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Os cinco factores que estão a arrastar as acções do BCP
O impacto do Novo Banco para o sector financeiro, a incerteza regulatória na Polónia e a subida do prémio de risco são alguns dos factores que estão a afundar as acções do banco português.
As acções do BCP continuam a destacar-se com quedas acentuadas na bolsa de Lisboa. Em apenas cinco sessões o banco liderado por Nuno Amado afunda mais de 28%, com as acções a tocarem níveis de Setembro de 2012. Mas o que está, afinal, a determinar estas descidas tão expressivas? São várias as razões, internas e externas. Conheça cinco factores que estão a pressionar as acções.
- 1. Novo Banco causa preocupação
A decisão do Banco de Portugal de envolver a dívida sénior na recapitalização do Novo Banco está a causar preocupação entre os investidores, que temem as implicações negativas desta decisão para os restantes bancos. "O prejuízo das resoluções do Novo Banco e Banif para o Fundo de Resolução, onde o BCP tem uma quota de 20% são factores de preocupação para os investidores", explica Pedro Lino, administrador da Dif Broker. Num encontro com investidores em Londres, organizado pelo Haitong, o banco terá admitido, segundo uma nota divulgada ontem, que a decisão de impor perdas aos investidores de dívida sénior no Novo Banco "pode ser negativa para o sentimento dos investidores e o acesso ao mercado do BCP.
- 2. Incerteza na Polónia
A par das preocupações internas, o BCP está ainda a ser castigado por factores externos. As dúvidas em relação à forma como será realizada a conversão de créditos em francos suíços para zlotys na Polónia, país onde o BCP detém o Bank Millennium, estão a penalizar as acções. Os investidores estão preocupados com o custo que esta conversão poderá ter para as instituições no país. Ainda assim, recentemente o presidente da Polónia propôs uma nova legislação para a conversão dos créditos, defendendo a negociação da taxa de câmbio, em vez da aplicação da taxa que vigorava no momento em que foi contraído o empréstimo, uma alternativa que, na opinião dos analistas, será menos desfavorável para o BCP.
- 3. Instabilidade nas bolsas mundiais
O ambiente de incerteza que se vive nos mercados accionistas mundiais está a arrastar a maioria das empresas cotadas, sendo a bolsa lisboeta uma das mais castigadas na Europa. O PSI-20 cai já 13,8% em 2016, penalizado pela forte descida da banca e pela exposição a países dependentes do petróleo, como é o caso de Angola. Para Albino Oliveira, analista da Patris Investimentos, "o enquadramento desfavorável observado nos mercados financeiros internacionais, com o sector financeiro penalizado pelas recentes preocupações relativamente à economia global" é um dos principais factores de pressão no banco.
- 4.Prémio de risco agrava custos
O agravamento da percepção de risco de Portugal está a penalizar as acções da banca portuguesa. Ainda que o agravamento dos custos de financiamento do país tenha um impacto negativo na bolsa em geral, o sector financeiro é um dos principais penalizados pelo aumento do prémio de risco. O diferencial entre a dívida portuguesa e o mercado de referência alemão disparou nos últimos dias para o valor mais elevado em seis meses, com os investidores a procurarem activos de refúgio e também depois da BlackRock ter adiantado que os investidores podem ter medo da dívida portuguesa devido às recentes situações da banca nacional.
- 5. BCP na mira dos especuladores
O BCP é uma das cotadas nacionais que está a ser alvo de apostas negativas por parte dos especuladores. Tal como o Negócios avança esta quarta-feira, 20 de Janeiro, o banco liderado por Nuno Amado é um dos títulos com maior proporção de posições a descoberto. O peso das posições curtas aumentou face ao início do ano passado de 3,06% para 3,78%. Há quatro fundos de cobertura de risco com posições curtas acima de 0,5% (Lansdowne Partners, Oceanwood Capital, TT International e Marshall Wace).