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White Airways diz que decisão da TAP custa “mais de 20 milhões”

Companhia portuguesa de 'charters' diz estar a ser "lesada" com o fim do contrato com a TAP, a partir de 31 de outubro, para operar seis ATR para a TAP Express (antiga Portugália). Quatro dos seis ATR são alugados pela TAP à Azul, a companhia brasileira de David Neeleman, e a White diz que a decisão da gestão de Christine Ourmières-Widener "custará mais de 20 milhões de euros".

23 de Outubro de 2022 às 15:47
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A White Airways – que está em risco de fechar portas - diz ser "lesada" pela TAP ao ser trocada por uma companhia estatal da Estónia, a XFly, e salienta que o fim do contrato para operar os seis ATR "custará mais de 20 milhões de euros" à companhia gerida por Christine Ourmières-Widener.


Em causa está um contrato celebrado em 2016 entre a TAP e a companhia portuguesa de ‘charters’ para operar, inicialmente oito ATR (aviões bimotores de hélice) da TAP Express (antiga Portugália), através de um regime CMI ("crew, maintenance and insurance"). Ou seja, a White Airways garantia os pilotos e o pessoal de cabina, a manutenção e os seguros.


No início deste ano, a operação da White para a TAP Express foi reduzida para seis ATR e destes, quatro são aeronaves alugadas pela TAP à Azul, a companhia brasileira de David Neeleman.


No semana passada, tal como avançou o Negócios, a TAP fez saber que o contrato com a White termina a 31 de outubro, sendo que o vínculo com a XFly para operar duas aeronaves ATR tem efeitos a partir de 1 de novembro.


Esta decisão, diz em comunicado a White Airways, "custará mais de 20 milhões de euros à empresa capitalizada pelo Estado português", acrescentando ainda que a gestão da TAP "decidiu contra uma empresa portuguesa" e contra "o emprego de 120 trabalhadores qualificados" (pilotos e pessoal de cabina).


Questionada pelo Negócios sobre o cálculo dos 20 milhões de euros, a White diz apenas que "há negociações em curso" e que "vai continuar a cumprir as cláusulas de confidencialidade a que está obrigada, razão pela qual não pode entrar em mais detalhes."


A TAP justifica o fim do contrato com a White dizendo que "tem sido um desafio constante" manter a operação "com múltiplos aviões ATR a ficarem em terra por avaria e a registarem uma regularidade operacional decrescente". Segundo os números da TAP, "a White Airways teve uma média mensal de dez eventos AOG (Aircraft on Ground) [impedidos de voar] devido a razões técnicas". E, entre novembro de 2021 e setembro de 2022, as "razões técnicas resultaram num agregado de 342 voos cancelados, com uma média de 31 voos cancelados por mês. Só em setembro de 2022, a White teve 84 voos cancelados por razões técnicas".


Argumentos que a White recusa aceitar e sublinha que a TAP "omite" que "a manutenção de linha (a que permite o despacho dos aviões)" é "por imposição da TAP" uma "responsabilidade da Portugália, empresa do universo TAP". Por isso, em comunicado, a White acusa a TAP de estar a "justificar o injustificável, ofendendo e lesando o bom nome de uma empresa portuguesa" através de "uma narrativa em que sacode a água do capote das suas responsabilidades nos resultados e na operação".


O contrato inicial entre a White e a TAP foi celebrado em 2016 por dez anos, com possível renegociação ao fim de seis, explicou ao Negócios Rodrigo Simões, delegado do Sindicato de Pilotos da Aviação Civil (SPAC) na White. No entanto, acrescenta o dirigente sindical, este contrato foi denunciado em 2020 com a pandemia, por motivos de força maior, tendo sido assinado novo vínculo entre as companhias.

 


Despedimentos no horizonte


Com a perda do contrato com a TAP a White Airways perde, a partir de 31 de outubro, a sua única fonte de receita, estando à beira de fechar portas.


Com zero voos planeados para novembro, a companhia portuguesa de "charters" entrou já em processo de despedimento, tendo notificado, para já, 20 funcionários (15 de pessoal de cabine e cinco pilotos) da não renovação dos contratos, revela, ao Negócios, Rodrigo Simões.


Há um ano, a companhia de "charters" já tinha avançado com um processo de despedimento coletivo que levou à saída de 40 tripulantes. Hoje, a White conta com cerca de 160 trabalhadores, dos quais 50 pilotos (27 comandantes e 23 copilotos), a que se somam 60 tripulantes, cerca de 20 administrativos e pessoal de manutenção, segundo os números do SPAC.


Em abril, a companhia estava a pagar os salários a pilotos e tripulantes de cabina cada vez mais tarde. No que toca a outras remunerações, as ajudas de custo "não são pagas desde setembro de 2021", havendo já "seis meses de atraso" e os subsídios de férias e Natal de 2021 só foram "pagos em janeiro de 2022", revelaram, à data, fontes ouvidas pelo Negócios.


Em comunicado interno, a que o Negócios teve acesso, a White diz ter recorrido ao Ministério das Infraestruturas para "continuar a procurar soluções para salvaguardar o emprego e a sustentabilidade empresarial".

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