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"É diferente ser gestor de uma cotada com 5 ou 1.500 acionistas"

O Via Bolsa 2019 reuniu os CEO das empresas que se estrearam na bolsa nacional, no ano passado. Gestores que falaram sobre as lições que retiram do processo e também do que mudou para as companhias.

19 de Fevereiro de 2019 às 22:29
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O que têm em comum a Raize e a Flexdeal? Entram na bolsa nacional no ano passado. E foi por isso que, esta terça-feira, os CEO estiveram presentes no Via Bolsa 2019 para falar sobre a sua experiência no mercado de capitais. "É diferente ser administrador de uma empresa com cinco acionistas ou ser gestor de uma empresa com 1.500 acionistas", sublinhou o CEO da Raize, que apontou esta como a principal diferença para a empresa desde a estreia em julho.

"A Raize já era uma empresa que comunicava muito com o mercado. Uma das coisas que muda é na mente de um administrador, é diferente ser administrador de uma empresa com cinco acionistas ou 1.500 acionistas", explicou José Maria Rego. Para o presidente-executivo da fintech, esta nova realidade "obriga o gestor a tomar decisões que são obrigatoriamente no longo prazo", pois "a única forma de trazer valor e pensar em iniciativas que reforcem a empresa é no longo prazo". Deste modo, a principal diferença que José Maria Rego identifica na experiência em bolsa é "uma diferença emocional e, como as empresas são geridas por pessoas, isto tem impacto".

Já Alberto Amaral sublinhou que ser uma empresa cotada traz "processos que requerem uma adaptação de vários anos para que o impacto da transição seja reduzido". "Temos que estar preparados para isto e temos que ir à procura da visibilidade e liquidez" que surgem com a entra em bolsa, resumiu o CEO da Flexdeal que efetuou uma colocação particular.

Estas foram duas das três empresas que se estrearam na bolsa nacional, no ano passado. E já tiraram algumas lições. "É limitador pensarmos que o mercado de capitais é só para as grandes empresas", frisou José Maria Rego. "O nosso mercado é um mercado pequeno"  e esse preconceito pode não ajudar, acrescentou o CEO da Raize. "Houve pessoas a acreditar na operação" e isso ajudou a que ela tenha sido bem sucedida, defendeu. Foi uma operação que "teve o valor de motivar empresas mais pequenas a também avançarem" para a bolsa, considerou.

Já a Flexdeal enfrentou "condicionantes que uma pequena empresa tem quando decidir ir para o mercado de capitais", até porque se trata de uma Sociedade de Investimento para o Fomento da Economia (SIMFE), uma figura que há não existia há um ano. Por não puderem estar "pressionados com os ‘timings’" acabaram por optar pela colocação privada. Uma operação que tem "muito menos intervenientes" e acabou por reduzir também os custos inerentes, realçou Alberto Amaral.

Ao contrário destas duas empresas, a Vista Alegre está cotada há 30 anos e não foi bem sucedida no aumento de capital que quis efetuar, no final do ano passado, devido às condições adversas dos mercados. Uma operação que visava aumentar o "free float" e liquidez da cotada.

Ainda assim, "houve muita coisa que correu bem nesta operação", nomeadamente o interesse que foi demonstrado por "inúmeros investidores institucionais", afirmou Nuno Marques. Por isso, o "chairman" da Vista Alegre "aprendeu" que o momento em que se lança a operação é fundamental para o seu sucesso. "Um conselho [a outras empresas], se é que eu posso dar, evitaria naturalmente o mês de dezembro para a colocação", acrescentou. "Fará parte da estratégia futura voltar a olhar para o mercado de capitais, mas nem com nenhum sentimento de urgência nem nenhuma necessidade acrescida", concluiu.
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