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Hugo Mendes: "Pedido para alterar voo de Marcelo não era uma instrução, mas foi infeliz"

O antigo secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes, diz que “acusação de querer impedir TAP de comunicar com Finanças é ridícula" e rejeita ingerência política da TAP.

Manuel de Almeida / Lusa
14 de Junho de 2023 às 15:08
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Hugo Mendes rejeita as acusações de ingerência política e considera mesmo "ridiculas" as acusações de "querer impedir  a TAP de comunicar com [o Ministério] das Finanças".

Na sua intervenção inicial, na comissão parlamentar de inquérito à gestão política da TAP, o antigo secretário de Estado das Infraestruturas, tem tentado desconstruir as acusações de ingerência da companhia aérea de que tem sido alvo.

Num tom irritando, citou a mensagem enviada pelo próprio a Chistine Ourmières-Widener em que dizia que o Ministério das Infraestruturas era a única porta de entrada da TAP no Governo. Mas acrescentou que esta era apenas uma parte da troca de mensagens. De fora da publicação  ficou a parte da conversa se referir a "temas operacionais" da companhia aérea e que a empresa estava sob a tutela de dois ministérios, Infraestruturas e  Finanças.

E foi mais longe. Referindo-se à antiga CEO e ex-chairman [Manuel Beja], demitidos por justa causa a 6 de março, disse que "os únicos que tiveram esta fantasia [de a TAP estar proibida de contactar com as Finanças] foram dois gestores em litígio com o Estado".

O voo de Marcelo Rebelo de Sousa

Sobre a polémica do pedido de alteração de voo para Marcelo Rebelo de Sousa, defendeu que  "não era uma instrução", mas admitiu que foi "infeliz".

Hugo Mendes reconheceu que não devia ter enviado o email e sublinhou que se limitou a partilhar a sua "opinião". "Foi sem dúvida infeliz, mas ela [Christine Ourmières-Widener] sabia que era uma opinião a ter em conta e que lhe cabia a ela avaliar. Tanto que sabia que não era uma intrução, que optou por não alterar o voo". 

O responsável, que por mais do que uma vez foi advertido pelo presidente da CPI, Lacerda Sales para usar "linguagem mais urbana", disse ainda que após o envio do email nunca mais perguntou sobre o tema nem quis saber qual tinha sido a decisão da antiga CEO. "Só voltei a 
 ouvir falar novamente sobre o tema aqui na CPI".

Ao longo da sua longa intervenção inicial, de 45 minutos, Hugo Mendes referiu ainda que as "pressões são legítimas em democracia e, no caso da TAP, vêm de todos os lados todos os dias", disse, referindo-se a agentes políticos, económicos mas também à sociedade civil. 

 

Hugo Mendes deu ainda  exemplos do que considera ser um "exercício de ironia do que a comissão de inquérito se tornou".  "Durante dois anos o Ministério das Infraestruturas foi bombardeado para criar rotas políticas, independentemente da sua rentabilidade comercial e de poder agravar as contas da empresa e levaria o Estado a injetar ainda mais dinheiro", revelou. 

"Creio que já ficou visível a enorme ironia desta narrativa. Não só o Ministério das Infraestruturas e da Habitação sempre criou um anel de segurança em torno da empresa, como muitos dos que nos acusam de ingerência, afinal, exigiam que a TAP voasse para um conjunto de destinos só porque o Estado estava a financiar a empresa", reforçou.

"A atitude do quero, posso e mando, do agora que o país pagou pela empresa a TAP tem de voar para todo o lado, ou, da memorável frase do doutor Rui Rio "como a TAP é pública e funciona com dinheiros públicos, tenho de exigir", esta nunca foi a postura do Ministério das Infraestruturas e da Habitação", assegurou.


garante que o ministério "nunca cedeu a nenhuma pressão externa nem fizemos qualquer pressão interna".


Hugo Mendes pediu a demissão no final de 2022-  juntamente com Pedro Nuno Santos - na sequência da polémica em torno da indemnização de Alexandra Reis.

(Notícia atualizada às 20h24)

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