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Anúncio de privatização quadruplica troca de acções da REN

O volume de acções da gestora da rede eléctrica nacional subiu em flecha depois de o Governo ter anunciado que iria concluir a sua privatização. Um movimento que não teve impacto significativo na cotação.

Miguel Baltazar/Negócios
24 de Abril de 2014 às 17:37
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O anúncio da última fase de privatização da REN, feita em plena sessão de quinta-feira passada, animou a negociação de títulos da empresa na Bolsa de Lisboa. O volume dos últimos dias superou sempre a barreira de 1 milhão de acções trocadas quando o valor habitual fica pouco acima de 250 mil títulos transaccionados.

 

É uma quadruplicação da troca de acções da REN entre os investidores. Nas primeiras 12 sessões do mês de Abril, a média não superava os 340 mil títulos transaccionados por sessão. Alargando o espectro, o aumento das acções trocadas em bolsa é maior, já que a média dos últimos seis meses é de apenas 269 mil títulos.

 

Esta quinta-feira, o volume negociado foi de 1,2 milhões de acções, inferior aos mais de 3 milhões de títulos que trocaram de mãos no dia anterior. Volumes que não eram vistos desde o início de Dezembro de 2012.

 

A maior troca de acções pelas mãos dos investidores não teve um impacto na cotação. Antes do anúncio da semana passada, as acções seguiam nos 2,857 euros. Hoje, fecharam nos 2,842 euros.

 

O impulso na negociação das acções da empresa agora liderada por Rui Vilar (após a demissão de Rui Cartaxo) ocorre depois de o Governo ter anunciado, na quinta-feira passada, a intenção de proceder à alienação da participação estatal de 11% que ainda detém na REN (9,9% através da Parpública; 1,1% através da Caixa Geral de Depósitos).

 

Segundo o anúncio já feito, parte da venda será concretizada através da dispersão em bolsa, com uma oferta pública de venda. Outra porção será dedicada a uma alienação directa a investidores institucionais.

 

Os analistas, segundo o que indicaram ao Negócios, consideram que a saída definitiva do Estado é uma oportunidade para que a REN receba novos accionistas, aumentado a quantidade de acções que circulam em bolsa. Nesta altura, apenas 19% do capital da empresa está disperso (considerado como “free float”).

 

Entretanto, esta quinta-feira, foi aprovado o caderno de encargos da operação em “Diário da República”, que define que os trabalhadores da REN terão direito a uma porção de até 5% do capital social a dispersar em bolsa, com um desconto de 5% do preço. Trabalhadores que não poderão vender os títulos adquiridos por um período de 90 dias.

 

De saída do capital da REN, além do Estado, encontra-se a empresa EGF – Gestão e Consultoria Financeira (Antiga Logoplaste). O empresário Filipe de Botton garantiu, contudo, que a venda da sua participação de 8,4% só será vendida após a operação de alienação da posição estatal. 

 
Accionistas de referência estrangeiros detêm 45% da REN
Com a privatização de 40% da REN - Redes Energéticas Nacionais, em 2012, o Estado português deixou a empresa que gere a rede de transporte de electricidade e gás muito perto de ter metade do seu capital em mãos estrangeiras.
 
Contabilizando apenas os investidores com posições qualificadas (acima de 2%), a REN já tem 45% do seu capital na posse de accionistas de referência de fora de Portugal, estando 25% com a chinesa State Grid, 15% com a Oman Oil e 5% com a espanhola REE (congénere da REN para a área da electricidade).
 
A venda em bloco de 40% da REN à State Grid e à Oman Oil veio alterar a relação de forças e de influência na empresa, que durante anos teve um núcleo sólido de investidores privados portugueses, juntando a Logoplaste/EGF (8,4%), a Gestmin (5,9%), a Oliren (5%) e a EDP (5%).
 
A privatização de 11% que o Estado anunciou para este primeiro semestre de 2014 deverá trazer um novo investidor institucional de referência para a REN, uma vez que só uma parte daquela posição será objecto de uma oferta pública de venda a pequenos investidores. MP

 

 

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