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Avaliação do Retorno sobre o Carácter

Uma investigação ao longo de sete anos, agora publicada em livro, demonstra que os líderes com força de carácter atingem um ROA médio de 9, 35% ao longo de um período de dois anos, um valor cinco vezes superior ao produzido pelo seus pares com um estilo de liderança egocêntrico os quais, em média, apresentam uma ROA de apenas 1,93%. E só esta diferença abissal seria suficiente para despertar a vontade de se ler este livro

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Será que o carácter de um CEO tem influência nos resultados financeiros da organização que lidera? A pergunta, quase tão velha quanto a história da própria liderança, há muito que acolhe vários tipos de resposta. Se, por um lado, é politicamente correcto afirmar que uma liderança de excelência exige um líder íntegro, por outro, o estilo de liderança "à Gordon Gekko", a memorável personagem dos filmes que retratam a vida em Wall Street e cujo hino "greed is good" inspirou toda uma geração de dirigentes ambiciosos e pouco dados a "boas acções", é também tido por muitos como a melhor forma de gerar verdadeiro retorno para as organizações e, consequentemente, para os accionistas.

 

Adicionalmente, existem também muitos registos que comprovam que os líderes, mesmo que consigam resultados chorudos ao longo de alguns anos, acabam por cair em desgraça, exactamente devido à sua falta de carácter. Em Portugal e recentemente, os exemplos não têm sido poucos.

 

Contudo, a verdade é que a maior parte dos executivos permanecem cépticos e/ou indiferentes no que respeita ao verdadeiro valor do carácter, considerando-o apenas como a "cereja no cimo do bolo", bolo esse cuja massa é feita, essencialmente, de uma boa estratégia e recheada por um sólido modelo de negócio. A verdade é que nunca existiram dados suficientes – e consubstanciados – que comprovassem a existência de uma ligação directa entre o carácter de um CEO e os bons (ou maus) resultados da organização que lidera. Até agora.

 

Ao longo de sete anos, Fred Kiel – doutorado em psicologia e co-fundador da firma de desenvolvimento em liderança e de análise estratégica, e pioneira na área de executive coaching, a KRW International – em conjunto com a sua equipa, realizou entrevistas de fundo a 84 CEOs e respectivas equipas de executivos, às quais adicionou o feedback de 8,600 empregados, tendo chegado a uma fórmula – que inclui também, e obviamente, os resultados financeiros das empresas em causa – que permite afirmar que os denominados líderes virtuosos conseguem atingir performances cinco vezes superiores às dos seus pares "não-virtuosos" ou autocentrados, como são definidos os que menos carácter demonstram. A pesquisa e respectivos resultados foram agora publicados em livro, sob o título Return on Character: The Real Reason Leaders and Their Companies Win, e do seu universo constam organizações pertencentes ao ranking 500 da Fortune, privadas, mas também sem fins lucrativos.

 

Através do inventário clássico do antropólogo Donald Brown, que lista os comportamentos e características que são reconhecidos e manifestados em todas as sociedades humanas, os investigadores da KRW International identificaram quatro princípios morais universais inerentes ao carácter (abaixo definidos), enviando, de seguida, inquéritos anónimos aos empregados das 84 empresas e organizações sem fins lucrativos selecionadas, questionando, entre outras coisas, sobre o quão consistentemente os seus CEOs e equipas gestão incorporavam esses mesmos princípios. Adicionalmente, entrevistaram um conjunto alargado de executivos analisando, igualmente, os resultados financeiros da organização. Quando estes últimos lhes eram negados, os CEOs eram excluídos.

 

Apesar da relação entre o carácter, a liderança de excelência e os resultados organizacionais já ter sido aflorada, por várias vezes, na literatura de gestão, de acordo com a Harvard Business School Press, a editora responsável pelo livro, este é o "mais importante estudo até agora realizado que consegue demonstrar uma relação mensurável entre o carácter de um CEO e o sucesso empresarial", aqui definido como ROC (Return On Character). E sim, a editora poderia até estar a puxar a brasa à sua sardinha, mas a verdade é que todas as críticas já feitas ao livro confirmam esta declaração. Vejamos porquê.

 

 

Princípios universais, cabeça e coração

Ao longo de mais de três décadas, a KRW International tem vindo a ajudar muitos CEOs e executivos de topo pertencentes a empresas do ranking da Fortune 500 a melhorar a sua eficácia organizacional através da excelência em liderança e de um "alinhamento" da sua missão. A consultora de Kiel é (re)conhecida pela rigorosa recolha de dados que realiza, bem como pelos processos de desenvolvimento customizados que oferece aos seus clientes. Quando, há mais de sete anos, surgiu a ideia de que era possível construir uma métrica que avaliasse os comportamentos gerados pelo carácter, a KRW International acabaria por escolher 84 empresas sedeadas nos Estados Unidos, sobre as quais compilaria um conjunto completo de dados retirados de entrevistas aprofundadas, em conjunto com a sua performance financeira. As entrevistas acabariam por funcionar como uma espécie de relato de histórias de vida – um método de pesquisa comum nas ciências sociais – as quais iriam contribuir significativamente não só para apurar traços de carácter e comportamento dos líderes entrevistados, mas também o background que lhes estava associado e que poderia explicar o estilo de liderança adoptado por cada um dos mesmos.

 

 

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