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How much is enough? More!

É uma sequela há muito esperada, depois de 23 anos passados sobre a estreia de Wall Street, o filme que deu um Óscar a Michael Douglas e o mote para toda uma geração: "greed is good".

30 de Setembro de 2010 às 15:56
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Com a recessão financeira de 2008 como pano de fundo, a mensagem do filme e o seu subtítulo é a de que o dinheiro nunca dorme. E de que a ambição, para além de boa, se tornou legal.

Os ingredientes estão lá todos. Um Gordon Gekko que sai da prisão depois de condenado a oito anos por "inside trading". Um jovem banqueiro de investimento ambicioso, mas confiante que serão as energias limpas a salvar o mundo.

A primeira peça do dominó que escorrega e que leva ao suicídio de um outrora poderoso senhor do universo. Uma mãe que se vê enredada na crise do imobiliário. Uma jovem traumatizada, filha de Gekko, que através de um “blogue” na Internet, esforça-se por transmitir as suas opiniões liberais.

Um velho, muito velho que assistiu à Grande Depressão nos anos 30 e que vaticina o fim do mundo. Jantares ofuscados pelo brilho de diamantes numa angariação de fundos. E o mau da fita, poderoso e intocável, que tem no seu escritório o famoso quadro de Goya - de Saturno a devorar o próprio filho - a personificar o capitalismo.

Pelo meio e muito ao estilo de Oliver Stone, criancinhas fazem bolas de sabão que voam pelo Central Park. Sim, os ingredientes parecem estar lá todos, mas o cozinhado final deixa um travo de insatisfação, como se o lume tivesse sido extinto antes do apuramento final.

O filme "Wall Street: Money Never Sleeps" estreou a semana passada nas salas de cinema nacionais com a promessa de que assistiríamos, 23 anos depois, não só a uma boa sequela de Wall Street, mas também com a convicção de que a realidade dramática ocorrida em 2008 seria bem explorada por Oliver Stone e adaptada de forma magistral para as telas cinematográficas.

Afinal, a Grande Recessão, por si mesma, tem argumento(s) mais do que suficiente(s) para se transformar num filme dramático, num "thriller" ou até numa boa história de gangsters . Contudo e apesar de não ter aprofundado a sociopatologia inerente à cultura do dinheiro, o filme pode ser aproveitado para se reflectir sobre algumas características que continuam a subsistir no mundo da alta finança e que comprovam que o dinheiro, realmente, nunca dorme, mesmo que continue a provocar cada vez mais insónias não só aos barões de Wall Street mas e cada vez mais, aos comuns mortais.

Por outro lado, a expressão "greed is good" que ficou imortalizada no filme de 1987, ganha novos contornos na medida em que de “boa” passou a ser "legal", tal como a pergunta "How much is enough?" tem como resposta a simples e curta palavra "more".

Stone também não se esquece de falar da actual geração NINJA – no income, no jobs, no assets – que, num auditório repleto de jovens aspirantes à adrenalina própria dos arranha-céus de Manhattan (usados e abusados na filmagem de Oliver Stone), bebem as palavras de Gekko que, tal como qualquer homem que perdeu o poder, opta por escrever um livro e dar conferências. A frase dirigida aos jovens não deixa, contudo, de encerrar uma grande verdade: "You are all f***ed up!".

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