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Poupança diversificada: Obrigações, para que vos quero?

Para fazer crescer o seu pé-de-meia de forma equilibrada, a PROTESTE INVESTE aconselha que dedique parte das poupanças a fundos de obrigações.

24 de Janeiro de 2017 às 10:00
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Emprestar dinheiro ao Estado e às empresas é uma forma comum de investimento. Chama-se obrigações. Quando estas entidades as emitem estão a contrair um empréstimo junto dos investidores, regra geral mais barato do que se tivessem de pedir dinheiro ao banco. Fazendo um paralelo com as ações, funciona assim: quem compra uma ação fica detentor de uma pequena parcela da empresa, já quem investe em obrigações transforma-se em credor. Para os particulares estas podem ser úteis porque os ajuda a diversificar o património. No entanto, é preciso estar atento porque em algumas economias, os juros da dívida soberana estão em níveis muito baixos e aquém da inflação.

Até há situações de títulos com rendimentos negativos, ou seja, os investidores estão a pagar para emprestar dinheiro aos Estados! É uma conjuntura pouco usual e deveu-se à política seguida pelos grandes bancos centrais para combater os efeitos da última crise económico-financeira. Mas há sinais de mudança. Nos Estados Unidos, a Reserva Federal já iniciou o ciclo de subida das taxas de juro de referência e a eleição inesperada de Trump acelerou o aumento dos juros da dívida americana. Um fenómeno que está a atingir outros mercados e que se refletiu na valorização das obrigações.

Subida dos juros, uma benesse?

Só que, ao contrário do que possa aparentar, a subida dos juros não é benéfica para as obrigações. Os títulos mais antigos ficam menos atrativos do que as novas emissões (com juros mais altos), o que leva ao recuo das suas cotações. Esse é um dos fatores que faz com que o valor das obrigações também esteja sujeito a oscilações e os ganhos nunca estão garantidos. Por norma, o impacte das mexidas nos juros é diminuto comparado com as fortes movimentações dos mercados de ações, mas não pode ser ignorado. Se as obrigações estiverem denominadas em moedas estrangeiras, pode haver mais potencial, mas o risco também aumenta. Com essa premissa, facilmente se conclui que é pouco adequado investir somente em obrigações, sobretudo na conjuntura atual. Mesmo as obrigações em euros (sem risco cambial) não devem ser consideradas como uma alternativa simples aos depósitos a prazo.

É prudente? Diversifique!

O ideal seria investir em obrigações de um mercado onde as taxas de juro atuais são muito elevadas, mas se antecipa que venham a descer nos próximos anos, e cuja moeda esteja bastante subvalorizada face ao euro. Um ideal que, naturalmente, não é frequente encontrar à disposição. À parte de oportunidades de investimento mais pontuais, há outro papel importante para as obrigações: a diversificação. A correlação entre o comportamento das ações e a dívida de boa qualidade (com ratings elevados) é baixa. Assim, se numa carteira retirarmos algumas ações e colocarmos obrigações, prescindimos de parte do potencial de valorização mas reduzimos o risco total da carteira. A ciência de uma boa diversificação está em otimizar essas duas variáveis: rendimento esperado e risco.

Vá pelos fundos

Para investir em obrigações a PROTESTE INVESTE aconselha que o faça através de fundos de investimento. Esta forma tem grandes vantagens face à compra direta. Num único produto acede a uma carteira diversificada, ou seja, está muito menos exposto ao risco de falência de um emitente. Como estes aplicam em dezenas ou centenas de entidades diferentes, se uma entrar em incumprimento, o impacte no fundo é mínimo. Ao mesmo tempo, permitem aceder a uma grande diversidade de obrigações cotadas em moedas estrangeiras. Comprar diretamente este tipo de dívida em bolsa não é simples e será muito dispendioso em termos de custos de negociação. A partir de algumas dezenas de euros pode subscrever fundos cujo rendimento depende do desempenho de obrigações em dólares americanos, coroas escandinavas ou reais brasileiros, entre outras divisas. Um pequeno investidor pode beneficiar de taxas de juro mais atrativas do que aquelas que vigoram na zona euro e do potencial de valorização da divisa escolhida face à moeda única europeia.

Claro que, nestes casos, há um reverso da medalha. O maior rendimento esperado destes fundos de obrigações não-euro implica assumir o risco cambial do país (moeda) escolhido.

Os recomendados

Nas carteiras de investimento recomendadas pela PROTESTE INVESTE para alinhar as suas poupanças verá que as obrigações são incontornáveis. Atualmente recomendamos fundos dedicados a quatro mercados.

A presença dos fundos de obrigações em coroas suecas (SEK) e norueguesas (NOK), Nordea Swedish Bond e Nordea Norwegian Bond, deve-se sobretudo ao potencial de apreciação destas moedas face ao euro, dado que se encontram subavaliadas.

O fundo de reais brasileiros (BRL), UBS Bond Brazil, tem como trunfo os elevados juros existentes no Brasil e que, por enquanto, compensam as perspetivas cambiais menos favoráveis da moeda brasileira.

Por fim, os fundos de dívida de taxa fixa denominados em euros, Fidelity Euro Bond e Pimco Euro Bond, destacam-se por constituírem um bom contrapeso aos mercados acionistas e, enquanto o Banco Central Europeu mantiver a atual política monetária expansionista, o risco de uma subida rápida dos juros das dívidas europeias é reduzido. Mas é preciso estar atento porque pode mudar.

Atualmente não recomendamos fundos de obrigações de outras divisas, como o dólar americano, a libra e o iene. Também não estamos otimistas para a dívida de emitentes privados com menor qualidade creditícia (high yield). Não propiciam uma boa diversificação face às ações e o rendimento extra não compensa o seu maior risco. 



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