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Ações da EDP Renováveis afundam mais de 10% após venda de ações a institucionais a 17 euros

No âmbito do aumento de capital de 1,5 mil milhões de euros, a EDP Renováveis vendeu ações a investidores institucionais a 17 euros cada, o que está a pressionar a cotação dos títulos na bolsa, que já negoceiam abaixo deste valor.

03 de Março de 2021 às 08:36
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As ações da EDP Renováveis negoceiam em forte queda na sessão desta quarta-feira, pressionadas pela venda de uma parcela do capital a investidores institucionais no âmbito do aumento de capital de 1,5 mil milhões de euros que a cotada vai realizar para financiar parte do seu plano de expansão que prevê um investimento de 19 mil milhões de euros em 2025.

Numa declaração escrita enviada ao Negócios, o CEO Miguel Stilwell diz que "esta operação foi um excelente indicador de feedback face ao plano que apresentámos há dias", mostrando que "há confiança e vontade em acompanhar a EDP neste percurso".

 

O Citigroup e o Morgan Stanley colocaram ações da EDPR a 17,00 euros cada uma, o que pressupõe um desconto de 9,3% face à cotação de fecho de terça-feira (18,74 euros).

 

Este desconto está a pressionar a cotação das ações na sessão de hoje, que afundam 9,61% para 16,94 euros, em linha com o preço da venda. Os títulos atingiram uma queda máxima de 10,35% para 16,80 euros, elevando a perda acumulada no ano para 25%.

A 17 euros por ação, os investidores institucionais vão pagar um preço acima da média dos últimos seis meses, mas 36% abaixo do máximo histórico (26,4 euros a 8 de janeiro) e 23% abaixo da média deste ano (22,10 euros).

A EDP Renováveis anunciou ontem, após o fecho da sessão, que iria avançar já com o aumento de capital, através de um processo conhecido por accelerated bookbuilding (ABB), em que os bancos colocam as ações junto de investidores profissionais.

Free float sobe para 25%

Esta quarta-feira, ainda antes da abertura, anunciou que o ABB estava concluído, com a venda de 88,25 milhões de ações junto de investidores institucionais. Este número de ações representa 10,1% do atual capital da EDPR e cerca de 9,2% pós aumento de capital, pelo que finalizado todo o processo a EDP baixará a sua posição na EDPR de 82,6% para 75% e a companhia de energias verdes do grupo passará a contar com um free float (parcela do capital disponível para negociação em bolsa) em redor de 25%.

Num comentário a esta opeação, os analistas do CaixaBank BPI adiantam que o aumento de capital "liberta o potencial de crescimento das limitações de alavancagem ao nível do grupo EDP, ao mesmo tempo que melhora a liquidez dos títulos, que tem sido um constragimento ao investimento por parte de alguns fundos". O banco tem uma recomendação de "neutral" para a EDPR, com um preço-alvo de 22,40 euros.

 

Como as ações do aumento de capital ainda não foram emitidas, a EDP emprestou ações aos bancos para estes colocarem no mercado junto de apenas investidores profissionais, numa operação em que os pequenos investidores não podem participar, mesmo que sejam acionistas. 

Num comunicado ao mercado esta manhã, a EDPR refere que os investidores "terão todos os direitos económicos e direitos de voto inerentes" às ações agora adquiridas a partir de 5 de março.

 

Além do anúncio da venda a institucionais, a EDPR informou também que a administração da empresa aprovou o aumento de capital de 1,5 mil milhões de euros, que os acionistas vão votar a 12 de abril.
 

Serão os bancos colocadores das ações do ABB a subscrever o aumento de capital da EDPR, sendo que depois devolvem à EDP as ações que a cotada emprestou para concretizar esta operação.

 

Este será o segundo maior aumento de capital da bolsa portuguesa dos últimos dez anos (só o BCP fez um superior) e o ABB é até agora o maior realizado no mercado europeu este ano. 

A EDP e a EDPR "estarão sujeitas a um período de lock-up de 180 dias a partir da entrega das novas ações no contexto do Aumento de Capital, sujeito a exceções standard de mercado".

O plano que pede financiamento

Este aumento de capital serve para financiar o plano de expansão da EDP e foi pré-anunciado na semana passada, quando a cotada atualizou o plano estratégico para os próximos anos.

Nos próximos quatro anos, a EDP pretende investir 24 mil milhões de euros. Destes, 21 mil milhões vão ser usados para a expansão da empresa, e 95% desta expansão vai centrar-se em energias renováveis, informou a elétrica, na apresentação do plano estratégico 2021-2025. 

A Europa e os Estados Unidos vão receber a grande fatia do investimento, já que captam 80% do total – dividido em partes iguais por estas duas regiões. A meio da década, a EDP conta ter adicionado 20 gigawatts de capacidade instalada renovável ao seu portefólio. O objetivo é crescer 4 GW a cada ano, sendo que quase um terço já está garantido. A elétrica pretende reforçar a capacidade eólica onshore em 9,1 GW e offshore em 0,9 GW. A capacidade solar vai crescer 8 GW, à qual acrescem 1,4 GW de geração distribuída (ou seja produção do cliente). 

Outras áreas de negócios que ganham tração são o armazenamento – que deverá estender-se até aos 0,4 GW – e o hidrogénio verde, cujos planos deverão passar a ser mais relevantes a partir de 2025.

(notícia atualizada com declarações de Miguel Stilwell)

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