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Cérebro: é necessário reiniciar o sistema

Chegaram as férias e é muito provável que o seu cérebro esteja a precisar de descanso. Mas talvez seja maior a probabilidade de não conseguir desligar o seu smartphone ou tablet, de não resistir em abrir a sua caixa de email, atender chamadas de colegas ou até pensar em tudo o que terá de fazer quando chegar a altura de regressar ao trabalho. Se assim é, saiba que está a penhorar uma excelente oportunidade para fazer uma espécie de restart cerebral, imprescindível para recuperar a energia, a inspiração e, mais importante que tudo, a saúde

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Em tempo de férias, o VER decidiu viajar pelos caminhos complexos do cérebro, através de estudos que revelam que as sestas, a meditação, os passeios pela natureza, as férias ou meras "pausas mentais" aumentam a produtividade, repõem a atenção, solidificam as memórias e encorajam a criatividade.

São inúmeras as pesquisas que comprovam que os cérebros "modernos" estão, na esmagadora maioria do tempo, preocupados e centrados no trabalho, sentindo-se obrigados a responder a inúmeros estímulos laborais mesmo quando estão de férias. Todavia, outras tantas investigações, em particular desde a última década do século XX, também concluíram que o cérebro precisa de "pausas" substanciais para permanecer diligente e gerar ideias inovadoras.

"Os períodos de ócio são tão indispensáveis para o cérebro como a vitamina D é para o corpo", escreve o ensaísta e autor de We Learn Nothing Tim Kreider. "O espaço e o silêncio que a ociosidade nos oferece é uma condição necessária para nos afastarmos da nossa própria vida, olhá-la no seu todo, e para sermos capazes de fazer ligações inesperadas", assegura na coluna que assina no The New York Times. E esperarmos que o sol do Verão nos ilumine e nos encha de raios de inspiração é uma boa analogia para o tema em destaque. Como reforça Kreider, na verdade, a imprescindibilidade de se dar tréguas ao cérebro é, por paradoxal que pareça, "essencial para que consigamos fazer qualquer tipo de trabalho", assegura.

Se intuitivamente e ao longo da história já tínhamos percebido que não há cérebro que resista a longas e contínuas jornadas de trabalho, preocupações intensas e estados de ansiedade frequentes, a ciência em muito tem contribuído para conferir provas empíricas que suportam este argumento, veiculadas por inúmeros e variados estudos: desde os hábitos dos trabalhadores de escritório às rotinas diárias repetidas por músicos extraordinários e atletas de elevado desempenho, aos benefícios das férias, da meditação ou dos passeios em espaços verdes, até à importância das sestas ou do "sonhar acordado" e, até mesmo o simples piscar de olhos. Todas estas temáticas têm constituído matéria fértil para pesquisas científicas sobre o funcionamento do nosso cérebro.

Entre variadíssimas e apaixonantes descobertas, os cientistas já conseguiram comprovar que, mesmo em períodos de relaxamento, o cérebro simplesmente não abranda o seu ritmo e, muito menos, deixa de "trabalhar". Ao invés – e para além de uma multiplicidade de processos moleculares, genéticos e fisiológicos que ocorrem principal ou exclusivamente enquanto dormimos – existem muitos outros processos mentais importantes que exigem aquilo que denominamos como pausas ou períodos de descanso ao longo do dia. Estas pausas servem para repor o stock de atenção e motivação, para encorajar a produtividade e a criatividade, sendo essenciais para se atingir os mais elevados níveis de performance ou para simplesmente formarmos memórias sólidas na vida de todos os dias.

O cérebro humano é um glutão

O século XX assistiu a um enorme desenvolvimento no que respeita ao estudo do cérebro. Logo em 1929, o psiquiatra e neurologista alemão Hans Berger, inventor do electroencefalograma, afirmava que o cérebro se mantinha sempre "num estado de considerável actividade", mesmo quando as pessoas estavam a relaxar ou a dormir. Apesar de os seus pares concordarem, na altura, que algumas partes do cérebro e da espinal medula trabalhavam continuamente para regular os pulmões e o coração, a ideia que prevalecia era a de que o mesmo ia alternando entre um estado online e offline, mantendo-se completamente ligado apenas quando se dedicava a uma tarefa específica. Décadas mais tarde, e com o advento da imagiologia por ressonância magnética funcional (fMRI, na sigla em inglês), esta ideia de alternância ganhou ainda mais adeptos, os quais defendiam que o cérebro era um órgão especial que utilizava partes em detrimento de outras de acordo com diferentes necessidades. Mas ao conseguir rastrear o fluxo sanguíneo através de todo o cérebro, a fMRI demonstrou claramente que circuitos neuronais diferenciados se tornavam especialmente activos durante tarefas mentais diferentes, "convocando" quantidades extra de sangue, repletas de oxigénio e glucose, para que estes fossem utilizados como energia.

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