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Patrões do Porto insistem: “A atual TAP devia ser extinta”
A Associação Comercial do Porto reitera a sua oposição ao plano de intervenção e reestruturação que o Estado apresentou para a TAP, defendendo a criação de “uma empresa de ‘base zero’”, que “salvaguardasse os ativos existentes e prestasse um melhor serviço ao país”.
A entrevista da CEO da TAP ao Expresso, publicada no passado sábado, acirrou ainda mais os ataques da Associação Comercial do Porto (ACP) à forma como o Governo está a conduzir o processo de ajuda do Estado português à empresa.
"As afirmações de Christine Ourmières-Widener reforçam a ideia, já diversas vezes manifestada por esta associação, de que a intervenção do Estado na TAP é um processo mal conduzido e que não vai resolver os problemas estruturais que, há décadas, tornam a companhia aérea numa empresa inviável", defende a ACP, em comunicado enviado às redações, esta sexta-feira, 15 de outubro.
Na entrevista ao semanário, a presidente executiva da TAP manifestou surpresa pela contestação que tem sido feita à TAP, nomeadamente pelo presidente da autarquia, Rui Moreira, e pela ACP, que já foi liderada pelo autarca.
"Entendo a frustração, mas honestamente fiquei um pouco surpreendida com a magnitude da reação. É óbvio que é impossível ter dois ‘hubs’", afirmou Christine Ourmières-Widener, avisando desde já que "vai ser difícil lançar mais rotas" a partir do Porto.
Reiterando a sua oposição ao plano de intervenção e reestruturação que o Estado Português apresentou para a TAP, o qual, garante, "obedece a uma estratégia irracional de investimento público, contrária aos interesses económicos do país e que não assegura a viabilidade futura da empresa", a ACP preconiza que "a atual TAP devia ser extinta"
No lugar da TAP, defende que devia ser "criada uma nova companhia aérea, que salvaguardasse os ativos existentes e prestasse um melhor serviço ao país, em linha com as opções tomadas noutros países europeus, como Suíça (Swissair), Bélgica (Sabena) e Itália (Alitalia), este último caso com a particularidade de ter sido hoje decretada a extinção da companhia aérea", detalha.
Há mais de um ano que a ACP tem vindo a criticar a "irracionalidade que este processo TAP representa, quer ao nível político, quer sobretudo no âmbito económico".
Em julho do ano passado, a associação liderada por Nuno Botelho interpôs uma providência Cautelar contra a injeção de 1,2 mil milhões de euros na TAP, "que, mesmo não tendo sido aprovada, alertou os portugueses para a necessidade de um maior escrutínio sobre esta aplicação de dinheiro público", afirma.
Mais recentemente, a ACP remeteu um documento à Direção Geral da Concorrência da Comissão Europeia, no qual sustenta que "a melhor solução para este processo passa pela extinção da TAP e a criação de uma nova companhia aérea".
A ACP defende a constituição de "uma empresa de ‘base zero’, que conserve os ativos estratégicos existentes – ‘hub’ da Portela e ligações ao Brasil, Estados Unidos e África lusófona – e assegure as rotas intercontinentais a partir de Lisboa".
E, "de forma complementar, visando assegurar o necessário equilíbrio territorial", sugere ainda "a disponibilização de apoios à criação de rotas nacionais e europeias noutros aeroportos portugueses, devidamente geridos pelas entidades regionais de promoção externa".
De resto, a ACP "recusa qualquer tentativa de menorização do seu papel", considerando que "a intervenção que tem mantido sobre este tema, e da qual não abdica, obedece ao cumprimento dos seus estatutos e à defesa dos interesses dos seus associados".
Por outro lado, remata, "acompanha uma longa tradição de promoção das infraestruturas aeroportuárias da Região Norte, indispensáveis ao respetivo desenvolvimento económico".