Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Nova bolha tecnológica?

A euforia em torno das redes sociais e das tecnologias móveis tem feito disparar as cotações das empresas ativas no setor tecnológico. Mas não nos parece que estejamos na presença de mais uma bolha especulativa

21 de Abril de 2014 às 10:03
  • ...

Receios de valorização excessiva
No setor tecnológico têm-se multiplicado os receios de uma nova bolha especulativa. A face mais visível é a progressão do Nasdaq, que mais do que triplicou desde o mínimo de março de 2009. Ao mesmo tempo, o número de entradas em bolsa sucede a um ritmo alucinante. Para completar o cenário temos as compras a peso de ouro de empresas tecnológicas não cotadas por parte dos gigantes do setor. A título de exemplo, o Facebook adquiriu recentemente a WhatsApp e a Oculus VR.
Há cerca de 14 anos, a bolha da Internet implodiu e o índice Nasdaq perdeu cerca de 70 % do seu valor em 16 meses e, mesmo após a forte subida dos últimos anos, este índice ainda não bateu os máximos alcançados no início do século. Será que está montado o cenário para a repetição do colapso bolsista registado em 2000? Pela nossa parte, não nos parece que esse desfecho se venha a repetir. São vários os factos que levam a Proteste Investe a ter esta interpretação. Analisemo-los mais em detalhe.


Subida deve ser relativizada
A progressão do índice Nasdaq, composto essencialmente por empresas do setor tecnológico, é impressionante. Desde o ponto mais baixo, em março de 2009, o índice subiu cerca de 237 % (em média: 27 % ao ano). Contudo, é preciso relativizar este desempenho. Com efeito, todo o mercado acionista americano viveu um período excecional graças à política expansionista da Reserva Federal e ao rápido regresso ao crescimento económico após a crise. O emblemático índice Dow Jones, no mesmo período, apresentou um ganho médio anual de 20 %.


Composição do Nasdaq mudou
As principais empresas do Nasdaq são atualmente bem diferentes daquelas que incluíam o índice em 2000. À época, o Nasdaq englobava empresas pouco rentáveis e assentes apenas em vagas promessas de rentabilidade ligadas à Internet. Eram as denominadas dot.com. Agora, a evolução do índice é ditada por gigantes como a Amazon, Apple, Google, IBM, Intel, Microsoft e Texas Instruments. Isto é, empresas financeiramente sólidas, rentáveis e como modelos de negócio já conhecidos e implementados. Nem tudo tem subido Alguns subsetores, como as redes sociais (Facebook, Twitter, LinkedIn, etc.) e editoras de aplicações para dispositivos móveis (WhatsApp, etc.) viram o seu valor em bolsa disparar nos últimos meses. Neste prisma, parece haver sinais da formação de uma bolha especulativa, mas o facto é que outras empresas, como por exemplo a Zynga, a Groupon e a King Digital, tiveram um comportamento bolsista dececionante. Por outras palavras, a euforia em torno das tecnológicas não tem sido totalmente indiscriminada, havendo alguma seletividade por parte dos investidores. Num cenário típico de bolha, todas as ações tendem a subir independentemente do mérito dos seus modelos de negócio.


Valorizações permanecem razoáveis
Do ponto de vista da avaliação, a Proteste Investe considera que o setor tecnológico não está caro em comparação com a média do mercado. Por exemplo, o rácio PER? (cotação/lucro por ação) implícito nas empresas que compõem o índice Nasdaq é atualmente de 21. Na altura da bolha da Internet, em 2000, o PER atingia 60. Aos níveis atuais não está muito afastado da sua média histórica e a diferença face ao Dow Jones, que apresenta um PER de 16, não é muito elevada.


Os conselhos da Proteste Investe
Nos próximos meses não se pode descartar momentos de consideráveis oscilações no nível das cotações. No entanto, um colapso de grande magnitude centrado no setor tecnológico, tal como aconteceu em 2000, é pouco provável pelas razões que enumerámos.
Em termos globais, o setor está corretamente avaliado e até há empresas cotadas no Nasdaq que consideramos estarem subavaliadas e constituem uma oportunidade de compra. É o caso da Apple, Intel e também da Texas Instruments: deco.proteste.pt/investe/acoes-compra. Ao invés, certos subsetores mais mediáticos, mas igualmente mais arriscados, devem ser evitados pois estão sobrevalorizados. O Facebook (vender) é paradigmático, mas também há muitas empresas caras na área da impressão em 3D e nas editoras de aplicações para tablets e smartphones.

 

 

Este artigo foi redigido ao abrigo do novo acordo ortográfico.

 

 

Ver comentários
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio