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TAP: Oposição acusa PS de “branqueamento” e destaca ausência de Pedro Nuno Santos no plenário

Os partidos da oposição acusam o PS de tentativa de “branqueamento” dos factos do inquérito à TAP para evitar retirar consequências políticas, nomeadamente a demissão de João Galamba.

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João Cortesão
Sara Ribeiro sararibeiro@negocios.pt 19 de Julho de 2023 às 19:33

O coro de críticas da oposição ao relatório final da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão política da TAP voltou a fazer-se ouvir esta quarta-feira no Parlamento. 


Durante a apreciação do documento, que foi aprovado na semana passada apenas com o voto favorável do PS, os partidos não pouparam críticas à redação final do relatório, elaborado pela deputada socialista Ana Paula Bernardo. E aproveitaram para destacar a ausência de Pedro Nuno Santos - que desde o início do mês voltou a assumir o lugar de deputado na Assembleia da República - no plenário. 


Lacerda Sales, presidente da CPI, foi o primeiro a ter a palavra. Começou por assegurar que hoje, findos os trabalhos, a sensação é "de dever cumprido". 


Defendeu que as mais de 190 horas  de trabalhos e as 46 horas de audições "claro que não resolveram todos os problemas da TAP, nem era essa a função da comissão". Admitiu que "houve percalços" ao longo do caminho, mas rejeita "não ter valido a pena". "Esta comissão contrariou as expectativas", comentou, deixando ainda a mensagem de que "o preço da liberdade é a eterna vigilância".


A relatora, Ana Paula Bernardo, voltou a defender que o relatório não pretende omitir factos. Lembrou que acolheu muitas das propostas feitas pelos grupos parlamentares, criticando os partidos que entenderam não avançar com sugestões de alteração. A deputada referia-se ao PSD e à Iniciativa Liberal.


De seguida, o deputado da IL, Bernardo Blanco, começou por dizer em tom de brincadeira que "estava muito expectante para ouvir o que Pedro Nuno Santos tinha a dizer sobre o relatório que o desresponsabiliza". "Mas ele não está aqui, deve estar em casa a ouvir", acrescentou. 


Acusou o PS de querer branquear os factos que os portugueses ouviram durante as várias horas das audições, dizendo não ter dúvidas de que o objetivo do relatório é "não permitir ao primeiro-ministro retirar consequências políticas, nomeadamente a demissão de João Galamba", ministro das Infraestruturas.


Rui Tavares, do Livre, e Inês Sousa Real, do PAN, lamentaram não ter podido estar na CPI, acusando também o Governo de tentativa de "branqueamento". "Houve uma objeção até para que os deputados únicos tivessem dois minutos neste debate", disse Rui Tavares dirigindo-se ao Chega, que acusou ainda de não se lembrar da anterior legislatura "em que também tinha um deputado único".

Do lado do Chega, André Ventura  também destacou a ausência de Pedro Nuno Santos, e apontou que, na sua leitura, o PS "só soube culpar a ex-CEO", que foi demitida por justa causa a par com o "chairman" Manuel Beja. E acrescentou que o administrador financeiro, Gonçalo Pires, "que aprovou a indemnização" de 500 mil euros a Alexandra Reis, ainda está em funções.


Já Paulo Moniz, do PSD, acrescentou que "a comissão serviu para os portugueses verem o amadorismo com que o PS geriu a TAP", enquanto para  Bruno Dias, do PCP, a principal conclusão do relatório deveria ser a "reversão imediata do roubo aos trabalhadores da TAP" após a nacionalização  e plano de reestruturação da companhia aérea. "A CPI  devia ter ido mais longe, mas valeu a pena", concluiu o deputado comunista.


O deputado do PS, Bruno Aragão refutou que não tenham sido incluídos os factos das conclusões dos trabalhos. 


Por fim, em resposta ao socialista,  Pedro Filipe Soares, deputado do Bloco de Esquerda, acusou o PS de retirar factos do relatório. "É um facto que o país ouviu João Galamba numa audição,  Mas o facto  é que foi retirado do relatório", apontou. "O PS escondeu factos no relatório", reforçou.


O documento preliminar, redigido e apresentado há duas semanas pela deputada socialista Ana Paula Bernardo, foi alvo de fortes críticas da direita à esquerda. Aliás, a Iniciativa Liberal e o PSD anunciaram logo que iriam votar contra e nem iriam apresentar propostas de alteração. Ao invés, os sociais-democratas optaram por apresentar as suas próprias conclusões, as quais vão anexar à declaração de voto, e consideram ser "um retrato factual [das 46 audições do inquérito], sem maquilhagem e sem favores a partido algum", segundo Paulo Moniz, deputado do PSD.



(Notícia atualizada às 19h50)
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