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Os analistas já não adoram a Tesla
O Goldman Sachs cortou a recomendação para vender, não acredita no lançamento do Model 3 em Julho e estima um aumento de capital até final do ano.
A atractividade da Tesla junto da comunidade de analistas financeiros que segue a empresa de Elon Musk já conheceu melhores dias. Se muitos no passado teciam rasgados elogios à fabricante de automóveis, perspectivando fortes crescimentos nos resultados da companhia, o cenário é agora um pouco diferente.
Sobretudo devido às dúvidas sobre a capacidade da empresa em cumprir as metas com que se comprometeu. Elon Musk é conhecido por impor prazos bem apertados e também por muitas vezes não os cumprir.
Foi por não acreditar que a Tesla consiga colocar no mercado o novo Model 3 Sedan na data prometida que o Goldman Sachs decidiu cortar a recomendação das acções, de "neutral" para "vender". E a avaliação de 190 dólares para 185 dólares por acção.
A recomendação provocou uma forte queda nas acções da Tesla – caíram mais de 4% para 245,75 dólares - que ainda assim continuam bem acima da nova avaliação.
"Em última análise, vemos um adiamento no lançamento" do novo modelo, refere o analista David Tamberrino, apesar de os responsáveis da Tesla terem reiterado que o Model 3 vai ser lançado no timing previsto, ou seja, em Julho deste ano.
O analista do Goldman Sachs também alertou para a possibilidade de a Tesla ter que avançar com um aumento de capital até ao final do ano (1,7 mil milhões de dólares para financiar os investimentos) e criticou a "execução operacional" da empresa.
Comentários que contrastam com os elogios que o Goldman Sachs fez no passado à empresa de Elon Musk. Ficou famoso o "research" publicado pelo Goldman Sachs no mesmo dia em que a Tesla anunciou um aumento de capital, pois o banco elevou a recomendação das acções para "comprar". Nessa altura o analista do Goldman que seguia a Tesla era outro (Patrick Archambault) e o banco estava a liderar o sindicato bancário responsável pela emissão das novas acções.
Mas não é só o Goldman Sachs que está menos optimista para a Tesla. De acordo com a Bloomberg, os analistas nunca estiveram tão negativos para a cotada como agora. Sobretudo depois de a fabricante de veículos eléctricos ter anunciado os resultados de 2016, que foram mal recebidos em Wall Street, provocando uma queda de mais de 5% nas acções na semana passada.
Os números até ficaram acima do esperado, mas os analistas questionam agora a qualidade das contas. Para Jeffrey Osborne, da Cowen & Co., foi uma superação "fantasma".
Apesar da prestação negativa desta segunda-feira, as acções da Tesla acumulam um ganho de 15,7% em 2017, elevando a capitalização bolsista para 39,6 mil milhões de dólares.
(Correcção: As dúvidas estão relacionadas com o Model 3 Sedan e não com o S)