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Pharol afunda mais de 5% após pedido de reembolso de 750 milhões pela ESI
A Pharol está novamente em forte queda na bolsa nacional. Desta vez, está a ser pressionada pela notícia que a ESI vai pedir um reembolso de 750 milhões de euros.
A Pharol está novamente em queda na bolsa nacional. Já tombou 7,38% para 33,9 cêntimos – o que representa o valor mais baixo desde 21 de Setembro – e, por esta altura, alivia um pouco desta descida, recuando 5,19% para 34,7 cêntimos.
Por esta altura, a liquidez do título está ainda abaixo da média diária dos últimos seis meses: trocaram de mãos mais de 3,3 milhões de acções e a média diária é acima dos 5,4 milhões de títulos.
Apesar da queda de hoje e da registada na semana passada, a Pharol acumula um ganho de 65,22% desde o início do ano. A capitalização bolsista da empresa liderada por Palha da Silva está acima dos 306 milhões de euros.
Ontem foi noticiado que os responsáveis pela insolvência da Espírito Santo International, no Luxemburgo, estão a preparar uma acção judicial contra a Pharol, pedindo a restituição de 750 milhões de euros, o que pode estar a penalizar a evolução do título esta quarta-feira, 15 de Novembro.
De acordo com informações que constam no site das insolvências do Grupo Espírito Santo, que decorrem no Luxemburgo, o tribunal do comércio do grão-ducado decidiu, a 6 de Novembro de 2017, nomear um advogado, Moritz Gspann, para preparar um processo contra a Pharol, a antiga PT SGPS.
O objectivo da acção judicial, noticiada ontem à tarde pelo Eco, é declarar nulas as operações através da qual a ESI reembolsou 750 milhões de euros à Pharol em 2014, pedindo a restituição daquele montante, acrescido de juros.
A Pharol, em comunicado, diz não ser devedora "a qualquer título" da ESI, pelo que "aguarda a sua citação na anunciada acção judicial para poder contestar e exercer todos os direitos de protecção dos seus stakeholders", já que, acrescenta, não percebe os fundamentos da acção pelo comunicado emitido pelos curadores da insolvência da ESI.
A Pharol diz-se credora da Rioforte em 897 milhões, tendo reclamado esse montante no processo de insolvência desta empresa.
De onde vêm os 750 milhões
Para saber a origem dos 750 milhões de euros é necessário recuar a 2014, mais precisamente ao período entre 10 e 21 de Fevereiro. Aí, a Espírito Santo International, na altura ainda em funcionamento enquanto sociedade de topo do Grupo Espírito Santo, pagou 750 milhões de euros à então Portugal Telecom. Era a restituição de três investimentos em papel comercial: 500 milhões, que venceram a 10 de Fevereiro; 200 milhões, com maturidade dia 13; e ainda 50 milhões, no dia 20. O reembolso é feito já se sabendo que a empresa, com sede no Luxemburgo, tinha contas manipuladas.
Estas emissões de papel comercial da ESI tinham sido subscritas pela PT, que na data das maturidades recebeu os investimentos. Foram as últimas colocações em dívida da ESI porque, a partir daí, a PT passou a investir na Rioforte, sociedade detida pela ESI.
Havia um motivo para essa mudança. Conforme concluiu a PwC, na análise que fez a estas aplicações da PT no Grupo Espírito Santo, seu accionista, houve, a 28 de Janeiro, uma reunião entre Luís Pacheco de Melo, administrador com o pelouro financeiro da operadora de telecomunicações, e Ricardo Salgado, que liderava o BES. Aí, Salgado terá transmitido que a PT deveria investir em papel comercial da Rioforte e não da ESI. A PT tinha administradores comuns com o BES, banco presidido por Salgado: Amílcar Morais Pires e Joaquim Goes.
Recebendo os 750 milhões de euros da ESI, a PT voltou a investi-los no GES, só que colocou-os, então, na Rioforte. Não apenas todo esse montante, mas ainda mais: mexeu em depósitos a prazo que estavam no BES para investir em títulos de dívida e foram colocados, em Fevereiro, 897 milhões de euros em dívida da Rioforte, que viriam, em Abril, a ser reinvestidos.
A PT nunca recebeu aqueles 897 milhões de euros – entretanto, as dificuldades em que as empresas entraram devido à descoberta de contas falsificadas na ESI levaram à derrocada do GES.
A operadora ficou credora de 897 milhões de euros, sem contabilização de juros. Só que a PT acabou enquanto tal, com as suas operações a passarem para a brasileira Oi (e depois Altice), e a sua dívida a ser herdada pela Pharol, onde permaneceram também os accionistas da empresa.