Notícia
Sessão "flat" em Wall Street com investidores a digerirem estimativas do FMI
As bolsas norte-americanas encerraram em terreno misto, com oscilações pouco expressivas, tanto nas subidas como nas descidas. As tecnológicas recuperaram fôlego, mas as acções ligadas aos materiais e à indústria travaram o ímpeto de subida em Wall Street.
O índice industrial Dow Jones fechou a ceder 0,22% para 26.429,83 pontos e o Standard & Poor’s 500 recuou 0,14% para 2.880,35 pontos.
Em contrapartida, o tecnológico Nasdaq Composite avançou 0,03% para 7.738,02 pontos.
Depois de as tecnológicas terem sido ontem as cotadas que mais pressionaram a negociação bolsista do outro lado do Atlântico, hoje as FAANG - Facebook, Amazon, Apple, Netflix e Google [detida pela Alphabet] – e outros pesos-pesados do sector recuperam o ânimo e regressaram aos ganhos, com destaque para as subidas superiores a 1% da Apple e da Microsoft.
A excepção foi a Google, que perdeu perto de 1%, no dia em que apresentou novos produtos e em que recorreu da multa de 4,34 mil milhões de euros imposta em Julho pela Comissão Europiea por abuso de posição dominante do Android (para afastar as suas rivais daquele sistema operativo para telemóveis).
Os investidores, preocupados com as perspectivas para o crescimento mundial – no dia em que o Fundo Monetário Internacional publicou o seu "outlook" económico mundial e avisou que a economia global já não vai acelerar nos próximos anos, advertindo também que os riscos negativos para o crescimento aumentaram – fugiram dos títulos industriais e ligados aos materiais (sector químico, empresas de embalagens, etc.) por serem mais sensíveis à evolução da economia e às tensões comerciais.
A PPG Industries, por exemplo, que é uma empresa do sector químico que opera com tintas e revestimentos, caiu perto de 10% depois de ter revisto em baixa os lucros para o actual trimestre devido à subida dos custos com as matérias-primas e a uma menor procura por parte da China devido às tensões comerciais entre Washington e Pequim.
Os elevados juros da dívida norte-americana têm estado também a levar os investidores a apostarem mais em activos que beneficiam mais desse contexto, penalizando assim o mercado accionista e obrigacionista.
A valorização das "yields" da dívida norte-americana ocorre por via do menor investimento em obrigações, já que os investidores não sentem tanta necessidade de procurar este activo-refúgio pelo facto de não verem tantos riscos para a economia dos EUA – numa altura em que se têm sucedido os bons dados económicos.
E esse cenário de robusteza da economia intensifica a especulação de uma potencial aceleração da subida das taxas de juro por parte do banco central norte-americano, o que acaba por ter repercussão no custo de financiamento das empresas – esse custo, ao aumentar, tende a ter impacto negativo nos lucros das mesmas, o que também leva os investidores a terem menos apetite pelo mercado accionista em geral.