Notícia
Guimarães tem povo e cultura, rojões e palavrões
Envolvimento dos vimaranenses é a ferramenta mais potente para o turismo e a memória mais forte e permanente que levam os milhares de visitantes, que estão a descobrir a cidade
Praça da Oliveira | Nas esplanadas no "coração" do centro histórico de Guimarães encontram-se os "novos turistas" que chegam à cidade: mais jovens, letrados e exigentes.
Nos primeiros cinco meses do ano a procura nos postos de turismo subiu 200%, mais 50% entraram nos museus, o 'website' da câmara superou o tráfego em 500% e a ocupação dos hotéis ascendeu de 40% para 55%. Dados, antes do Verão, que reflectem a descoberta de Guimarães como destino, e não apenas lugar de passagem no Norte do País.
Publicações como o "Financial Times", "New York Times" ou "Lonely Planet", apontaram-na como um dos destinos mais interessantes. O francês Michel Hamwi aproveitou a dica do guia, onde leu "uma cidade bonita", e passeia pelo centro histórico, perspectivando permanecer "pelo menos um dia". Desconhece a efeméride cultural, tal como os outros que interpelámos. Como a polaca Isabella, que trocou o Europeu de futebol na Polónia natal por uma visita à "cidade antiga" que descobriu na Internet.
Na papelaria, Hélio Rocha tem vendido mais exemplares dos 15 jornais estrangeiros, em seis línguas, que recebe. Numa cidade onde já surgiram cinco 'hostels' e estão dois hotéis em construção, mudou o perfil do turista. É mais jovem, exigente, vem do Norte europeu, compra mais e tem mais estudos. Sem jornal nas mãos nos dias que passou no Gerês, Catherine Hauser apanhou o autocarro para Braga, mas acabou por acaso na povoação vizinha e rival. Além do factor natureza, a suíça escolheu o destino por achar "os portugueses amigáveis e delicados".
Os vimaranenses exibem, além disso, a pertença ao evento. Nas palavras, nas montras do centro que adoptaram o coração-símbolo em diversos materiais e na participação activa. O director-executivo da Guimarães 2012, Carlos Martins, chama-lhe "a ferramenta mais potente" e "a mais relevante para qualquer destino". Aqui é também "a memória mais forte e permanente" que levam os visitantes.
O "coração" da CEC está também em cima dos "caquinhos" que há mais de meio século dão nome à adega, onde Augusta conquista pelo paladar (rojões, vitela ou o arroz de frango) e por falar "um bocadinho... português", aponta, entre o sorriso malandro. O "bóbi", o cão rafeiro, recebe os clientes à porta; o vernáculo faz as outras honras da casa e é chamariz para os turistas, sobretudo nacionais, que até confessam a "tristeza" quando finalizam a refeição sem uma dose satisfatória de palavrões. O evento trouxe à adega "um bocadinho mais de clientes", embora não embale tão bem o negócio como Augusta faz ao neto, que aproxima das panelas ao iniciar o choro. "A gente tem de ser um bocado alegre. Não vamos estar a morrer senão o povo diz: 'que p... de cara!' Temos de pôr isto para a frente senão está tudo 'fod...', meu filho".
A frase
"O negócio às vezes está fraco, mas não vamos estar a morrer. A gente tem de pôr isto para a frente senão está tudo 'fod...', meu filho".
AUGUSTA Dona da Adega dos Caquinhos
Nos primeiros cinco meses do ano a procura nos postos de turismo subiu 200%, mais 50% entraram nos museus, o 'website' da câmara superou o tráfego em 500% e a ocupação dos hotéis ascendeu de 40% para 55%. Dados, antes do Verão, que reflectem a descoberta de Guimarães como destino, e não apenas lugar de passagem no Norte do País.
Na papelaria, Hélio Rocha tem vendido mais exemplares dos 15 jornais estrangeiros, em seis línguas, que recebe. Numa cidade onde já surgiram cinco 'hostels' e estão dois hotéis em construção, mudou o perfil do turista. É mais jovem, exigente, vem do Norte europeu, compra mais e tem mais estudos. Sem jornal nas mãos nos dias que passou no Gerês, Catherine Hauser apanhou o autocarro para Braga, mas acabou por acaso na povoação vizinha e rival. Além do factor natureza, a suíça escolheu o destino por achar "os portugueses amigáveis e delicados".
Os vimaranenses exibem, além disso, a pertença ao evento. Nas palavras, nas montras do centro que adoptaram o coração-símbolo em diversos materiais e na participação activa. O director-executivo da Guimarães 2012, Carlos Martins, chama-lhe "a ferramenta mais potente" e "a mais relevante para qualquer destino". Aqui é também "a memória mais forte e permanente" que levam os visitantes.
O "coração" da CEC está também em cima dos "caquinhos" que há mais de meio século dão nome à adega, onde Augusta conquista pelo paladar (rojões, vitela ou o arroz de frango) e por falar "um bocadinho... português", aponta, entre o sorriso malandro. O "bóbi", o cão rafeiro, recebe os clientes à porta; o vernáculo faz as outras honras da casa e é chamariz para os turistas, sobretudo nacionais, que até confessam a "tristeza" quando finalizam a refeição sem uma dose satisfatória de palavrões. O evento trouxe à adega "um bocadinho mais de clientes", embora não embale tão bem o negócio como Augusta faz ao neto, que aproxima das panelas ao iniciar o choro. "A gente tem de ser um bocado alegre. Não vamos estar a morrer senão o povo diz: 'que p... de cara!' Temos de pôr isto para a frente senão está tudo 'fod...', meu filho".
A frase
"O negócio às vezes está fraco, mas não vamos estar a morrer. A gente tem de pôr isto para a frente senão está tudo 'fod...', meu filho".
AUGUSTA Dona da Adega dos Caquinhos