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"Não há obrigatoriedade sobre a privatização da TAP, a Comissão não impôs nada"

Ex-secretário de Estado, que esteve na linha da frente da negociação com Bruxelas da reestruturação da TAP, confirma que a Comissão Europeia não impôs a privatização.

Manuel de Almeida / Lusa
14 de Junho de 2023 às 18:19
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"Não há nenhuma obrigatoriedade sobre a privatização, nem a Comissão impôs nada". Foi desta forma que o ex-secretário de Estado das Infraestruturas confirmou que na negociação com Bruxelas do plano de reestruturação da TAP confirmou que nesse processo as instâncias europeias não fizeram qualquer imposição sobre a venda da transportadora a privados.

"Não havia uma reflexão fechada" sobre o tema, disse Hugo Mendes aos deputados da comissão parlamentar de inquérito à TAP.

O ex-governante – que pediu a demissão juntamente com Pedro Nuno Santos na sequência da polémica em torno da indemnização de Alexandra Reis – afirmou no entanto que "desde o momento em que o plano foi apresentado em dezembro, o ministro das Infraestruturas disse de forma clara que dificilmente via como a TAP se poderia manter sozinha, fora de um grande grupo, no futuro".

O ponto central do desenho da reestruturação, disse, é "como fazer um plano credível para a Comissão".

E, segundo explicou, não havia muita margem para imaginação: "num plano há custos e receitas. E as receitas não podem ser mirabolantes", e por isso, "temos de ir aos custos".

E nessa rubrica os três mais importantes são "o jetfuel, as taxas aeroportuárias e as pessoas".

Os primeiros dois, sublinhou, estão fora do controlo de qualquer companhia. "A TAP gastou mais 300 milhões de euros de jetfuel em 2022" por causa da guerra na Ucrânia, atirou. As taxas também não dependem das transportadoras. "O que é que controlamos? Os recursos humanos. Não é possível fazer um plano credível de 5 mil milhões de euros - entre auxílio do Estado e o que a empresa gastou - sem tocar na massa salarial, porque a equação não fecha", sublinhou.

"A Comissão não diz que é preciso cortar a massa salarial", disse, ressalvando que "a massa salarial valia entre 20 e 25% das despesas".

Hugo Mendes recordou que em plena pandemia, "Lufthansa, KLM, Iberia e British Airways estavam a reduzir mão-de-obra em 15, 20, 30 por cento e não estavam sob um plano de auxílio". "Não foram obrigados pela Comissão mas pelo mercado. Foram reduções agressivas de frotas e de pessoal", realçou.

Sobre o impacto da reestruturação nos trabalhadores, o antigo governante recordou um momento quando, "no dia 26 de fevereiro são fechados acordos temporários de emergência" na TAP e, nesse mesmo dia, "a IATA diz que o verão de 2021 iria ser afinal muito pior do que tinha imaginado". "A nossa primeiro interrogação foi: será que estes acordos chegam?"
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