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Alojamento local cai para mínimos de 33 meses
Em outubro registaram-se 781 novos registos, o valor mais baixo desde janeiro de 2017, o que pode indicar uma estabilização dos preços hoje praticados no mercado imobiliário, podendo mesmo iniciar-se “uma correção em baixa ao longo de 2020”, considera a Imovendo.
Depois do pico atingido em outubro de 2018, mês em que se verificaram 3.842 novos registos de alojamento local em Portugal, este mercado tem vindo a descer, caindo em outubro passado para 781, o valor mínimo dos últimos 33 meses, revela um estudo da Imovendo, a que o Negócios teve acesso.
"Após dois anos em que o alojamento local absorveu parte significativa do ‘stock’ imobiliário disponível no mercado – uma média de dois mil novos imóveis por mês – o ano de 2019 tem sido sinónimo de uma certa descompressão em termos de investimento", alerta esta consultora imobiliária, na sua última análise mensal.
A Imovendo avança três grandes motivos para esta baixa de novas unidades no mercado. Por um lado, "o ritmo de crescimento de turistas e dormidas não tem acompanhado o aumento de oferta e de camas que se tem registado", sendo que "o ‘stock’ de apartamentos e moradias em oferta tem registado preços máximos que colocam em causa a viabilidade comercial de alguns projetos de turismo residencial".
Destaca, ainda, que, "em alguns pontos do país – sobretudo em Lisboa, mas não de forma exclusiva – tem vindo a ser criada legislação autárquica de maior controlo da expansão destas unidades como forma de proteção do mercado imobiliário ‘tradicional’".
"O arrefecimento é transversal a todo o país, com exceções pontuais relacionadas com a dimensão distrital dos mercados", lê-se no estudo.
De acordo com o mesmo estudo da Imovendo, 95,4% dos proprietários de unidades de alojamento local são portugueses. Por origem, a mais representativa dos proprietários estrangeiros é a britânica (1,6%), seguindo-se a francesa, alemã (0,3%) e irlandesa (0,3%).
Relativamente à natureza dos edifícios registados para alojamento local, dois terços (66,6%) são apartamentos e pouco mais de um quinto moradias (26,4%), havendo apenas 5,5% que são estabelecimentos de hospedagem e 0,7% hostels.
Ainda segunda a Imovendo, os distritos em que a quebra de investimento para colocação no alojamento local é mais sentida são precisamente o que são mais "turísticos", por um lado, e, por outro, os que têm sido alvo de um enquadramento legal mais apertado.
"Para quem procura imóveis para comprar ou arrendar numa lógica de longa duração, estas podem ser boas notícias, uma vez que podem contribuir para uma maior estabilização dos valores hoje praticados, podendo mesmo iniciar-se uma correção em baixa durante o próximo ano", sublinha Manuel Braga, CEO da Imovendo.