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Alojamento local cai para mínimos de 64 meses: “É quase tóxico”

Em abril registaram-se 189 novos registos, contra 1.750 no mesmo mês do ano passado e 2.310 no quarto mês de 2018. Trata-se do pior resultado desde setembro de 2014, refletindo a profunda crise que se instalou no setor.

A Câmara de Lisboa quer trazer para o mercado habitacional imóveis do alojamento local que agora estão sem clientes.
Inês Gomes Lourenço
25 de Maio de 2020 às 15:27
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Instalada a pandemia da covid-19, fechadas as fronteiras e com o país em Estado de Emergência, o mercado do alojamento local (AL) português praticamente colapsou.

Os números relativos aos novos registos de AL refletem a profunda crise que o setor atravessa, porquanto apenas 189 novas unidades, totalizando 656 camas, foram registadas ao longo do passado mês de abril – "o pior resultado dos últimos 64 meses, pelo que é necessário recuar a Setembro de 2014 para encontrar uma dinâmica tão baixa", revela o relatório mensal de maio da consultora imobiliária Imovendo.

Uma realidade que contrasta com os meses homólogos dos últimos anos. Em abril do ano passado, tinham sido registadas 1.750 novas unidades, num total de 6.574 camas, e no mesmo mês de há dois anos foram abertos 2.310, com 8.243 camas, enquanto em abril de 2017 o número foi de 1.214, num total de 4.515 camas.

"Esta é apenas uma evidência da falta de confiança que os investidores atualmente sentem e que revela também que as expectativas futuras para o Turismo, em geral, e para o AL em particular, são longe de animadoras, mesmo com os programas que algumas câmaras municipais já anunciaram, como é lo caso de Porto e Lisboa", afirma Manuel Braga, CEO desta consultora imobiliária, em comunicado.

Para Manuel Braga, "o AL reveste-se hoje de um caráter quase tóxico, quando era encarado, até março, como um produto de elevada rentabilidade".

"Quem apostou no AL procura agora alternativas, como a venda de ativos ou a sua colocação no mercado de arrendamento de longa duração. Quem dele dependia para escoar produto reabilitado, vê-se com ativos desvalorizados e com menor procura. Quem nele pensava apostar, retrai-se agora, fruto da elevada incerteza e risco que enquadra o setor", explica o mesmo responsável.

 

Entretanto, "apesar de Abril ter permitido uma certa melhoria dos indicadores de procura imobiliária, como é exemplo a recuperação da procura online observada, os atores que atuam no mercado antecipam uma queda abrupta na atividade do segundo trimestre, tendo o indicador de confiança da procura para este período (INE) atingido o seu valor mais baixo desde o início da série (em março de 2001)", sublinha a Imovendo.

Para esta consultora imobiliária, "a grande questão, que apenas os próximos meses permitirão responder, é a de se saber até que ponto a recuperação que aparentemente hoje se vive no mercado imobiliário (com mais leads de procura, com mais negócios a serem realizados, e com uma dinâmica muito interessante a ser assegurada do lado comprador) não resulta apenas de um efeito de ‘válvula de descompressão’, após mais de dois meses de confinamento".

Ou seja, se não estamos perante uma recuperação "sem sustentabilidade ao longo dos próximos meses, e que será alvo de um gradual efeito de erosão por via de quebras reais no turismo internacional, de um aumento do desemprego e subemprego e uma maior exigência por parte das instituições financeiras no âmbito da concessão de crédito à habitação", detalha a Imovendo.

"É provável que, à medida que o desconfinamento ocorra, a confiança regresse, mas a amplitude da queda de confiança dos profissionais no futuro próximo obriga a que se reflita sobre as melhores estratégias para acelerar a recuperação e a confiança dos consumidores", conclui Manuel Braga.

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