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EDPR avança já com aumento de capital de 1,5 mil milhões de euros só para investidores institucionais  

Os atuais acionistas não vão ter direito de preferência para comprar as novas ações que a EDP Renováveis vai emitir para financiar o seu plano de expansão. A procura dos investidores institucionais já é superior à oferta, pelo que o aumento de capital de 1,5 mil milhões de euros está garantido.

O CEO da EDP garante que a venda das seis barragens à Engie seguiu os procedimentos habituais.
DR
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Depois de na semana passada ter anunciado que estava a estudar realizar um aumento de capital de 1,5 mil milhões de euros para financiar o investimento de 19 mil milhões de euros em quatro anos, a EDP Renováveis comunicou ao mercado que a operação arranca já esta terça-feira e no final da semana os novos investidores já terão os títulos nas suas carteiras.

O aumento de capital assume contornos diferentes das emissões de novas ações que habitualmente são realizadas na bolsa portuguesa, que passam por pedidos de autorização aos acionistas (em AG), divulgação de prospetos, negociação de direitos em bolsa e outros passos, que no conjunto demoram várias semanas.

Para acelerar o aumento de capital, a EDPR arranca já hoje com a operação, que será conduzida por um conjunto de bancos que vão oferecer as novas ações no mercado aos investidores, num processo conhecido por accelerated bookbuilding (ABB).

"Com a finalidade de implementar o aumento de capital de forma célere e eficiente em benefício da EDPR e de todos os seus acionistas", o Citigroup e a Morgan Stanley "foram mandatados para lançar um accelerated bookbuilding de ações EDPR com o objetivo de alcançar um encaixe bruto de cerca de 1,5 mil milhões", refere o comunicada da EDPR.

Desta forma, este aumento de capital "será dirigido exclusivamente a investidores profissionais", pelo que não podem participar os pequenos investidores, mesmo os que sejam acionistas da empresa de energias verdes do grupo EDP. Na conferência de imprensa a propósito do plano estratégico, na quinta-feira passada, Stilwell justificou a preferência pelos institucionais por considerar esta "a forma mais eficiente de o fazer". 

Só depois dos bancos avaliarem o interesse dos bancos neste ABB, é que a EDPR vai definir o preço do aumento de capital e desta forma, também o valor final da operação que a empresa na atualização do seu plano estratégico tinha admitido chegar aos 2 mil milhões de euros.

Minutos depois da EDPR ter emitido o comunicado, a agência Bloomberg noticiou que o livro de ordens já cobria a oferta de 1,5 mil milhões de euros, pelo que tendo em conta a procura indicativa, a operação já tinha recebido o interesse suficiente para ser finalizada. Segundo a agência de notícias, segue-se agora a determinação do preço indicativo da operação.

EDP empresta ações para acelerar aumento de capital

Este aumento de capital da EDPR será feito através de um ABB porque o maior acionista da empresa, a EDP, vai emprestar parte das ações que detém "para facilitar a formação de preço e a liquidação do ABB", sendo que os bancos vão colocar esses títulos nos investidores institucionais.

 

A EDPR estima que os investidores recebam a sua alocação de ações da cotada "aproximadamente no dia 5 de março de 2021", sendo que a partir dessa data "terão todos os direitos económicos e direitos de voto inerentes", como é o caso do recebimento de dividendos.

 

Só depois desta operação concluída e os investidores já tiverem comprado as ações, é que a EDPR vai realizar o aumento de capital, que será então subscrito pelos bancos que conduziram a ABB. No final do aumento de capital os bancos devolvem as ações à EDP.

A assembleia geral para aprovar o aumento de capital deverá acontecer "aproximadamente no dia 12 de abril de 2021". Nesta os acionistas deverão ter de aceitar prescindir dos direitos de subscrição das novas ações, o que não será difícil pois a EDP controla 83% do capital.

A EDP continuará a controlar 720.191.372 ações da EDPR; mas a sua posição será diluída com a entrada de novos acionistas. A EDPR passará a ter uma maior percentagem do capital disponível em bolsa para negociar (free float), o que tende a beneficiar a atratividade dos títulos. Para o CEO, a separação entre ambas as empresas continua a fazer sentido, pois ambas têm a sua especialidade de negócio, e referiu na mesma conferência de imprensa que a EDP Renováveis é um veículo de financiamento importante. 

A EDP refere desde já que vai votar favoravelmente ao aumento de capital. Além disso, a EDP e a EDPR "estarão sujeitas a um período de lock-up de 180 dias a partir da entrega das novas ações no contexto do Aumento de Capital, sujeito a exceções standard de mercado".

O plano que pede financiamento
Nos próximos quatro anos, a EDP pretende investir 24 mil milhões de euros. Destes, 21 mil milhões vão ser usados para a expansão da empresa, e 95% desta expansão vai centrar-se em energias renováveis, informou a elétrica, na apresentação do plano estratégico 2021-2025. 

A Europa e os Estados Unidos vão receber a grande fatia do investimento, já que captam 80% do total – dividido em partes iguais por estas duas regiões. A meio da década, a EDP conta ter adicionado 20 gigawatts de capacidade instalada renovável ao seu portefólio. O objetivo é crescer 4 GW a cada ano, sendo que quase um terço já está garantido. A elétrica pretende reforçar a capacidade eólica onshore em 9,1 GW e offshore em 0,9 GW. A capacidade solar vai crescer 8 GW, à qual acrescem 1,4 GW de geração distribuída (ou seja produção do cliente). 

Outras áreas de negócios que ganham tração são o armazenamento – que deverá estender-se até aos 0,4 GW – e o hidrogénio verde, cujos planos deverão passar a ser mais relevantes a partir de 2025.

(Notícia atualizada às 17:50 com informação sobre procura já exceder oferta)

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