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Catarina Castro: "Qualquer suspiro de Powell terá impacto" nas bolsas
A transição na Reserva Federal dos EUA é um dos principais desafios para os mercados, este ano, antecipa Catarina Castro.
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As acções continuam a ser a classe de activos favorecida pela Orey Financial. Catarina Castro, a administradora das áreas de negócio aponta, contudo, os principais riscos para este ano.
Apesar da turbulência recente, o arranque do ano foi positivo para os mercados. Qual é a vossa perspectiva para 2018?
O nosso panorama é positivo, crescimento macroeconómico global provavelmente chega aos 4%, inflação com uma ligeira subida mas controlada, bancos centrais alinhados. É a sincronização perfeita. Mas este equilíbrio é o maior dos riscos. Nesse sentido, estamos no início da fase de ‘sobre-inflação’ e, nesse ciclo, continuamos a favorecer acções versus obrigações. Continuamos a favorecer Europa como geografia e, dentro da Europa, a Ibéria. Estes activos não deixam de estar mais baratos nas respectivas métricas.
Quais são as preferências no mercado nacional?
Gostamos de BCP. É o único banco no índice de referência e fez um excelente trabalho. Vai ter alguns desafios a nível da reestruturação da estrutura accionista, o que é expectável. Qualquer pressão deve ser aproveitada para compra ou reforço de posições. Vai seguir a tendência da banca europeia que, para nós, será positiva e um regresso aos dividendos daqui a 18 meses é possível. Dentro daquilo que é a exposição internacional, mas também numa rota de dividendos, a Navigator não deixa de ser uma boa selecção. A Jerónimo Martins também está com uma tendência positiva e com métricas de avaliação atractivas e damos o benefício da dúvida aos CTT. Os actuais níveis de avaliação já descontam boa parte dos desafios que a empresa tem.
Quais são os principais riscos para este ano?
A transição de Janet Yellen para Jerome Powell na Reserva Federal será o primeiro momento de teste. Temos agora as eleições italianas, algures a meio do ano, teremos a reavaliação da percepção da qualidade de crédito dos activos chineses. E, em Outubro, o desfecho do Brexit e a respectiva implementação. A evolução macroeconómica corre bem, a inflação está controlada, os bancos centrais estão sincronizados e isso não acontecia desde 2012. Yellen conseguiu ir mantendo este equilíbrio, mas a tarefa que Powell tem pela frente, mesmo em termos de como posicionar o seu próprio discurso, é super exigente. Qualquer suspiro mais ou menos profundo terá impacto. Março continuará a ser um mês intenso por este factor.
É o único banco do índice de referência e fez um excelente trabalho. catarina castro
administradora das áreas de negócio da Orey financial