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Para quê comprar outro navio quando é possível cortá-lo ao meio?

O "Star Breeze" está a ser dividido para ganhar espaço e incluir uma estrutura central pré-fabricada de 25 metros de altura e 1.250 toneladas

14 de Dezembro de 2019 às 14:00
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Há algumas semanas, John Delaney, presidente da Windstar Cruises, de Seattle, subiu para cima de um andaime num estaleiro histórico em Palermo, na Itália, e levou um maçarico para o "Star Breeze", um iate de 30 anos com capacidade para 212 passageiros.

 

Com faíscas a voar, funcionários do estaleiro e convidados a aplaudir, Delaney fez o corte vertical final para dividir o Star Breeze ao meio. Mas o gestor não estava a destruir o pequeno navio - estava a fazer precisamente o oposto.

 

Num processo chamado de "alongamento", o "Star Breeze" está a ser dividido para ganhar espaço e incluir uma estrutura central pré-fabricada de 25 metros de altura e 1.250 toneladas. Funciona como duas peças de Lego que podem ser separadas para colocar outro bloco no meio. Mas com um barco.

 

Após quatro meses de cirurgia, o "Star Breeze" será maior, mais luxuoso e mais rentável. Quando voltar a operar novamente em fevereiro, terá 50 novas suites para acomodar outros 100 hóspedes, um aumento de 50% na capacidade de passageiros. E cobrará preços mais altos pelas suas novas e brilhantes cabines. Delaney diz que a alteração deve aumentar o tempo de vida do navio em pelo menos 20 anos.

 

O alongamento será tão bom para os resultados da Windstar que a empresa decidiu expandir da mesma forma mais dois navios até o fim de 2020, gastando 250 milhões de dólares para aumentar a sua capacidade total em 24%.

 

Alongar navios de cruzeiros não é uma ideia nova. Teijo Niemela, editor do CruiseBusiness.com, diz que o conceito foi inspirado nas balsas escandinavas que foram cortadas para aumentar o espaço de carga. Niemela navegou na sua primeira balsa alongada na Finlândia em 1972.

Mais recentemente, a MSC Cruises aumentou a dimensão de quatro navios e pretende cortar um quinto ao meio. O projeto de 143 milhões de dólares, previsto para 2021, vai adicionar 75 mil metros quadrados ao MSC Magnifica, que terá capacidade para mais 215 quartos, dois restaurantes, o parque aquático e tecnologia mais amiga do ambiente.

 

No ano passado, em Palermo, o paquete de luxo Silversea adicionou uma nova secção que aumentou a capacidade de 540 para 608 passageiros e o número de suites para 34. Foram necessárias 450 mil horas de trabalho e 500 trabalhadores para completar o desafio.

 

"Para as empresas de cruzeiros, é a forma mais rápida de aumentar a capacidade, comparando com a construção de uma nova embarcação", disse Niemala. "Um novo cruzeiro demora 22 meses [a ser construído]. Adicionar uma secção a meio demora poucos meses".

Construir um navio para 300 passageiros custa cerca de 175 milhões de dólares, pelo que alterar os mais antigos faz mais sentido, diz Delaney, sobretudo tendo em conta que cada projeto de alargamento custa em média 80 milhões de dólares.

Ao expandir os seus navios, a Windstar vai adicionar 150 suites que custam em média entre 450 dólares e 550 dólares por pessoa, a cada noite. Com esses 300 passageiros a mais, a linha de seis navios, de propriedade do multimilionário de Denver Philip Anschutz, poderia fazer mais de 49,2 milhões de dólares em receita anual. 

Para além disso, a Windstar está a substituir sete motores antigos por quatro novos motores Wartsila que vão atender aos mais rígidos padrões de emissões da Organização Marítima Internacional.

"(Com esta alteração) conseguimos colocar muito mais tecnologia de ponta, com economia de energia" diz Delaney, acrescentando que "o fluxo de mais cem hóspedes é significativo (...) e o retorno do investimento foi muito, muito maior". 

Desta expansão vai nascer um restaurante de marisco e de carne, uma pizzaria, um ginásio e novos espaços para apanhar sol e relaxar. 

"Quando esses navios foram construídos [na década de 1980], coisas como uma piscina grande, um 'spa' muito bom, ou um ótimo ginásio não eram tão importantes", diz Delaney. Hoje, a situação alterou-se. A nova piscina do Star Breeze é cinco vezes maior e o ginásio tem um estúdio de ioga. Outras atualizações incluem uma suite Grand Owner de três quartos", acrescnta.

Além disso, o perfil do navio fica mais longo, mais elegante e mais bonito, conclui. 

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