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Sindicato dos tripulantes estima que TAP precise de 4 mil milhões de euros
O presidente do sindicato que representa o pessoal de voo da companhia aérea considera que os despedimentos são uma "linha vermelha" do plano de reestruturação da TAP e admite negociar reduções de salários se essa for uma posição transversal à companhia.
O presidente do Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC), Henrique Louro Martins, estimou esta segunda-feira à noite, em entrevista ao programa "Tudo é Economia" da RTP3, que a TAP precisa de uma injeção de capital de 4 mil milhões de euros.
A 17 dias de a companhia aérea ter de entregar o plano de reestruturação a Bruxelas, na sequência da ajuda de 1,2 mil milhões de euros que obteve do Estado, o responsável lamentou enquanto representante de trabalhadores não ter sido ainda consultado e desconhecer as linhas desse plano.
Para Henrique Martins, a TAP necessita de um valor muito superior ao concedido. "Precisa de uma injeção de capital profunda, de 4 mil milhões de euros para ficar numa situação em que no futuro se consiga sustentar sozinha", frisou.
O presidente do SNPVAV disse ainda que no âmbito do redimensionamento da companhia "o sindicato admite negociar reduções de salários se essa for uma posição transversal à companhia" porque "os esforços têm de ser feitos por igual".
O representante dos tripulantes de cabine da TAP, que tem agendado para o dia 2 de dezembro uma reunião com o ministro das Infraestruturas, defendeu a criação de uma "força conjunta" entre sindicatos, administração e Governo "para que daqui a um ano possamos estar a falar da TAP como empresa de sucesso".
Henrique Martins salientou que na sequência da paralisação que a pandemia provocou na setor da aviação e mais concretamente na TAP "os tripulantes de cabine foram o grupo mais afetado", adiantando que até agora 682 tripulantes não tiveram o seu contrato de trabalho renovado e que vão sair mais 435 até março.
Na mesma entrevista frisou ainda que no âmbito da reestruturação da companhia "há linhas vermelhas", que "têm a ver com despedimentos", assumindo que "entre despedimentos e redução salarial que venha a redução salarial", sendo que em seu entender o "plano de reestruturação tem de ser balizado no tempo".
O recurso a reformas antecipadas foi, por outro lado, um pedido que o sindicato já fez. Segundo Henrique Martins, há "217 tripulantes reformáveis", o que é "um número que pode ajudar à reestruturação".
O presidente do SNPVAC garantiu que o relacionamento com o novo CEO Ramiro Sequeira "é diferente" e defendeu que a TAP "não pode ser uma TAPzinha".
Admitiu que os 600 milhões de euros de capitais negativos que a companhia tinha em dezembro "representa que a TAP estava sobredimensionada", mas acrescentou que "se a TAP não fosse apetecível e viável não era apetecível a uma Lufthansa".