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Bolsa de Lisboa com força para 2023 no meio de volatilidade global

A crise energética poderá continuar a puxar pelos pesos-pesados da praça nacional. Os juros mais altos deverão também impulsionar o BCP, mas castigar a indústria.
Leonor Mateus Ferreira e Rúben Sarmento - Infografia 04 de Janeiro de 2023 às 11:07

Depois de 2022 ter valido a Lisboa um desempenho acima das principais bolsas mundiais – o PSI foi, aliás, dos poucos índices a fechar o ano no verde –, as doze badaladas não trouxeram uma mudança de sentimento aos investidores. O novo ano deverá ser novamente de ganhos para a praça nacional, segundo os analistas consultados pelo Negócios, que ressalvam, contudo, que poderá haver uma aproximação às restantes praças financeiras.

 

"O PSI tem potencial para uma boa ‘performance’ em 2023, seja pela manutenção da conjuntura (conflito Ucrânia-Rússia, custos de energia elevados e juros elevados), que mantém as empresas portuguesas bem cotadas para serem refúgio dos investidores de ações europeias, seja por um eventual alcançar da paz, que se deverá traduzir numa ‘performance’ positiva para as ações europeias no geral (com maior foco no centro da Europa devido à perspetiva de menores custos energéticos, retomar da atividade industrial normal e afastamento da nuvem de proximidade ao conflito). Ou seja, no contexto de juros mais elevados mais tempo, em que a ‘dividend yield’ das empresas portuguesas é mais atrativo que as congéneres europeias", começa por dizer ao Negócios Nuno Sousa Pereira, diretor de investimentos da Sixty Degrees. "A convexidade das ações portuguesas nos vários cenários é muito atrativa."

 

O pior ano para as ações globais desde a crise financeira foi para o PSI positivo. O índice de referência nacional valorizou 2,81%, com oito das 15 cotadas no verde. O grande impulso veio da energia, já que a Galp Energia disparou 48% com a ajuda da subida do preço do petróleo, liderando o "ranking" lisboeta. A subida de 25,6% da Greenvolt e de 19,86% da Altri fecharam o pódio.

 

Os restantes pesos-pesados da energia travaram subidas mais expressivas, casos da EDP que cedeu 3,64% e da Renováveis que perdeu 6,03%. Deverá ser este setor a ditar o curso deste ano não só pelo peso que tem no índice, mas também pela crise energética.

 

João Queiroz, "head of trading" do Banco Carregosa, acredita que o índice PSI continuará ao longo deste ano a ter um desempenho acima do mercado, "pelo menos enquanto se mantiver a presença da crise energética na Europa e se verificar a necessidade de descarbonização do planeta, que deverá constituir um dos maiores desafios das próximas décadas, pela necessidade de compensar a ação humana e a sua maior tentativa de ameaça aos ecossistemas e habitats naturais".

 

Da mesma forma, Pedro Lino, CEO da Optimize Investment Partners, lembra que as quatro maiores empresas (o grupo EDP, a Galp e a Jerónimo Martins) representam mais de 50% do índice, pelo que concorda que estas empresas ditarão a evolução do PSI.

 

O consenso entre os analistas que seguem as ações da Galp aponta para uma valorização de 11%, colocando o preço-alvo nos 14 euros, contra os 12,61 euros em que a petrolífera fechou o ano. O mesmo potencial de valorização (11%) é atribuído à Jerónimo Martins, que fechou 2022 nos 20,18 euros por ação e cujo preço-alvo médio está fixado em 22,35 euros.

 

Já no caso da EDP e EDP Renováveis, o potencial é de 22% e 14%, respetivamente, segundo dados compilados pela Bloomberg. Todas as cotadas do PSI são vistas a subir em 2022, tendo por base as projeções, sendo que a Mota-Engil é a que tem um diferencial mais alargado – 114% – após ter desvalorizado 8,31% no ano passado.

 

Banca beneficia de juros altos. Indústria castigada

 

Mas nem só a crise energética vai marcar o ano na bolsa de Lisboa. A inflação, e a consequente ação dos bancos centrais para a travar, continuará a ser um tema determinante. "Em termos de empresas cotadas que podem ter um melhor desempenho perspetiva-se a Nos, a Sonae e o BCP, que beneficiam de taxas de juro altas por terem alguma capacidade de subir preços, leia-se telecomunicações e retalho alimentar", refere a equipa de "research" do BPI.

 

No caso da dona da cadeia de supermercados Continente – cujo negócio é focado no mercado nacional, ao contrário da concorrente Jerónimo Martins que está mais exposta à Polónia e Colômbia –, o potencial médio é 47%. Por um lado, a empresa poderá ser beneficiada pela capacidade de repassar custos para o cliente final. Por outro, terá de lidar com um recuo no poder de compra das famílias com impacto para as famílias.

 

Para a Nos, os analistas veem uma subida potencial de 3%. Já no caso do BCP, o preço-alvo médio aponta para um ganho potencial de 45%, sendo que o banco deverá beneficiar, em 2023, do reforço da margem financeira graças à forte subida das taxas Euribor. "Acreditamos que as três empresas mencionadas anteriormente farão melhor [do que as restantes do índice], mas não se anteciparmos claros ‘underperformers’", acrescenta o BPI.

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