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Inflação volta a afligir investidores e tira fôlego a Wall Street
As bolsas norte-americanas encerraram em ligeira baixa, depois de oscilarem durante todo o dia entre subidas e descidas pouco expressivas, numa altura em que os investidores continuam atentos à trajetória da inflação.
O Dow Jones fechou a recuar 0,24%, para se fixar nos 34.312,46 pontos. O seu máximo histórico foi atingido a 10 de maio, quando tocou nos 35.091,56 pontos.
Já o Standard & Poor’s 500 cedeu 0,21%, para 4.188,13 pontos. A 7 de maio, recorde-se, fixou um recorde nos 4.238,04 pontos.
Por seu lado, o tecnológico Nasdaq Composite desvalorizou 0,03% para 13.657,17 pontos.
Os juros da dívida soberana dos EUA voltaram a descer, naquela que foi a quarta sessão de desagravamento, com a maturidade a 10 anos a atingir um novo mínimo de duas semanas nos 1,564% - o que ajudou a atenuar os receios em torno da inflação.
No entanto, esses receios não se dissiparam e vão persistindo e mexendo com o sentimento dos intervenientes de mercado.
Os responsáveis da Fed continuam a relativizar as subidas nos preços, dizendo ser um movimento transitório, e o vice-presidente do banco central, Richard Clarida, veio mesmo dizer que a Reserva Federal pode tomar medidas para amainar um disparo da inflação, caso isso aconteça. Mas os receios de que a Fed se possa decidir por subir os juros diretores mais cedo do que o previsto se a inflação persistir na subida continuam a pesar.
A CNN Business sublinha hoje que os bancos centrais foram os super-herois da fase inicial da pandemia, ao tomarem medidas drásticas para salvarem a economia e os mercados financeiros da ruína, mas que agora, com a retoma a ganhar balanço, esses mesmos bancos centrais acabaram por se tornar um risco de relevo para os investidores.
A mais recente leitura do índice Back-to-Normal [regresso à normalidade (pré-pandémica)] da CNN mostra que a recuperação da economia norte-americana está 90% completa. Mas os investidores receiam cada vez mais que a Fed, ao olhar para os dados promissores e para o aumento da inflação, cometa um erro prejudicial, tal como decidir demasiado cedo retirar os estímulos (compra de ativos) ou ignorar problemas até ser demasiado tarde, destaca a CNN.
Num inquérito do Deutsche Bank junto de 620 profissionais do mercado, publicado esta semana, 39% dos inquiridos mencionaram um "erro de política do banco central" como um dos três maiores riscos à estabilidade do mercado, contra 21% no mês passado.
E um inquérito feito pelo Bank of America junto de gestores de fundos globais, divulgado na semana passada, revela preocupações similares, diz a CNN.
O segundo grande risco, depois da inflação (que é neste momento o primeiro), é o do ‘taper tantrum’ [redução do programa de estímulos – compra de ativos], num cenário em que os bancos centrais flexibilizam a aquisição de obrigações, levando a um aumento dos juros da dívida e disseminando o pânico nos mercados.
Nas atas da última reunião da Fed, divulgadas na semana passada, alguns dos membros da Fed sugeriram que se a economia continuar a fazer progressos no sentido de alcançar as metas do banco central, poderia "ser apropriado a determinada altura, nas próximas reuniões, começar a debater um plano para ajustar o ritmo de compra de ativos".
Ou seja, apesar de não mencionar diretamente o tapering, essa ideia ficou no ar. No próprio dia em que a reunião terminou, Powell disse que o banco central estava preparado para ajustar a política dos juros à medida que as coisas fossem mudando.
Na última reunião, recorde-se, além de manter os juros diretores, a Fed decidiu que continuaria a comprar o equivalente a 120 mil milhões de dólares em ativos por mês.