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A pior sessão de Wall Street foi há 30 anos

Já passaram três décadas, mas 19 de Outubro de 1987 continua a ser a sessão mais negra dos mercados accionistas norte-americanos. Tal como actualmente, as acções dos EUA atingiam recordes sucessivos.

19 de Outubro de 2017 às 07:45
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22,6%. Em apenas um dia, o Dow Jones afundou 23%. Já o S&P500 desvalorizou 20,5%. Evaporaram mais de 500 mil milhões de dólares. Foi a maior queda diária de sempre dos índices norte-americanos e aconteceu há exactamente 30 anos. Esta sessão ainda hoje é conhecida como a "segunda-feira negra" e é recordada sempre que os mercados vivem períodos negativos.

Depois de 16 anos em "bear market", em 1982, Wall Street deu início a uma escalada que só terminaria em 1987. Nesses cinco anos, por exemplo, o S&P500 quase triplicou de valor. 1987 começou da melhor forma para os investidores. Logo no primeiro mês do ano, o Dow Jones acumulou uma valorização de 14% e, no final do Verão, já acumulava um ganho de 44%, enquanto o S&P500 subia cerca de 39%. Mas, a 25 de Agosto, os mercados começaram a perder gás. Desde esse dia até 16 de Outubro, sexta-feira, os mercados desceram cerca de 15%.

Os mercados norte-americanos viviam uma conjuntura muito positiva desde o Verão de 1982 e renovavam máximos, sessão após sessão. A escalada das acções foi proporcionada pelas baixas taxas de juro e pelo grande número de operações que aconteceram no mercado, desde fusões, a compras hóstis e a aquisições alavancadas.

O mercado vivia uma era de profunda euforia que encontrou um travão quando a inflação se começou a tornar uma preocupação, bem como a queda do dólar. A Reserva Federal subiu os juros e travou o entusiasmo dos investidores. Neste contexto, algumas corretoras começaram a recorrer a seguros para proteger os seus investimentos das quedas. Esta estratégia utilizava os futuros dos índices para limitar as perdas nas carteiras dos investidores num contexto de vendas generalizadas. A 19 de Outubro, em poucos minutos, no mercado de futuros foram dados milhões de ordens de venda que levaram à queda dos futuros e das acções. Ao mesmo tempo, também os pequenos investidores em pânico tentaram sair e inundaram o mercado com ordens de venda.

O Dow Jones caiu quase 23% e arrastou as principais bolsas mundiais e algumas chegaram mesmo a encerrar durante uma sessão. Alan Greenspan, que tinha assumido o cargo de "chairman" da Reserva Federal em Agosto, reagiu ao pânico instalado e reiterou o seu compromisso em estabilizar o mercado e cortou os juros. E o mercado reagiu e começou a recuperar, até porque algumas empresas compraram as suas próprias acções que consideravam estar desvalorizadas. Além disso, o crescimento da economia japonesa e a valorização do seu mercado accionista também contribuíram para a recuperação. Ao contrário do que aconteceu em 1929 e em 2000, os mercados não entraram em "bear market".

Semelhanças com a actualidade
Numa altura em que os mercados accionistas do outro lado do Atlântico renovam máximos históricos sucessivos e somam oito anos consecutivos de ganhos, há quem encontre semelhanças entre o contexto actual e aquele que culminou na "Black Monday" há 30 anos.

"Infelizmente, há algumas semelhanças [com a actualidade]. Recorda-me um pouco do que vimos nesse asno", afirmou ao Financial Times Art Cashin, director das operações do UBS na NYSE, que iniciou o seu trabalho no "floor" em 1959. Segundo o jornal, as acções norte-americanas estão caras se tivermos em conta que o rácio ciclicamente ajustado de Shiller, que relaciona a cotação das acções com os lucros, está em níveis apenas superados pelos registados na bolha das tecnológicas em 2000 e no "crash" de 1929.

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