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Roubini avisa: Investidores podem estar a ignorar "cisnes negros"

O economista centra-se sobretudo na tensão EUA-Coreia do Norte para ilustrar que os investidores podem estar a menosprezar os efeitos de um possível incidente internacional, esperando antes lucrar com as quedas nos mercados nos dias seguintes a uma crise.

08 de Maio de 2017 às 16:19
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O economista Nouriel Roubini considera que, apesar das incertezas geopolíticas que se acumulam nos últimos meses – nomeadamente entre os EUA e a Coreia do Norte -, os mercados financeiros continuam a negociar em máximos, o que sugere que os investidores podem estar a subestimar a possibilidade da ocorrência de "cisnes negros": factores imprevisíveis e com efeitos devastadores.

Num artigo de opinião para o Project Syndicate, o professor de Economia e da Universidade de Nova Iorque recorre à vitória de Emmanuel Macron este domingo nas eleições francesas – um dos factores de incerteza dos últimos meses no Velho Continente – para ilustrar que os factores imprevisíveis se mantêm. Assim, avisa que nem Macron travou a maré antiglobalização no ocidente, como a saída do Reino Unido da União Europeia ainda pode desencadear uma desintegração do espaço europeu.

Estes são dois dos riscos geopolíticos que Roubini enumera, referindo que, no caso da vitória de Macron sobre a candidata de extrema-direita e anti-euro, a União Europeia e o euro apenas conseguiram "desviar-se da bala." "Os mercados têm dificuldade em avaliar estes ‘cisnes negros’: ignorados desconhecidos" que são improváveis, mas extremamente dispendiosos. Por exemplo, não conseguiram prever o 11 de Setembro. E mesmo que os investidores pensem que venha a acontecer um novo ataque terrorista, não conseguem saber como será," escreve Roubini.  

No horizonte continua, refere, o comportamento "agressivo" de Moscovo sobre os estados do Báltico, nos Balcãs, na Ucrânia e na Síria, enquanto a situação no Médio Oriente permanece frágil, com estados falhados e guerras por procuração entre sunitas e xiitas longe de terminar. Na Ásia é a tensão EUA-Coreia do Norte que dá cartas, ao passo que a China continua em disputas territoriais com os seus vizinhos.

No caso de Pyongyang, além de uma ameaça de conflito armado, o professor de Economia refere ainda os receios de guerra cibernética entre EUA e Coreia do Norte, que poderá suceder-se à "decapitação" militar do regime de Kim Jong-un e desencadear ataques informáticos sobre o território norte-americano capazes de destruir infra-estruturas ou mesmo o lançamento de "bombas sujas" sobre cidades portuárias como Los Angeles ou Nova Iorque.

"Poderá a escalada da situação na Península da Coreia ser uma oportunidade para comprar aproveitando a queda do preço dos activos ou marcará o início de uma queda massiva nos mercados?", questiona.

Roubini avança quatro explicações para que os investidores estejam a ignorar o possível impacto de riscos geopolíticos sérios. Por um lado, apesar da tensão vivida no Médio Oriente, não se assistiu a choques petrolíferos como os de 1973 e 1979 e a produção de petróleo de xisto nos EUA tem permitido obter energia a baixo custo. Além disso, os investidores estão confiantes que, em caso de um episódio de crise mundial, as autoridades estarão prontas a intervir - como fizeram na sequência do 11 de Setembro - permitindo comprar barato no previsível curto período de quedas dos preços que se lhe seguirá.

Outras explicações possíveis são a convicção de que o impacto de crises geopolíticas em mercados regionais – como no caso da tensão Rússia/Ucrânia ou mesmo das consequências de um "hard Brexit" – não será suficiente para contagiar as praças dos EUA e que não se materializaram os receios dos últimos meses: guerra entre grandes potências, colapso da Zona Euro ou da União Europeia, aterragem súbita da economia chinesa ou políticas musculadas de Donald Trump.

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