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Wall Street vai entrar em "bear market"?

De acordo com o estudo do Bespoke Investment Group, a recuperação de última hora de Wall Street a que os investidores assistiram no fecho da última sessão não é um bom sinal para o futuro do mercado.

EPA
25 de Janeiro de 2022 às 11:58
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Esta segunda-feira o mercado acionista norte-americano viveu um dos episódios mais selvagens da sua história. Os principais índices bolsistas cairam a pique recuperando o fôlego nos últimos momentos, antes do fecho da sessão.

A volatilidade está a dominar o mercado. A incerteza dos investidores perante as tensões geopolíticas entre a Ucrânia e a Rússia, assim como o medo sobre a possível subida antecipada das taxas de juro, tema que será decidido esta quarta-feira no final da reunião dois dias da Reserva Federal norte-americana (Fed), está a fazer disparar os índices de volatilidade.

O Índice de Volatilidade Cboe (VIX) encerrou a sessão de ontem nos 30 pontos, um disparo face à média habitual de 19,5 pontos.

Esta segunda-feira, o índice industrial Dow Jones fechou a somar 0,29% para 34.364,50 pontos, depois de seis sessões consecutivas em baixa. Já o o tecnológico Nasdaq Composite valorizou 0,63% para se fixar nos 13.855,13 pontos. Desde quarta-feira que este índice está em território de correção (a perder mais de 10% face ao último máximo).

Por sua vez, o Standard & Poor’s 500 (S&P 500)  avançou 0,28% para 4.410,13 pontos, depois de o "benchmark" por excelência para analistas em todo o mundo ter chegado a registar uma queda intradiária de cerca de 4%. De acordo com o estudo do Bespoke Investment Group, esta "recuperação de última hora" não é um bom sinal para o mercado.

Segundo a casa de investimento, esta é a sexta vez desde 1988 que o S&P 500 chega ao fim da sessão a corrigir uma queda desta dimensão (ou maior). No passado, quando registou por exemplo "uma queda de 5,5%, corrigida à última hora, três meses depois o índice terminou o dia a tombar 7,3%.

Perante estes dados, o que esperar do futuro dos principais índices bolsistas?

As opiniões mudam, mediante os analistas. Para o JPMorgan Chase, que emitiu uma nota de "research" esta segunda-feira, este recuo "é apenas uma correção perante os ganhos de 2021". "As preocupações do mercado com os relatórios e contas e com a subida das taxas de juro está a ser exagerada", escreve a equipa liderada por Marko Kolanovic.

Já para Julian Emanuel da Evercore ISI, cuja opinião foi expressa noutra nota publicada ontem, "examinando os raros anúncios da Fed de subidas extraordinárias das taxas de juro, é de esperar que a linha de suporte do S&P 500 se fixe nos 3.575 pontos", uma quebra de 23,8% face á última cotação de fecho.

Barry Bannister da Stifel, apelidado pelos pivôs da Bloomberg TV, como o "analista pessimista", segue, em entrevista à agência norte-americana, esta linha de pensamento: "a recuperação de última hora do S&P 500 não foi uma verdadeira recuperação". "Há sinais de que os indicadores macro, como a inflação e o índice PMI vão ficar abaixo do esperado. Caso tal aconteça, o cenário será de queda acentuada", remata o especialista.

Para Amy Wu Silverman, estratega de ações e derivativos da RBC Capital Markets "os investidores estão a tirar o dinheiro da mesa, os tempos que se advinham são tempos de tendência bearish".

Nasdaq vai entrar em "bear market"

Já no que toca ao destacado índice tecnológico Nasdaq há também cada vez mais analistas a defenderem que o índice irá entrar em "bear market".

Em entrevista à Bloomberg TV, Jeremy Siegel, professor de finanças na Universidade da Pensilvânia e autor do famoso livro "Stocks for the Long Run", defendeu que "ainda não assistimos a toda a queda do Nasdaq, o índice vai cair cerca de 20% face a novembro", o que significa uma quebra de 20%, face aos níveis atuais.

Para o académico, a volatilidade do índice tecnológico "não vai aguentar quatro subidas das taxas de juro, está na hora de haver uma correção nas cotações", defendeu o financeiro.

Já ontem, o "guru" de investimento do Morgan Stanley, Andrew Slimmon, – responsável por ter superado o S&P 500, considerado o "benchmark" número um do mundo, ao conseguir um retorno de 36% para o banco do investimento – comparou esta segunda-feira, em entrevista à Bloomberg TV, a atual queda do Nasdaq Composite com a bolha "dot com" que ocorreu entre 1990 e 2000.

"Cuidado. Não invistam em determinadas ações que acreditam que vão recuperar da queda, porque a minha experiência dita que muitas cotações sobem com a febre do investimento, mas esta febre passa", comentou Andrew Slimmon.

"A razão pela qual tivemos este disparo no ano passado foi por que aplicámos a cartilha. A cartilha ensina que depois de uma recessão as ações cíclicas saem-se bastante bem, porque as pessoas optam por ativos menos sensíveis economicamente", explicou o gestor.

A bolha "dot com" ocorreu entre 1990 e 2000 durante a explosão de IPO (ofertas públicas iniciais) de empresas ligadas ao mercado da internet. Durante este período, a abundância de investimento em empresas por mera especulação, sobretudo a partir de veículos de "venture capital", sem ter em conta as suas receitas e lucros, levou a que a bolha explodisse.

Entre 10 de março de 2000 e 9 de outubro de 2002, o Nasdaq  desvalorizou 78%. Foram precisos 13 anos para regressar ao nível em que estava antes de a bolha rebentar, o que aconteceu em 23 de abril de 2015.


Na passa sexta-feira, o índice tecnológico  desvalorizou 2,72% para se fixar nos 13.768,92 pontos. Desde quarta-feira que este índice está em território de correção, ao perder 10% face ao seu anterior recordde de fecho, atingido no passado dia 19 de novembro.

 

 O máximo histórico intradiário do Nasdaq está nos 16.212,23 pontos, estabelecido a 22 de novembro. O que significa que, em menos de dois meses, já perdeu 2.443,31 pontos.

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