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Covid-19 multiplica por cinco os prejuízos da Sonae Capital

Fortemente exposta aos efeitos económicos da pandemia, a empresa controlada pela família Azevedo fechou a primeira metade do ano com prejuízos de 14,4 milhões de euros, com a faturação a crescer 73%, para 136,8 milhões, devido à integração da Futura Energía Inversiones

Miguel Gil Mata, CEO da Sonae Capital. D.R.
28 de Julho de 2020 às 20:37
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"No segundo trimestre, o impacto [da covid-19] será mais severo." O alerta foi deixado por Miguel Gil Mata, CEO da empresa, a 13 de maio passado, aquando da apresentação de contas da Sonae Capital relativas aos primeiros três meses deste ano, que fecharam com um prejuízo de 5,4 milhões de euros.

 

"Tal como antecipávamos, o segundo trimestre do ano revelou-se extremamente desafiante para a Sonae Capital", sendo que "a retoma não será imediata e vai continuar a colocar-nos à prova", avisa o gestor, esta terça-feira, 28 de julho, na mensagem de abertura do relatório de contas do primeiro semestre de 2020 enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

 

"Os segmentos de ‘fitness’, hotelaria e Tróia Operações viram as suas operações suspensas durante a maior parte do trimestre e os segmentos de engenharia industrial e activos imobiliários viram, e certamente continuarão a ver, a sua atividade afetada pelo clima de incerteza, à escala global", admite Miguel Gil Mata.

 

A suspensão da atividade, sobretudo nos negócios da hotelaria e dos ginásios, refletiu-se negativamente nos resultados operacionais e financeiros do grupo, que encerrou os primeiros seis meses deste ano com um prejuízo de 14,4 milhões de euros, multiplicando por cinco o resultado negativo de 2,9 milhões registado no mesmo período do ano passado.

 

"Assumindo desde o início que há variáveis que não conseguimos controlar", a equipa de gestão liderada por Mata focou-se "em incrementar os níveis de resiliência, atuando ao nível dos custos operacionais e retendo algumas decisões de investimento", revela o CEO.

 

Assim, o EBITDA (resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) das unidades de negócio foi positivo em 6,9 milhões de euros na primeira metade de 2020 (menos 51,4% do que há um ano), com o EBITDA consolidado a fixar-se em 5,3 milhões (quebra homóloga de 68%), "sustentados pelas várias ações de otimização levadas a cabo pelas operações no sentido de mitigar, na medida do possível, o impacto da pandemia nas principais linhas de custos operacionais", explica a empresa.

 

"Em paralelo, continuámos a trabalhar no sentido de reforçar a liquidez da Sonae Capital pelo que contamos, a 30 de Junho de 2020, com 81,3 milhões de euros em ‘cash’ e linhas de crédito disponíveis, o que permite perseguir os nossos objetivos estratégicos e assegurar um nível de conforto suficiente para enfrentar cenários mais adversos", afiança Miguel Gil Mata.

 

"A mais resiliente" energia faz disparar a faturação do grupo

 

O único negócio da Sonae Capital que escapa à infeção pandémica é o da energia, "o mais resiliente" do portefólio da empresa e que "não registou impactos diretos materiais", destaca o mesmo gestor.

 

O segmento de energia da Sonae Capital registou um volume de negócios de 105,8 milhões de euros no primeiro semestre, quase quadruplicando as vendas registadas um ano antes - um crescimento expressivo que se deve à integração da espanhola Futura Energía Inversiones, adquirida no verão passado.

 

Com este contributo, a faturação consolidada da Sonae Capital fechou o primeiro semestre de 2020 nos 136,8 milhões de euros, mais 72,8% do que no mesmo período do ano passado, com as vendas das unidades de negócio do grupo a aumentar 91% para 129,3 milhões de euros.

 

O investimento operacional do segmento de energia, que representou cerca de metade dos 12,8 milhões de euros realizados pela Sonae Capital neste período, foi alocado, sobretudo à fase final do desenvolvimento da nova central termoelétrica de cogeração alimentada a biomassa florestal, em Mangualde, no tal de 4,6 milhões de euros.

 

Desde 1 de agosto de 2019 que o segmento de energia da Sonae Capital consolida dois negócios distintos: o negócio de produção, onde se incluem as operações de cogeração e renováveis, e o negócio de "trading" e comercialização, onde se inclui a operação desenvolvida pela Futura Energía Inversiones.

 

O restante investimento efetuado pela Sonae Capital no primeiro semestre deste ano foi absorvido, sobretudo, pelo plano de expansão do segmento de "fitness" e na remodelação das instalações do Porto palácio Hotel e Aqualuz Tróa, a que acresce o projeto hoteleiro da Estação de Santa Apolónia, em Lisboa.

 

Ginásios e hotéis reabriram em junho, mas com baixos níveis de atividade

 

Depois de um forte crescimento nos primeiros meses de 2020, a pandemia covid-19 veio "interromper um ciclo de crescimento sustentado de praticamente sete anos" do segmento de "fitness" da Sonae Capital, com o volume de negócios desta unidade a situar-se em 12,9 milhões de euros no primeiro semestre de 2020, menos 36% do que no mesmo período do ano passado.

 

Face à situação vivida, que implicou a suspensão do funcionamento dos ginásios, a empresa lançou o ginásio.online e o ginásio.outdoor.

 

Entretanto, com a possibilidade de reabertura dos ginásios físicos, a empresa já tem em operação 34 dos seus 37 clubes.

 

Já no segmento hoteleiro, "o desempenho do segundo trimestre de 2020 encontra-se impactado pela suspensão da atividade da generalidade das unidades hoteleiras durante os meses de abril e maio, nos quais praticamente não houve espaço para geração de receitas", sublinha a Sonae Capital.

 

Assim, a faturação deste segmento de negócio situou-se em 3,3 milhões de nos primeiro seis meses deste ano, menos  68,2% do que a faturação registada um ano antes.

As operações foram reabertas durante o mês de junho, "embora com níveis de ocupação ainda condicionados", sinaliza a empresa.

 

Este segmento da Sonae Capital consolida seis unidades hoteleiras: três unidades localizadas no Porto (Porto Palácio Hotel, The Artist e The House), duas unidades localizadas na Península de Tróia (Aqualuz Tróia e Tróia Residence) e uma unidade na região do Algarve (Aqualuz Lagos).

 

Troia Resort em maré baixa

 

No Tróia Resort, o volume de negócios neste semestre totalizou 3,6 milhões de euros, 24,6% abaixo do período homólogo, devido aos efeitos da pandemia.

 

"No entanto, os níveis de atividade registaram uma melhoria gradual ao longo do mês de junho, depois do impacto da suspensão das atividades entre os meses de março e maio de 2020", enfatiza a empresa.

 

Na unidade de ativos imobiliários da Sonae Capital, que no final de junho passado estavam avaliados em 314,5 milhões de euros, destaque para o Troia Resort, segmento que inclui unidades turísticas residenciais já desenvolvidas e lotes para construção na Península de Tróia.

Do total de 546 unidades turísticas residenciais desenvolvidas, o número de unidades disponíveis para venda à data deste reporte era de 44, descontando as reservas e contratos de promessa de compra e venda em carteira.

Neste segmento, por conta do Troia Resort, faturou 5,9 milhões de euros no primeiro semestre de 2020, sendo as rendas relativas à exploração dos ativos detidos no valor de 800 mil euros.

 

Já a unidade de "outros ativos imobiliários" faturou cinco milhões de euros.

Engenharia industrial com Adira a sofrer com a pandemia

No negócio de engenharia industrial, leia-se a empresa Adira, o volume de negócios no primeiro semestre deste ano situou-se em 3,7 milhões de euros, 9,4% abaixo do mesmo período do ano passado "e refletindo o impacto da pandemia na evolução do número de encomendas, tendo o EBITDA registado uma melhoria de 34,8% no primeiro semestre", enfatiza a Sonae Capital.

 

"A atividade do setor industrial encontra-se muito dependente da evolução dos níveis de confiança, os quais têm sido impactados à escala global pela pandemia covid-19. Dada a circunstância de incerteza, vários industriais têm colocado as decisões de investimento em suspenso, o que se tem repercutido no nível de encomendas da Adira", explica a empresa.

 

 

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