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Divulgação de prejuízos não acaba com suspensão em bolsa do BES

O BES teve perdas de 9 mil milhões em 2014. As contas foram reveladas a 30 de Dezembro de 2015. A CMVM considera que ainda falta informação "relevante" sobre o banco "mau", pelo que os seus títulos continuam suspensos.

Miguel Baltazar/Negócios
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Continua a ser proibido negociar as acções e a dívida do Banco Espírito Santo no mercado regulamentado. O regulador do mercado de capitais impede a transacção destes títulos e nem a divulgação das contas do banco, relativas a 2014, mudou a posição.

 

"O conselho de administração da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) deliberou, nos termos do artigo 214º, da alínea b) do n.º 2 do artigo 213º e do número 2 do art. 215º, todos do Código dos Valores Mobiliários, a prorrogação da suspensão da negociação das acções e dos instrumentos de dívida do Banco Espírito Santo, SA", assinala o comunicado da entidade presidida por Carlos Tavares, publicado esta segunda-feira, 4 de Janeiro. 

 

A decisão justifica-se até "à divulgação de informação relevante e segura sobre o emitente". A CMVM aguarda, desde a resolução do BES, a 3 de Agosto de 2014, a auditoria ao banco que irá revelar qual o valor da instituição financeira naquela data. O objectivo é perceber qual a avaliação do banco numa lógica de liquidação. Isto porque, no âmbito da legislação, os investidores não podem ser mais penalizados numa resolução do que seriam numa liquidação. A auditoria tem de ser ordenada pelo Banco de Portugal, mas a mesma continua sem ser divulgada publicamente. 

 

Os títulos visados

Além das acções do BES, estão suspensos de negociação os seguintes instrumentos do BES: BES PERPETUAL SERIE USD (código ISIN PTBEROOM0030); BES OBRIGACOES CX SUBORDINADAS 2011 (código ISIN PTBEQFOM0016); BES PERPETUAL (código ISIN PTBENBOM0021). 

Além disso, continua sem se conhecer a actual situação do BES, o banco "mau" que ficou com os activos e passivos designados de tóxicos do banco. Contudo, na quarta-feira, foram reveladas as contas do banco de 2014 agora sob o comando de Luís Máximo dos Santos: perdas de 9 mil milhões de euros. O Negócios questionou então o regulador do mercado de capitais sobre se as contas de 2014 seriam suficientes para permitir o levantamento da suspensão determinado na resolução. A CMVM respondeu que estava "a analisar a informação divulgada". Análise qe não impediu a suspensão. 

A nova suspensão é "por 10 dias úteis", como tem acontecido até aqui - o regulador não pode tomar esta decisão por mais tempo, pelo que tem de ir renovando a suspensão.

 

O BES "mau" é a entidade que detém os depósitos de ex-administradores do banco e é também aí que, desde a resolução de 3 de Agosto de 2014, se encontram as acções e a dívida subordinada emitida pela BES. Foi para esta entidade que, a 29 de Dezembro de 2015, foram também transferidas as cinco emissões de dívida sénior que estavam no Novo Banco, numa medida que serviu para reforçar os rácios deste último à custa da libertação de responsabilidades de 1.985 milhões de euros.

 

Aquando desta decisão, o Banco de Portugal anunciou que, no futuro, não seria possível fazer mais transferências entre o Novo Banco e o BES e que este último iria entrar em liquidação.

 

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