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Governo rejeita "situação de colapso" na CP

O secretário de Estado das Infraestruturas, Guilherme d'Oliveira Martins, rejeitou hoje que a CP - Comboios de Portugal esteja "em situação de colapso", considerando que a oposição PSD/CDS-PP está "a criar um caso que não existe de todo".

Bruno Simão/Negócios
06 de Agosto de 2018 às 14:59
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"A oposição PSD/CDS-PP está a criar um caso que não existe de todo. Não há colapso nenhum, o que acontece são opções por parte da CP para garantir que há condições de transporte dignas e de qualidade", disse o governante em declarações à agência Lusa.

 

Em causa estão as alterações temporárias nos horários nas linhas de Cascais, Sintra, Norte e Oeste em vigor desde domingo, mas também a suspensão da venda dos bilhetes devido às temperaturas elevadas que se fizeram sentir no final da semana, cuja situação hoje já se encontra regularizada.

 

O CDS-PP exigiu hoje explicações ao Governo sobre a "situação de colapso" na CP e admite antecipar a reunião da Comissão Permanente do parlamento, prevista para Setembro, se entretanto o ministro do Planeamento não der esclarecimentos públicos.

 

Há uma "situação de colapso" nos transportes ferroviários com consequências nos horários, manutenção e número de comboios em funcionamento, afirmou o vice-presidente do partido Adolfo Mesquita Nunes, em conferência de imprensa conjunta com o líder parlamentar, Nuno Magalhães, na Assembleia da República, em Lisboa.

 

Guilherme d'Oliveira Martins rejeita falar em colapso: "Uma questão tem a ver com questões excepcionais relacionadas com a meteorologia, opções técnicas de suspensão de bilhetes em alguns comboios e que está já ultrapassado".

 

As questões estruturais "de fundo" da CP dizem respeito às alterações de horário nas linhas de Cascais, Sintra, Oeste.

 

"Estamos a falar de alterações sazonais que tem a ver com as necessidades de manutenção da EMEF", referindo que os horários retomarão a sua normalidade em Setembro (dia 09) em Cascais, Outubro (dia 14) em Sintra, e em Novembro (dia 4) na Linha do Oeste, tal como aconteceu no passado, em 2015.

 

"A oposição esquece-se que, quando esteve no Governo, o efectivo da EMEF reduziu-se drasticamente. Em 2010, o número de efectivos passou de 1.487 para 979 em 2015. Portanto houve um desinvestimento na EMEF, do ponto de vista do pessoal de manutenção, que este Governo está empenhado em retomar e regularizar para garantir que os passageiros e a CP tenha material circulante disponível", disse.

 

Guilherme d'Oliveira Martins lembrou, a propósito, que na semana passada houve abertura de recrutamento de mais 112 trabalhadores para EMEF e que entre 2015 e 2017 foram recrutados mais 124.

 

O governante sublinhou ainda que os índices de regularidade em todas as linhas "sem excepção", urbanos, longo curso e regional, são superiores a 97%.

 

"Há uma ideia errada de que não há comboios suficientes e que os passageiros estão a perder qualidade de serviço", frisou.

 

Em declarações à Lusa, o coordenador da Comissão de Trabalhadores da CP, José Reizinho, disse compreender a opção da empresa em suspender a venda de bilhetes, dado que se trata de material que não está preparado para operar com as temperaturas registadas na semana passada, mas sublinhou que deverá ser uma questão a ponderar no futuro.

 

Em relação às alterações nos horários, o responsável lamenta "a falta de investimento" no sector, referindo que a CP não tem capacidade de resposta, nem recursos humanos suficientes, provocando a degradação do sector ferroviário.

 

"Se urgentemente o Governo não der directrizes à administração da CP para aquisição do material e admissão de pessoas as coisas terão tendência a agravar-se", disse.

 

Em Julho, o parlamento aprovou, por unanimidade, requerimentos do PSD e do CDS-PP para ouvir o presidente da CP e o ministro do Planeamento e das Infraestruturas na Comissão de Economia sobre a situação dos transportes ferroviários.

 

Os dois requerimentos foram aprovados por unanimidade e ficou decidido que a audição do presidente da CP - Comboios de Portugal, Carlos Nogueira, deverá realizar-se antes da do ministro Pedro Marques, ambas depois das férias parlamentares.

 

 

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