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Morgan Stanley: Correcção das acções “foi só a entrada, não o prato principal”
O banco alerta que a subida das yields nos Estados Unidos poderá intensificar-se, atingindo ainda mais os mercados accionistas. A correcção do início deste mês foi só uma "amostra".
A forte correcção nas bolsas norte-americanas, registada no início deste mês de Fevereiro, foi apenas uma pequena amostra dos potenciais danos decorrentes da subida dos juros da dívida. E o grande teste ainda está para vir.
Quem o diz é o Morgan Stanley, que fala da turbulência nos mercados accionistas – que levou os índices norte-americanos a viverem a sua pior semana em dois anos – como "a entrada, não o prato principal".
"Foi a entrada, não o prato principal", descreve o banco numa nota de análise assinada por Andrew Sheets, e citada pela Bloomberg.
O Morgan Stanley lembra que, apesar da subida dos juros da dívida dos Estados Unidos ter sido difícil de digerir por parte do mercado, as yields ajustadas à inflação ainda não ultrapassaram o intervalo dos últimos cinco anos.
Se, e quando, acontecer – o que não é de descartar num cenário em que os investidores estão a antecipar uma normalização mais rápida dos juros por parte da Fed – as acções poderão ser atingidas com mais força, avisa o banco.
As yields relativamente baixas têm constituído um grande suporte para as avaliações das acções, pelo que uma subida implicará que as acções terão de passar a depender dos resultados para as impulsionar, refere a nota. "E o problema é que pode haver um abrandamento já no início do segundo trimestre", alertam.
"É quando o crescimento abranda, ao mesmo tempo que a inflação aumenta, que os retornos mais sofrem", afirmam os especialistas do Morgan Stanley. "O forte crescimento global e uma boa época de resultados constituíram uma boa compensação. Continuamos atentos a uma passagem complicada para o segundo trimestre, com a inflação subjacente a subir e os indicadores de actividade moderados".
O aviso do Morgan Stanley surge num dia em que os juros da dívida norte-americana estão novamente em alta, muito próximos do valor mais alto dos últimos quatro anos. A ‘yield’ das treasuries a 10 anos sobe 2,74 pontos para 2,9023%, ligeiramente abaixo do máximo de Janeiro de 2014 alcançado na sexta-feira, de 2,9424%.