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Desmantelar as "big tech" é "a bomba atómica", diz comissária europeia

O desmembramento dos "gigantes" tecnológicos é visto como um "último recurso" pela Comissão Europeia. "Isso é a bomba atómica", disse Vera Jourová.

07 de Novembro de 2019 às 15:40
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A possibilidade de desmantelar as grandes empresas tecnológicas, as chamadas "big tech", será sempre um "último recurso". "É a bomba atómica", defendeu esta quinta-feira a comissária europeia para a Justiça, Consumidores e Igualdade de Género, Vera Jourová, no Web Summit.

Num debate que contou também com o secretário-geral da Amnistia Internacional, Kumi Naidoo, Jourová considerou que é "preocupante" ver tamanha concentração de poder nalgumas empresas.

Kumi Naidoo argumenta que existe mesmo "uma questão de direitos humanos". "Os dados são poder e a assimetria da posse dos dados é assustadora", reforça. O Facebook e o Google controlam dados de um terço da população mundial, refere.

O responsável advoga que a escolha das pessoas de utilizar a tecnologia e daí recolher benefícios não deve implicar o sacrifício da sua privacidade. "Não devemos ter de entregar os dados, que muitas vezes são depois utilizados como armas", frisa.

A comissária europeia recorda o seu passado na Checoslováquia e traça um paralelo com os dias de hoje. "Eu vivi metade da minha vida num regime totalitário. E agora dou comigo a pensar que isto é quase igual, não temos o direito de preservar a nossa privacidade", diz.

Nesse sentido, Jourová defende que a implementação na União Europeia (UE) do Regime Geral de Proteção de Dados (RGPD) foi um "passo importante" e diz esperar que sejam criados "padrões globais para a proteção de dados". E as multas, que podem ascender a 4% da faturação global de uma empresa, "já podem ter um efeito dissuasor assinalável".

Jourová contesta o argumento de que as empresas têm de ser grandes para poderem competir com as tecnológicas chinesa. "Não vejo porque é que a Europa há de ser o campo de batalha entre os EUA e a China", conclui.

Também Kumi Naidoo rejeita o "argumento chinês". "Não podemos baixar a fasquia por causa da China. A China não pode ser usada como desculpa", remata.

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