de apresentação das contas trimestrais.

 

A ADP (sector privado) anunciou ontem um aumento dos postos de trabalho nos EUA em Setembro na ordem dos 230.000 (o maior incremento desde Fevereiro), contra uma estimativa de 184.000.

 

Por outro lado, um relatório do Institute for Supply Management deu conta de que a actividade do sector dos serviços atingiu um máximo de 21 anos em Setembro – o que também ajudou ao optimismo dos investidores.

 

Além disso, hoje foi divulgado que os pedidos de subsídio de desemprego na semana passada, nos EUA, caíram para um mínimo de perto de 49 anos.

 

"Neste momento, as boas notícias para a economia são más notícias para os investidores em acções", comentou à Reuters um estratega do Cornerstone Capital Group, Michael Geraghty.

 

Tesla em queda

 

Do lado das perdas, um dos grandes destaques do dia vai para a Tesla. Depois de ontem o CEO da fabricante de veículos eléctricos, Elon Musk, ter pressionado a negociação em bolsa, hoje os comentários do fundo de cobertura de risco Greenlight Capital contribuíram para que os preços caíssem ainda mais.

 

Elon Musk continua a preocupar os investidores com as suas "tiradas" e ontem o seu o alvo foi a autoridade reguladora do mercado de capitais dos EUA, a Securities and Exchange Commission (SEC).

 

Depois de na semana passada a SEC ter intentado uma acção contra Musk, alegando fraude bolsista, as acções afundaram. Mas no domingo, 30 de Setembro, foi anunciado que Musk acedeu a deixar as rédeas da presidência do conselho de administração da fabricante de veículos eléctricos, mantendo-se apenas como presidente executivo, o que levou a que na segunda-feira, 1 de Outubro, as acções disparassem, fechando a escalar 17,35% para 310,70 dólares.

 

Além de abrir mão do cargo de "chairman", ficou acordado o pagamento de uma multa à SEC por parte de Musk e da própria Tesla.

 

Tudo parecia ter acalmado um pouco, mas ontem Elon Musk decidiu fazer da SEC alvo de chacota. O presidente executivo da Tesla gozou com a SEC horas depois de um juiz federal ter ordenado que Musk e a autoridade reguladora do mercado de capitais justifiquem o acordo a que chegaram.

 

"Quero apenas dizer que a Shortseller Enrichment Commission está a fazer um trabalho incrível", escreveu Musk na sua conta na rede social Twitter.

 

Elon Musk critica frequentemente o facto de os investidores "shortarem" (apostarem na queda, comprando o que se chama de posições curtas [ou baixistas]) na Tesla e desta vez as críticas viraram-se para a SEC, ao mudar a designação do acrónimo para "Comissão de Enriquecimento dos Shortsellers". "A mudança de nome é, por isso, muito apropriada!", acrescentou no seu tweet.

 

Com isto, as acções encerraram a cair 4,4% na sessão de ontem e estenderam as perdas na negociação do "after hours" (fora do horário regular).

 

Hoje, o "hedge fund" Greenlight Capital de David Einhorn sublinhou na sua carta trimestral que a posição curta ("short") que tem na Tesla acabou por ser a sua segunda melhor aposta do terceiro trimestre.

 

Resultado: as acções caíram ainda mais, encerrando a sessão desta sexta-feira a afundar 7,05% para 261,95 dólares.

 

O fundo de cobertura de risco diz, no mesmo documento, que Musk tem sido uma desilusão e que os apuros da Tesla se assemelham em muito às dificuldades do Lehman Brothers antes do seu colapso.

 

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