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África do Sul: boa aposta?

Este ano, a bolsa de Joanesburgo regista um dos piores desempenhos com uma queda de 12,7%. Um resultado justificado pelas perspetivas económicas pouco favoráveis e o limitado potencial de crescimento da África do Sul, mas haverá uma luz ao fundo do túnel?

05 de Dezembro de 2023 às 13:00
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A África do Sul atravessa um período de dificuldades. 2022 terminou com uma contração da atividade no quarto trimestre (-1,1%) e os dois primeiros trimestres de 2023 foram bastante fracos (0,4% e 0,6%). Houve alguma recuperação da atividade na primeira metade deste ano porque os cortes na rede elétrica, necessários para conservar uma infraestrutura obsoleta, foram menos numerosos do que o esperado. Esta "melhoria", a par da utilização de centrais a gasóleo, possibilitou a retoma da atividade na indústria e no setor de mineração, dando um impulso bem-vindo à economia. No entanto e, no essencial, a situação pouco mudou. O uso de geradores a diesel pode ser uma solução de recurso, mas é uma forma muito pouco económica de produzir eletricidade para quase 60 milhões de pessoas.

Fraco potencial
Além disso, acima dos 30%, a taxa de desemprego da África do Sul continua a ser colossal. A subutilização da imensa mão-de-obra, combinada com infraestruturas ultrapassadas, incapaz de fazer face ao menor aumento da procura, torna o país improdutivo e incapaz de suportar aumentos da procura. Estes últimos resultam quase inevitavelmente em picos de inflação. O banco central não espera um verdadeiro arranque da economia: PIB +0,4% em 2023 e +1% em 2024 e 2025… Este último foi o ritmo de crescimento económico médio da última década e está em linha com o potencial da África do Sul segundo o banco central. Uma constatação preocupante para os investidores. Um país emergente cujo potencial de crescimento é de 1%? Esta perceção reflete-se naturalmente na fraca valorização da bolsa de Joanesburgo. O rácio cotação/lucros esperados é de apenas 9 contra a média global/mundial de 15.

Trunfos para o futuro
A África do Sul tem alguns trunfos e que trazem alguma esperança para o futuro. Em primeiro lugar, a riqueza em matérias-primas, incluindo metais preciosos, poderia, em circunstâncias normais, ser a pedra basilar da economia. Porém, exigiria as infraestruturas necessárias para o bom funcionamento das operações. Infelizmente, nem é o caso e não será tão cedo. Em segundo lugar, o país pode também orgulhar-se da qualidade de algumas das suas instituições, incluindo a credibilidade do banco central. É verdade que este último tem uma meta de inflação particularmente ampla (entre 3% e 6%), mas não se esquivou a tomar as medidas necessárias para a atingir. Durante a recente crise inflacionista, não hesitou em elevar a principal taxa de juro diretora de 3,5% para 8,25%, em cerca de ano e meio. Desta forma, conseguiu controlar a subida dos preços que, tendo atingido um pico de 7,6%, no outono de 2022, está agora próxima dos 5% e em linha com os objetivos. Apesar deste relativo sucesso, o banco central não deverá cortar as taxas diretoras para não aumentar o diferencial face aos Estados Unidos e penalizar mais o valor do rand sul-africano, o que criaria mais inflação importada.

Perfil da bolsa
Pode ainda destacar-se o dinamismo e a adaptabilidade de algumas grandes empresas sul-africanas em setores como o financeiro (peso de 37% na bolsa) e as telecomunicações (7%), as quais não hesitam em alargar a sua presença no continente africano, procurando o crescimento que falta no mercado interno. Também o setor das commodities, que representa 22% da bolsa da África do Sul, conta com empresas de qualidade e que ousam apostar em geografias inusitadas e oferecem um perfil diferente.

Conselho
Apesar de alguns pontos positivos, infelizmente, no mercado interno, as perspetivas para a África do Sul continuam sombrias e, dado o potencial de crescimento muito baixo do país, não existem atrativos para os investidores e o mercado acionista continuará sem catalisadores: não recomendamos o investimento em ETF dedicados a ações sul-africanas.


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