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Privatizações trouxeram quase 170 empresas para a bolsa

Lei Sapateiro foi um marco no desenvolvimento do mercado.

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Ainda se lembra de nomes como a Marconi , o Banco Totta & Açores ou o Banco Fonsecas & Burnay? São algumas das empresas que dispersaram o capital em bolsa na agitada década de 80 e que, tal como muitas outras, já saíram do mercado de capitais. Os incentivos criados em meados dessa década, bem como as privatizações, trouxeram quase 170 empresas para a bolsa. Actualmente não vão além de 50.

Das 137 empresas que tinham o seu capital disperso em bolsa na altura do 25 de Abril de 1974, apenas 35 regressaram na reabertura, no ano de 1977. A independência das colónias e o processo de nacionalizações justificaram o desaparecimento das empresas ultramarinas, de 17 entidades bancárias e 25 seguradoras. Foi sobretudo na década de 90, com as operações de privatização, que o número de companhias cotadas voltou a aumentar.

O conjunto de incentivos fiscais criados pelo então ministro das Finanças, Miguel Cadilhe, em 1985, deu o mote para uma sucessão de OPV na bolsa portuguesa. Só em 1986 e 1987, 88 novas empresas estrearam-se no mercado de capitais. "A ausência de uma entidade reguladora permitiu que muitas empresas fossem colocadas em bolsa com um preço extremamente elevado", lembra o investidor Joaquim Cardoso.

Esta divergência entre as cotações e o real valor das empresas levaram o primeiro-ministro Cavaco Silva a alertar, ainda em 1987, para o risco de comprar "gato por lebre". Esta declaração, acompanhada pela queda das acções nesse ano, deram origem à criação de um grupo de trabalho intitulado Conselho Nacional das Bolsas de Valores, com o objectivo de elaborar um conjunto de regras para o mercado. Este trabalho culminou com a chamada Lei Sapateiro, em 1991.

Seria nos anos 90, com o então primeiro-ministro António Guterres, que se assistiria a um "boom" de privatizações na bolsa. Segundo um estudo da bolsa de Lisboa, entre 1989 e 1999, o Estado arrecadou perto de 3.000 milhões de contos (cerca de 15 mil milhões de euros) com estas operações.

"Quando o País politicamente tomou a decisão de reprivatizar, o mercado de capitais foi um elemento fundamental para esse processo", destaca Luís Laginha de Sousa. Para o presidente da Bolsa de Lisboa, "o mercado teve de ser reconstruído, mas ele cumpre uma função", basta que haja vontade política para optar por esta forma de financiamento.

Chegaram a estar cotadas 169 empresas, no ano de 1995. Contudo, os movimentos de concentração no sector da banca e seguros foram responsáveis pelo desaparecimento de muitos nomes no mercado de capitais. Actualmente são cerca de 50 as companhias cotadas em Portugal.

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