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Indústria europeia está a derrapar no segmento dos carros elétricos

A indústria automóvel europeia perde competitividade e a China domina o comércio mundial dos elétricos. A Europa tem que ganhar tração em matéria de investimento, inovação, baterias e pontos de carregamento para cumprir as ambiciosas metas de descarbonização. Numa altura em que Bruxelas e Pequim tentam um acordo sobre tarifas a veículos chineses, o Europa Viva analisa a situação da indústria e do mercado de carros elétricos.

A China já tem 20% da quota de venda de carros elétricos da UE. Chalinee Thirasupa/Reuters
30 de Setembro de 2024 às 10:30
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A indústria automóvel é um dos segmentos estruturais da economia da União Europeia (UE) apesar de atravessar atualmente uma fase conturbada em alguns países com despedimentos, redução de encomendas, perdas em bolsa. O setor é responsável por mais de 13 milhões de postos de trabalho diretos e indiretos na UE (dos quais 2,6 milhões diretos), 255 plantas industriais em solo comunitário, 6% do emprego total e um volume de negócios de cerca de 7% do PIB europeu.

Mas a Europa perdeu há muito o primeiro lugar na produção mundial. Desde o início da década passada que a China se tornou o principal produtor. É atualmente responsável por um terço (32%) dos veículos fabricados no planeta, seguida da Europa (20%), da América do Norte (17%) e do Japão e Coreia do Sul (14%), segundo dados da Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis (ACEA).

A Europa também está a ficar para trás no segmento dos elétricos. Os dados mostram que a transição rumo à descarbonização prossegue: dos cerca de 10,5 milhões de carros vendidos na UE no ano passado, 25,8% eram híbridos e 14,6% elétricos. Mas os dados também confirmam que o bloco comunitário tem que reagir se quiser recuperar o atraso face à China.

O mercado dos elétricos

A relação comercial com a China é muito assimétrica. No ano passado, a UE exportou para o mercado chinês 11.499 carros elétricos, no valor de 852 milhões de euros. Em sentido contrário, o bloco europeu importou mais de 438 mil carros elétricos da China, no valor de 9,7 mil milhões de euros.

Número um mundial na venda de elétricos, e de longe o principal exportador para a UE, a China tem aumentado a sua quota de mercado: a venda de veículos a bateria fabricados na China aumentou na UE de 3% para mais de 20% nos últimos três anos. Uma tendência que vai continuar, segundo a Transport and Environnement. A organização estima que a venda de elétricos chineses na Europa deverá alcançar este ano 25%. Uma parte são marcas norte americanas ou europeias (Tesla, Dacia e BMW), mas a T&E admite que as marcas chinesas alcancem 20% das vendas na UE em 2027.

A China aposta há anos no setor dos elétricos com políticas de subsídios massivos, práticas que a Comissão Europeia considera "desleais" e que fizeram mossa na indústria da UE então centrada nos motores a combustão. Os fabricantes europeus poderão perder cerca de 7 mil milhões de euros em lucros anuais até 2030 devido à concorrência chinesa, segundo o grupo Allianz.

Baterias e pontos de carregamento

A UE deverá ainda acelerar o ritmo de produção de baterias para veículos elétricos. Também nesta área a China é o maior fabricante, exportando 12% da sua produção, segundo a Agência Internacional de Energia. Para as produzir, Pequim dispõe de abundantes reservas de matérias primas críticas, ao contrário da UE ainda muito dependente do exterior.

Outro desafio para a Europa: aumentar as redes de pontos de carregamento para veículos elétricos. A ACEA estima que a UE precisa de construir 8 vezes mais pontos de carregamento por ano para cumprir as metas de CO2. A Comissão considera que devem ser instalados 3,5 milhões de pontos de carregamento na UE até 2030. Atualmente, há apenas 630 mil.

Numerologia 

32%Produção
A China domina o comércio de carros elétricos, sendo responsável por 32% da produção mundial. 
20%Vendas
A venda na UE de veículos elétricos fabricados na China aumentou de 3% para 20%.
3,5Carregamento
UE precisa de 3,5 milhões de pontos de carregamento para elétricos até 2030. Atualmente, dispõe apenas de 630 mil.

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