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Donos do alojamento local contra-atacam: "O setor não pode continuar a ser o bode expiatório”
A Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP) considera que "atacar" esta forma de hospitalidade, como anunciado esta semana para Vila Nova de Gaia, é "apenas um placebo que transmite uma falsa ideia de ação" face ao problema da habitação.
Num comunicado hoje enviado às redações, a ALEP "alerta que o caso de Gaia [distrito do Porto] vem juntar-se a muitos outros que procuram empurrar para o Alojamento Local (AL) o problema da falta de habitação".
"Atacar o alojamento local é apenas um placebo que transmite uma falsa ideia de ação, não resolve nada e serve apenas para distrair a opinião pública dos verdadeiros problemas, sendo o principal deles, a falta de soluções concretas", pode ler-se no comunicado da associação do setor.
Para a ALEP, o problema da habitação "está na falta de políticas públicas eficazes".
A Câmara de Vila Nova de Gaia quer suspender por seis meses os novos registos de alojamento local e criar um regulamento municipal para tentar "regular melhor" o mercado e contribuir para a redução de preços no arrendamento.
A proposta da maioria socialista vai ser analisada e votada na reunião camarária agendada para segunda-feira, e posteriormente o tema será levado a Assembleia Municipal.
"O setor não pode continuar a ser o bode expiatório, sempre envolto num ambiente constante de perseguição e incertezas. O AL é, hoje, um dos pilares do turismo e será uma peça fundamental para ajudar a ultrapassar este período de crise que se avizinha", refere o presidente da ALEP, Eduardo Miranda, citado no comunicado.
O responsável anunciou no comunicado que irá estar presente na reunião pública da Câmara Municipal que decorre na segunda-feira no Auditório Manuel Menezes de Figueiredo, às 16:00, "de forma a marcar posição sobre este assunto junto do município".
De acordo com a associação, "Gaia é um bom exemplo desta política que procura encontrar um elo mais fraco para desviar as atenções".
"Os números do AL em Gaia são claros e mostram que o AL quase não tem peso na habitação e que nunca poderia ser o culpado pelo aumento de preços", refere a associação, que aponta ainda que o AL "representa apenas 0,9% das casas do concelho".
Segundo a ALEP, "o município ainda tem 13.500 casas vazias (Censo 2021) e apenas 1.200 alojamentos locais, a maioria feitos em casas de segunda habitação ou casas antes vagas que foram reabilitadas".
Já no centro e na zona histórica, "onde há mais concentração de AL, são apenas 600 registos numa zona que ainda hoje tem 2.200 casas vagas", de acordo com a associação do setor, e fora desta área "a presença do AL é completamente residual" e "não tem dado sinais de aumento do crescimento no município".
A ALEP defende que "perseguir o setor não incrementa a habitação", relembrando que o AL "já representa mais de 40% das dormidas no país e foi peça fundamental na reabilitação de vários centros históricos em processo de degradação".