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Lisboa, uma bolsa ao sabor do "short-selling"

Relatório elaborado pela CMVM salienta o papel das vendas a descoberto no desempenho negativo da Bolsa de Lisboa. Mesmo o peso sendo baixo, quando o "short-selling" sobe, a seguir o índice PSI-20 costuma cair.

Miguel Baltazar
18 de Dezembro de 2016 às 22:00
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A bolsa de Lisboa afundou 10,2% em Junho, naquele que foi o pior mês do ano. Nos dias antes tinha-se registado um crescimento nas transacções que apostam na queda dos preços, o chamado "short-selling". Não foi a primeira vez. A CMVM identifica um padrão entre a evolução das cotações e o peso deste tipo de negócios. A boa notícia é que em Outubro recuaram para o nível mais baixo de 2016.

O "Risk Outlook" de Outono da CMVM assinala que o peso do "short-selling" na capitalização bolsista tem vindo a aumentar desde Novembro de 2012, quando foi iniciada a série, atingindo um máximo em redor dos 1,5% em Novembro de 2015. O número de cotadas alvo deste tipo de transacções que procuram beneficiar com a desvalorização dos títulos também cresceu. O relatório salienta ainda que existe uma correlação entre o peso das chamadas vendas a descoberto e o desempenho mensal do PSI-20. Isto é, quando as apostas na queda  sobem, o índice tende a cair e vice-versa.

O relatório, divulgado no início de Dezembro, dá como exemplo o mês de Junho, o pior deste ano para o PSI-20, que foi precedido por uma "intensificação da actividade de ‘short-selling’". Naquele mês, o índice perdeu 10,17%, com algumas das maiores descidas a serem protagonizadas por empresas em que a aposta na queda cresceu. É o caso do BCP, que desvalorizou mais de 40%, depois de em Maio os interesses a descoberto relevantes terem ascendido a 5% do capital do banco. A Pharol e a Mota-Engil protagonizaram um comportamento semelhante.

"Os resultados revelam uma relação (não necessariamente de causalidade) entre as cotações e o ‘short-selling’ de acções portuguesas", conclui a CMVM. O que a leva a dizer que o peso deste tipo de transacções "pode ser interpretado como um indicador de sentimento", sobretudo dos investidores institucionais.

Os últimos dados apontam para um menor pessimismo. O regulador salienta que em Outubro se registou o nível mais baixo de "short-selling" em todo o ano, em redor dos 1,2%.

Apesar de nos últimos meses, a actividade de "short-sellers" ter diminuído, continuam a existir posições curtas na bolsa nacional. O BCP continua a ser o título mais procurado pelos que apostam na descida das acções, com os últimos dados disponibilizados pela CMVM a apontarem para interesses a descoberto relevantes equivalentes a 4,34% do capital. As outras cotadas que são, actualmente, alvo de interesses a descoberto relevantes são a REN (1,79%), a Mota-Engil (1,54%), a Pharol (1,28%), a Jerónimo Martins (0,70%) e a EDP (0,63%).

O "Risk Outlook" da CMVM mostra que os factores de risco continuam a ser, na sua maioria, elevados. O que mais preocupa é o endividamento da economia portuguesa, com os níveis de malparado a atingirem novos recordes, contrariando a melhoria da qualidade do crédito observada na maioria dos países da Zona Euro. O relatório destaca ainda o agravamento da percepção de risco da dívida portuguesa em relação ao observado em 2015.



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