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Queda superior a 3,5% da PT penaliza PSI-20
A operadora corrigiu parte da forte subida da sessão de quarta-feira, durante a qual chegou a disparar mais de 22% na sequência do anúncio da fusão com a Oi. O PSI-20 fechou, assim, negativo perante uma Europa indefinida.
O principal índice da bolsa nacional cai 0,46% para os 6.010,54 pontos, com 13 acções em queda, duas inalteradas e cinco a subir. Na Europa, o sentimento é misto, apesar de a maior parte dos índices negociar em terreno negativo.
Por cá, a PT definiu o rumo da bolsa, embora Galp e EDP também tenham sido determinantes para a tendência.
Oi já quase anulou os ganhos de ontem
A Portugal Telecom e a Oi anunciaram esta quarta-feira que celebraram um acordo com vista à fusão das duas companhias e que criará um novo operador luso-brasileiro de telecomunicações. Uma notícia que foi muito bem recebida pelos investidores, já que a operadora chegou a disparar 22,79% para os 4,175 euros (máximos de 15 de Março deste ano) e a Oi mais de 11%.
Mas esta quinta-feira, as duas operadoras corrigiram desses ganhos e a Oi já quase anulou a subida de fecho (5,21%) da sessão de ontem. A Portugal Telecom depreciou 3,78% para os 3,484 euros depois de ontem ter encerrado a cair mais de 6%, enquanto a operadora brasileira desvaloriza 4,28% para os 4,25 reais, depois da queda de cerca de 5% da sessão anterior.
Endividamento preocupa analistas
Os investidores reagiram de forma efusiva à fusão, mas alguns analistas alertaram para um problema com a nova empresa: o endividamento. A operação (mesmo considerando o aumento de capital), não resolverá o problema de endividamento. "A fusão da PT com a Oi constitui a conclusão lógica de um processo de deslocação progressiva do centro de gravidade da Portugal Telecom em direcção do Brasil.
Já o analista da XTB,Steven Santos, recorda que há várias dificuldades para o novo grupo: "o elevado endividamento da Oi, a que se soma agora a dívida da PT, o mau serviço ao cliente no Brasil, e a forte dependência da Oi face à rede fixa (um mercado maduro e com menos potencial de crescimento do que o segmento móvel)". E Pedro Oliveira, do BPI diz mesmo: “o nosso primeiro pensamento sobre a operação é negativo já que não parece resolver os problemas de alavancagem" das empresas, refere Pedro Oliveira, analista do BPI. E sublinha: "A nova empresa terá um rácio de dívida líquida face ao EBITDA de 3,3 vezes [já considerando o aumento de capital], o que nos parece muito elevado face à média do sector [que está em 2,2 vezes, entre as empresas constituintes do Stoxx Telecom] e deverá continuar a aumentar já que o EBITDA da segunda metade do ano, tanto no Brasil como em Portugal, deverá continuar sob pressão", alerta o especialista do BPI.
JM sobe 1% com estimativas do CaixaBI
Talvez estas razões tenham levado as duas operadoras à queda e a Oi à quase anulação dos ganhos. Ainda assim, depois de as duas empresas terem registado recordes no volume negociado continuam hoje a trocar de mãos muitas acções quer da PT quer da Oi, com 17,7 milhões e 6,8 milhões de títulos negociados, respectivamente.
Quanto à bolsa nacional a PT foi quem mais pressionou, sendo que a Galp Energia, com uma queda de 1,80% para os 12,275 euros, e a EDP, que perdeu 0,37% para os 2,69 euros, também pressionaram
A impedir uma queda mais expressiva da praça nacional esteve a Jerónimo Martins que subiu 0,94% para os 14,44 euros por acção. Esta manhã, o Caixa BI divulgou uma estimativa que aponta que a dona dos supermercados Pingo Doce terá fechado os primeiros nove meses do ano com um resultado líquido de 294 milhões de euros, o que traduz um crescimento de 8,3% face ao mesmo período do ano passado.
Ainda em alta, esteve o BES, mantendo a tendência positiva da sessão de ontem. O banco liderado por Ricardo Salgado e que é um dos accionistas de referência da PT avançou 0,36% para os 0,843 euros.