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Covid-19: IP estima perder 170 milhões de receitas em 2020

A Infraestruturas de Portugal registou prejuízos de mais de 48 milhões de euros até junho devido à queda das receitas que prevê que se prolongue, mas acredita que as perdas serão revertidas em 2021. Das concessionárias não recebeu até agora pedidos de reequilíbrio financeiro.

Segundo a Brisa, nos últimos cinco anos as principais empresas do grupo entregaram cerca de 1.260 milhões de euros de impostos ao Estado.
João Miguel Rodrigues
26 de Setembro de 2020 às 11:00
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A Infraestruturas de Portugal (IP) perdeu no primeiro semestre 104 milhões de euros de receitas devido ao impacto da covid-19 na mobilidade dos portugueses, mas estima para o final deste ano que a perda total de rendimentos core, face a 2019, seja da ordem dos 170 milhões.

A projeção é feita no relatório e contas consolidado dos primeiros seis meses do ano, divulgado esta sexta-feira, salientando o grupo que esse valor "dependerá muito da forma como a pandemia irá evoluir no quarto trimestre". É que se no que respeita ao nível de utilização da rede ferroviária "já se verificou uma recuperação quase integral, designadamente quando comparada com os meses de janeiro e fevereiro de 2020", a utilização da rede rodoviária "é ainda inferior ao normal, mantendo-se assim um impacto significativo nos rendimentos gerados pela Contribuição do Serviço Rodoviário (CSR) e pelas portagens", diz.

Até junho, a IP registou prejuízos de 48,5 milhões de euros, o que contrasta com lucros de quase 35 milhões obtidos no mesmo período de 2019.

Em comunicado à CMVM, a empresa liderada por António Laranjo salienta que este resultado negativo "deve-se à perda de 104 milhões de euros de receitas provenientes da redução de tráfego nas redes rodoviária, como sejam a CSR e as portagens, e ferroviária. Mas salienta que acredita que estas perdas serão revertidas "já no exercício de 2021".

A IP reconhece que o desempenho económico e financeiro do grupo foi, até junho, "impactado, de forma muito significativa, pela pandemia provocada pela covid-19,que provocou uma forte redução da utilização da rede rodoferroviária e a consequente redução de rendimentos".


A sua principal fonte de receita, a CSR - contribuição que recebe como contrapartida paga pelos utilizadores pelo uso da rede rodoviária, e que incide sobre a gasolina, gasóleo rodoviário e GPL sujeitos ao imposto sobre os produtos petrolíferos e energéticos (ISP) – diminuiu 19% face há um ano atrás para 269 milhões de euros. Já as portagens renderam apenas 119,4 milhões de euros, menos 23%, e os serviços ferroviários geraram 35,4 milhões, um recuo de 12%.


A empresa salienta que o resultado operacional apresentou uma quebra de cerca de 69,9 milhões de euros face a 2019, atingindo ainda assim o valor de 81 milhões de euros.


Nos primeiros seis meses do ano, a IP aumentou os gastos de conservação da rede rodoferroviária em 11%, mas também o valor realizado de investimento, que cresceu 29%, em termos homólogos, para 75,7 milhões de euros. Deste montante, 54,5 milhões de euros são relativos ao programa de investimentos Ferrovia 2020, o que representa um aumento de 29% face ao período homólogo de 2019.

No primeiro semestre foram realizadas operações de aumento de capital num total de 354,6 milhões de euros, passando o capital social da IP a totalizar 7.558 milhões de euros. A dívida financeira do grupo no final de junho fixou-se em 4.981,9 milhões de euros, o que significa um decréscimo de 37,4 milhões de euros face a dezembro de 2019.

 

Ainda não há pedidos de compensação

 

No relatório e contas do primeiro semestre, a IP salienta ainda que os gastos extraordinários motivados pela covid-19  deverão atingir os 1,7 milhões de euros em 2020, em limpeza, higienização e desinfeção de instalações, aquisição de equipamentos de proteção individual, aquisição de equipamentos, computadores portáteis e software.

Relativamente às parcerias público privadas (PPP) rodoviárias, o grupo confirma que na sequência da determinação do estado de emergência "um conjunto de subconcessionárias e de prestadoras de serviços de cobrança de portagem notificaram a IP considerando que a declaração de pandemia pela OMS configura um caso de força maior para os efeitos previstos nos respetivos contratos".


Estas notificações, acrescenta,"correspondem ao cumprimento de uma obrigação contratual", já que "sempre que ocorre um evento que os parceiros privados considerem ser qualificável como de força maior, estão obrigados a comunicar isso mesmo à IP".


A empresa pública garante, ainda assim, que "até à data não foi deduzido nenhum pedido de reequilíbrio financeiro".

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