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EDP Renováveis sofre maior queda em 12 meses após venda de ações com desconto a institucionais  

As ações da EDP Renováveis ajustaram para o preço a que os títulos foram vendidos aos investidores institucionais numa operação que dá à empresa um encaixe de 1,5 mil milhões de euros para financiar parte do seu plano de expansão para os próximos anos.

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As ações da EDP Renováveis fecharam em forte queda na sessão desta quarta-feira, pressionadas pela venda de 10,1% do capital a investidores institucionais no âmbito do aumento de capital de 1,5 mil milhões de euros que a cotada vai realizar para financiar parte do seu plano de expansão que prevê um investimento de 19 mil milhões de euros em 2025.

No fecho da sessão os títulos marcavam uma queda de 9,93% para 16,88 euros. Foi a maior queda diária desde 12 de março de 2020, dia em que os mercados a nível global sofreram fortemente com o impacto da pandemia e a EDPR caiu 11,6% (na altura cotava na casa dos 10 euros). Na sessão de hoje as ações atingiram mínimos de 11 de novembro (chegaram a ceder 10,67% para 16,71 euros) e a capitalização bolsista ficou abaixo dos 15 mil milhões de euros. 

Num negativo para o setor energético em geral, a EDP também foi fortemente penalizada por esta operação (fechou a cair mais de 4%), o que conduziu o PSI-20 a uma desvalorização superior a 2%.

A EDPR anunciou esta manhã que o Citigroup e o Morgan Stanley já colocaram as ações junto de investidores institucionais a 17,00 euros cada uma, o que pressupõe um desconto de 9,3% face à cotação de fecho de terça-feira (18,74 euros).

 

Os investidores institucionais vão pagar um preço acima da média dos últimos seis meses, mas 36% abaixo do máximo histórico (26,4 euros a 8 de janeiro) e 23% abaixo da média deste ano (22,10 euros).

A EDP Renováveis anunciou ontem, após o fecho da sessão, que iria avançar já com o aumento de capital, através de um processo conhecido por accelerated bookbuilding (ABB), em que os bancos colocam as ações junto de investidores profissionais.

 

Numa declaração escrita enviada ao Negócios, o CEO Miguel Stilwell diz que "esta operação foi um excelente indicador de feedback face ao plano que apresentámos há dias", mostrando que "há confiança e vontade em acompanhar a EDP neste percurso".


Free float sobe para 25%

Esta quarta-feira, ainda antes da abertura, anunciou que o ABB estava concluído, com a venda de 88,25 milhões de ações junto de investidores institucionais. Este número de ações representa 10,1% do atual capital da EDPR e cerca de 9,2% pós aumento de capital, pelo que finalizado todo o processo a EDP baixará a sua posição na EDPR de 82,6% para 75% e a companhia de energias verdes do grupo passará a contar com um free float (parcela do capital disponível para negociação em bolsa) em redor de 25%.

Num comentário a esta operação, os analistas do CaixaBank BPI adiantam que o aumento de capital "liberta o potencial de crescimento das limitações de alavancagem ao nível do grupo EDP, ao mesmo tempo que melhora a liquidez dos títulos, que tem sido um constrangimento ao investimento por parte de alguns fundos". O banco tem uma recomendação de "neutral" para a EDPR, com um preço-alvo de 22,40 euros.

 

Como as ações do aumento de capital ainda não foram emitidas, a EDP emprestou ações aos bancos para estes colocarem no mercado junto de apenas investidores profissionais, numa operação em que os pequenos investidores não podem participar, mesmo que sejam acionistas. 

Num comunicado ao mercado esta manhã, a EDPR refere que os investidores "terão todos os direitos económicos e direitos de voto inerentes" às ações agora adquiridas a partir de 5 de março.

 

Além do anúncio da venda a institucionais, a EDPR informou também que a administração da empresa aprovou o aumento de capital de 1,5 mil milhões de euros, que os acionistas vão votar a 12 de abril.
 

Serão os bancos colocadores das ações do ABB a subscrever o aumento de capital da EDPR, sendo que depois devolvem à EDP as ações que a cotada emprestou para concretizar esta operação.

 

Este será o segundo maior aumento de capital da bolsa portuguesa dos últimos dez anos (só o BCP fez um superior) e o ABB é até agora o maior realizado no mercado europeu este ano. 

A EDP e a EDPR "estarão sujeitas a um período de lock-up de 180 dias a partir da entrega das novas ações no contexto do aumento de capital, sujeito a exceções standard de mercado".

O plano que pede financiamento

Este aumento de capital serve para financiar o plano de expansão da EDP e foi pré-anunciado na semana passada, quando a cotada atualizou o plano estratégico para os próximos anos.

Nos próximos quatro anos, a EDP pretende investir 24 mil milhões de euros. Destes, 21 mil milhões vão ser usados para a expansão da empresa, e 95% desta expansão vai centrar-se em energias renováveis, informou a elétrica, na apresentação do plano estratégico 2021-2025. 

A Europa e os Estados Unidos vão receber a grande fatia do investimento, já que captam 80% do total – dividido em partes iguais por estas duas regiões. A meio da década, a EDP conta ter adicionado 20 gigawatts de capacidade instalada renovável ao seu portefólio. O objetivo é crescer 4 GW a cada ano, sendo que quase um terço já está garantido. A elétrica pretende reforçar a capacidade eólica onshore em 9,1 GW e offshore em 0,9 GW. A capacidade solar vai crescer 8 GW, à qual acrescem 1,4 GW de geração distribuída (ou seja produção do cliente). 

Outras áreas de negócios que ganham tração são o armazenamento – que deverá estender-se até aos 0,4 GW – e o hidrogénio verde, cujos planos deverão passar a ser mais relevantes a partir de 2025.

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