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Guimarães tem povo e cultura, rojões e palavrões

Envolvimento dos vimaranenses é a ferramenta mais potente para o turismo e a memória mais forte e permanente que levam os milhares de visitantes, que estão a descobrir a cidade

Guimarães tem povo e cultura, rojões e palavrões
27 de Junho de 2012 às 14:00
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Praça da Oliveira | Nas esplanadas no "coração" do centro histórico de Guimarães encontram-se os "novos turistas" que chegam à cidade: mais jovens, letrados e exigentes.



Nos primeiros cinco meses do ano a procura nos postos de turismo subiu 200%, mais 50% entraram nos museus, o 'website' da câmara superou o tráfego em 500% e a ocupação dos hotéis ascendeu de 40% para 55%. Dados, antes do Verão, que reflectem a descoberta de Guimarães como destino, e não apenas lugar de passagem no Norte do País.

Publicações como o "Financial Times", "New York Times" ou "Lonely Planet", apontaram-na como um dos destinos mais interessantes. O francês Michel Hamwi aproveitou a dica do guia, onde leu "uma cidade bonita", e passeia pelo centro histórico, perspectivando permanecer "pelo menos um dia". Desconhece a efeméride cultural, tal como os outros que interpelámos. Como a polaca Isabella, que trocou o Europeu de futebol na Polónia natal por uma visita à "cidade antiga" que descobriu na Internet.

Na papelaria, Hélio Rocha tem vendido mais exemplares dos 15 jornais estrangeiros, em seis línguas, que recebe. Numa cidade onde já surgiram cinco 'hostels' e estão dois hotéis em construção, mudou o perfil do turista. É mais jovem, exigente, vem do Norte europeu, compra mais e tem mais estudos. Sem jornal nas mãos nos dias que passou no Gerês, Catherine Hauser apanhou o autocarro para Braga, mas acabou por acaso na povoação vizinha e rival. Além do factor natureza, a suíça escolheu o destino por achar "os portugueses amigáveis e delicados".

Os vimaranenses exibem, além disso, a pertença ao evento. Nas palavras, nas montras do centro que adoptaram o coração-símbolo em diversos materiais e na participação activa. O director-executivo da Guimarães 2012, Carlos Martins, chama-lhe "a ferramenta mais potente" e "a mais relevante para qualquer destino". Aqui é também "a memória mais forte e permanente" que levam os visitantes.

O "coração" da CEC está também em cima dos "caquinhos" que há mais de meio século dão nome à adega, onde Augusta conquista pelo paladar (rojões, vitela ou o arroz de frango) e por falar "um bocadinho... português", aponta, entre o sorriso malandro. O "bóbi", o cão rafeiro, recebe os clientes à porta; o vernáculo faz as outras honras da casa e é chamariz para os turistas, sobretudo nacionais, que até confessam a "tristeza" quando finalizam a refeição sem uma dose satisfatória de palavrões. O evento trouxe à adega "um bocadinho mais de clientes", embora não embale tão bem o negócio como Augusta faz ao neto, que aproxima das panelas ao iniciar o choro. "A gente tem de ser um bocado alegre. Não vamos estar a morrer senão o povo diz: 'que p... de cara!' Temos de pôr isto para a frente senão está tudo 'fod...', meu filho".





A frase

"O negócio às vezes está fraco, mas não vamos estar a morrer. A gente tem de pôr isto para a frente senão está tudo 'fod...', meu filho".
AUGUSTA Dona da Adega dos Caquinhos


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