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Endutex vai converter metade do primeiro arranha-céus do Porto em hotel de apartamentos

O dono da cadeia hoteleira Moov, que adquiriu o edifício dos anos 40 à Ageas, já em tempos de pandemia, vai investir 5,5 milhões de euros na transformação da metade superior da torre de nove andares, situada mesmo ao lado do Teatro Rivoli, em 35 apartamentos turísticos.

Rui Neves ruineves@negocios.pt 30 de Dezembro de 2023 às 11:32

Do alto dos seus nove pisos, causou grande furor aquando da inauguração, pois era considerado, na altura, o edifício mais alto do país, tendo ficado conhecido como o primeiro arranha-céus do Porto, e que albergava um dos mais emblemáticos cafés da cidade – o Rialto.

 

"O ‘café’, com ar condicionado, tem capacidade para 130 mesas e a cozinha completamente electrificada, possue, e pela primeira vez em Portugal, aparelhagem para esterilização de chávenas, capaz de esterilizar 600 em quinze minutos. Cada salão possue balcão-frigorífico privativo, ligado por um elevador", escrevia o extinto "O Século" na sua edição de 28 de novembro de 1944.

 

O Café Rialto ocupava dois pisos, ligados por uma imponente escadaria em mármore, de um edifício inaugurado nesse ano e que ganhou o seu nome.

 

Situado na esquina da Rua de Sá da Bandeira com a Praça D. João I, mesmo ao lado do majestoso Teatro Rivoli, o Rialto foi concebido por Artur Andrade, o arquiteto do cinema Batalha, tendo sido um dos cafés mais emblemáticos do Porto, juntamente com os famosos Majestic ou Guarany.

 

Nas décadas de 1950-60 foi local de reunião de uma geração de poetas contestatária do Estado Novo, como Egito Gonçalves, Daniel Filipe e José Augusto Seabra, entre outros.

 

Grupo tirsense compra edifício à Ageas em 2020, chinesa Miniso tapa "Síntese da História"

 

Encerrado o café em 1972, o edifício era propriedade do BCP, até que passou para a seguradora Ageas, que viria a anunciar, a 3 de novembro de 2020,a venda do Edifício Rialto.

 

"Tanto o valor da venda como o comprador não podem ser revelados devido a uma cláusula de confidencialidade", afirmava, então, fonte oficial da seguradora, em declarações ao Negócios.

 

Já em setembro de ano seguinte, no antigo espaço do Café Rialto, que já tinha sido uma dependência bancária, era inaugurada a nova loja da Miniso, que se apresenta como "uma marca chinesa de design de inspiração japonesa", especializada em produtos da gama "lifestyle".

 

Uma ocupação polémica, sobretudo devido ao facto de o novo inquilino ter colocado uma parede falsa com prateleiras a tapar um mural pintado por Abel Salazar (1889-1946), que tem cinco metros de larga por três metros de altura, à qual o médico, professor, investigador e também pintor lhe chamou "Síntese da História".

 

Três dezenas e meia de T1 e T2 num total de 2.471 metros quadrados

 

E quem é o novo dono do chamado Edifício Rialto? É o grupo Endutex, um dos maiores produtores mundiais de têxteis técnicos, que há uma dúzia de anos lançou a marca hoteleira Moov e está em franca expansão.

 

Conta já com cinco hotéis em Portugal (no Porto, Lisboa, Oeiras, Évora e Matosinhos) e dois no Brasil (em Curitiba e em Porto Alegre – com 156 e 123 quartos, respetivamente), país que acolhe também uma das unidades industriais do grupo sediado em Santo Tirso.

 

Além do Moov Hotel Campanhã, o grupo começou recentemente a construção daquele que será o seu maior hotel, em termos de área, e o maior investimento realizado neste segmento de negócio – o Moov Hotel Matosinhos, que terá 143 quartos e 44 apartamentos T1 e T2, num investimento estimando de 16 milhões de euros.

 

E prevê arrancar em breve com a construção do portuense Moov Hotel Campanhã, no topo da Rua do Freixo, que terá 109 quartos e está orçado em 8,5 milhões de euros.

 

Entretanto, em São Paulo, no Brasil, abriu o seu primeiro hotel de uma "bandeira" mais luxuosa, tendo convertido o antigo Hotel Boulevard, propriedade da Santa Casa da Misericórdia local, no quatro estrelas Sooz Hotel Collection, com 156 quartos, onde investiu três milhões de euros na sua modernização da unidade.

 

De regresso ao Edifício Rialto, o grupo Endutex pretende "manter o comércio ao nível do piso 0 e serviços do piso 1 ao 3", tendo em licenciamento o projeto de conversão dos restantes pisos em apartamentos turísticos, num conceito associado aos hotéis Moov, revelou André Ferreira, administrador da Endutex e responsável pela rede hoteleira do grupo, em declarações ao Negócios.

 

"Serão 35 apartamentos T1 e T2", detalhou André Ferreira, sinalizando a abertura do empreendimento para 2025.

 

Implantando numa área de 716,3 metros quadrados, o edifício conta com uma área de construção de 6.688 metros quadrados, dos quais 5.861 acima do solo, estando a área dedicada aos apartamentos fixada em 2.471 metros quadrados.

O investimento previsto "na área afeta ao hotel é de 5,5 milhões de euros", referiu o mesmo gestor.

 

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