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Com hotéis vazios, setor do turismo global calcula perdas

Com a doença que surgiu na China e se tornou global, o setor de turismo enfrenta uma ameaça crescente.

07 de Março de 2020 às 12:00
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No lago de Como, no norte da Itália, a primavera normalmente significa o regresso dos turistas. Celebridades como George Clooney frequentam vilas à beira-mar, casais passeiam pelas ruas de paralelepípedos e as feiras de design levam à lotação dos quartos de hotéis com viajantes endinheirados. Este ano, por causa do coronavírus, os donos de hotéis questionam-se sobre se os turistas virão.

 

Os hotéis da região registaram o cancelamento de mais da metade das reservas em três dias na semana passada, num contexto de propagação do vírus no norte da Itália, o maior surto fora da Ásia. Agora, os proprietários esperam ansiosamente para ver o impacto nos importantes meses do verão.

 

"Tivemos os nossos altos e baixos no passado, mas nada como isto", comentou Roberto Cassani, de 58 anos, presidente da associação de operadores de hotéis de Como. "Os turistas americanos, em particular, parecem vítimas de uma psicose coletiva. Estou realmente preocupado".

 

Com a doença que surgiu na China e se tornou global, o setor de turismo enfrenta uma ameaça crescente. Muitos dos turistas chineses que impulsionaram a expansão do setor já tinham deixado de viajar depois de o governo ter "trancado" dezenas de milhões de pessoas e ter proibido a venda de pacotes turísticos. A medida esvaziou hotéis em Macau (meca dos casinos) e praias do sudeste da Ásia, e eliminou filas do lado de fora das boutiques Louis Vuitton em Paris.


 

Apesar da diminuição da contaminação na China, o vírus propaga-se a outras regiões, como a Coreia do Sul e Itália, que juntas registam mais de 8 mil do total global que já supera os 100 mil casos.

 

Agora não são apenas os chineses que ficam em casa. Alemães e belgas estão a repensar as viagens das férias de esqui em Itália. Japoneses cancelam visitas a Bali. Em jogo está a receita de 1,7 biliões de dólares gerada pelo turismo internacional em 2018, segundo a Organização Mundial do Turismo da ONU.

 

É o maior revés para a indústria de viagens desde a crise que se seguiu aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, ao surto da SARS e à guerra no Iraque dois anos depois.

 

A Associação Global de Viagens de Negócios diz que o coronavírus pode custar à indústria 47 mil milhões de dólares por mês. As companhias aéreas e operadoras de pacotes de turismo de pacote pintam uma imagem igualmente sombria: a Associação Internacional de Transporte Aéreo prevê quase 30 mil milhões de dólares em vendas perdidas com voos. 

 

(Artigo original: Virus Takes Aim at $1.7 Trillion Industry as Tourists Stay Home)

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