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AL pesa 8,5% nas exportações e gastos equivalem a 3,8% do PIB, diz estudo da NOVA SBE
Os turistas que usaram o alojamento local nas suas visitas a Portugal somaram mais de 38 milhões de dormidas e gastaram acima de oito mil milhões. Os dados são de 2019, mas ilustram o peso do setor, de acordo com um estudo da NOVA SBE.
O número de dormidas em alojamento local (AL) em Portugal está subavaliado nas estatísticas oficiais e em 2019 ultrapassou, na prática, os 38 milhões, cerca de 40% do total. A partir deste número, é possível estimar que os turistas que se hospedaram em Portugal gastaram mais de oito mil milhões de euros, o que corresponde a mais de 8,5% das exportações nacionais de bens e serviços e a cerca de 3,8% do PIB.
A conclusão é de um estudo desenvolvido por três economistas da NOVA SBE a pedido da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP), cujo relatório preliminar foi divulgado esta terça-feira. O trabalho pretende fazer uma avaliação do impacto do AL no país, numa altura em que o Parlamento discute um conjunto de medidas que afetarão o setor, nomeadamente a suspensão de novas unidades e algumas regiões do país e a introdução de uma nova contribuição extraordinária.
João Bernardo Duarte, Pedro Brinca e João Pedro Ferreira combinaram os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) e do Eurostat relativos a 2019, no pré-pandemia, mas salientam que os de 2022, que ainda não são totalmente conhecidos, serão pelo menos similares.
Mas porque é que os dados oficiais estão subavaliados? Os números do INE apontavam, em 2019, para 10,2 milhões de dormidas em AL, mas, refere o estudo, levaram em linha de conta apenas os estabelecimentos com dez ou mais camas. No seu trabalho, os economistas utilizaram, também, dados oficiais da União Europeia, mais exatamente do EUROSTAT, de acordo com os quais, no mesmo ano, se contabilizaram cerca de 28.2 milhões de dormidas em AL com menos de 10 camas. E é assim que chegam aos 38 milhões de dormidas, qualquer coisa como 40% do totaal.
A partir daqui, foi possível, também, estimar os gastos realizados por estes visitantes durante a sua estadia no país. Em 2019 o peso do turismo recetor foi de 20,53 mil milhões de euros pelo que a tal fatia de 40% correspondente aos que utilizaram o AL terá sido equivalente a mais de oito mil milhões, "o que correspondeu a mais de 8.5% das exportações totais de bens e serviços e cerca de 3.8% do PIB", concluem os três economistas.
Por outro lado, lembra o estudo, "as despesas em alojamento correspondem apenas a uma percentagem das despesas dos turistas, em média 26%". Quer isto dizer que, num cenário hipotético em que este alojamento não estivesse disponível haveria "o risco de se perder o rendimento associado ao AL mas também os restantes 74% que eles despendem em outros produtos e serviços". Quais? "Nomeadamente os 27% de gastos em restauração e bebidas (mais de 5,8 mil milhões de euros) e os 21% de gastos em transportes (mais de 4,2 mil milhões de euros) onde o transporte aéreo nacional, e a TAP são os grandes beneficiários". E, ainda, outros fluxos, como despesas em supermercados, gastos com operadores turísticos, cultura ou lazer, exemplificam.
Hoteis insuficientes
Os três economistas fazem ainda outro exercício para demonstrar a impotência do AL para o turismo e vão ver de que forma poderia o setor hoteleiro dar resposta à procura se o AL deixasse de existir. Concluem que "mais de 23 milhões de dormidas ficariam sem ocorrer. Em termos diretos, esses 23 milhões de dormidas estão associadas a despesas que correspondem a 4,7 mil milhões de euros, o que corresponde a 2,2% do PIB nacional".
Para resolver o problema, prosseguem, "seria necessário construir 1030 novos hotéis em Portugal, dos quais 168 no Porto, 169 no Algarve e mais 211 hotéis na cidade de Lisboa".
(Notícia atualizada com mais informação)