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Lacerda Machado: TAP cresceu no Brasil devido à compra da VEM

O negócio com a brasileira VEM continua a pesar negativamente nas contas da empresa. O homem que reverteu a privatização da TAP defende: se não fosse a Varig, a transportadora não tinha crescido no Brasil.

Miguel Baltazar
25 de Novembro de 2017 às 09:53
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Diogo Lacerda Machado defendeu este sábado, 25 de Novembro, que a compra da brasileira Varig Engenharia e Manutenção (VEM) pela TAP foi o que permitiu à companhia aérea posicionar-se naquele mercado.

Desafiado a pedir desculpa por um negócio considerado ruinoso para a companhia aérea, o actual administrador não executivo da TAP optou por explicar os contornos do negócio no 43º Congresso da APAVT - Associação das Agências de Viagens e Turismo em Macau.

"Se a TAP não tem feito esse investimento absolutamente estratégico, decisivo para chegar onde chegou hoje, o tempo seria muito pior", afirmou. Lacerda Machado lembrou que o investimento na VEM foi de cerca de 450 milhões de euros, o que compara com os 13 mil milhões de receitas angariadas naquele mercado.

Para o responsável, o investimento na VEM não foi "uma aventura pontual, sem sentido nenhum". "Um dia, provavelmente, ver-se-á que (o activo) vale dinheiro. A TAP fez um investimento diminuto e obteve um resultado superior", acrescentou.

Lacerda Machado descartou que a Geocapital, empresa de Stanley Ho com sede em Macau e parceira no negócio, tenha recebido qualquer prémio por parte da TAP.

Valor da TAP com privatização era "praticamente zero"

O homem que liderou o processo de reversão da privatização da TAP, devolvendo o controlo da companhia ao Estado, falou também sobre esta etapa em Macau. Lacerda Machado considerou que "o valor atribuído à TAP era praticamente zero" com o negócio feito pelo antigo Governo liderado por Pedro Passos Coelho.

Com essa reversão, o Estado e os próprios trabalhadores asseguram um papel na empresa. No caso do primeiro, a crença do administrador não-executivo é de que é possível "assegurar, com certeza absoluta, que não há nenhuma decisão estratégica" tomada sem o seu conhecimento.

Apesar de tecer elogios aos accionistas privados, o "vencedor" David Neeleman e o "exemplar" Humberto Pedrosa (bem como aos chineses do grupo HNA que entram de forma indirecta, via Azul), Lacerda Machado defendeu que "bastava uma privatização parcial da companhia".

"O resultado da reconfiguração (da privatização) é melhor do que estava construído antes", afirmou. Um dos grandes desafios para a próxima fase está em perceber como concorrer com as companhias "low cost". Nesse sentido, exemplificou, a estratégia para os lugares na parte de trás (mais baratos e apertados) tem permitido "ir buscar passageiros às low cost".

Ser o melhor amigo do primeiro-ministro "tirou-me a identidade e o mérito"

A conversa com o presidente da APAVT, Pedro Costa Ferreira, arrancou por onde se esperava: a relação de amizade entre Lacerda Machado e o primeiro-ministro António Costa. "Em certa medida, tirou-me a identidade e o mérito. Coisa que se perdoa quando é o nosso melhor amigo", brincou.

Diogo Lacerda Machado confidenciou que Costa o convidou para o Governo. Não aceitou, mas disponibilizou-se para outros contributos, como o que acabaria por dar na TAP ao renegociar a reversão da privatização. "Não sou o meu melhor amigo quando emito certas opiniões", advertiu.

Outra privatização que veio ao discurso foi a da ANA Aeroportos, que este administrador vê com preocupação. Lacerda Machado considera que "era mais fácil" se a gestora aeroportuária não tivesse sido privatizada aos franceses da Vinci, porque asseguraram o "monopólio", com direito a decidir em qualquer política de expansão para o sector.

"Enganámo-nos sempre por defeito nas projecções" sobre o crescimento de passageiros aéreos nas últimas décadas, lembrou. Por isso, a solução com a pista complementar na margem sul do Tejo está longe de representar uma solução definitiva. "Espero que o Montijo sirva adequadamente durante algum tempo", traçou.

Uma vez em Macau, Lacerda Machado realçou a "forma especial" como a China olha para Portugal, país que "não tem problema em receber investimento chinês em sectores estratégicos". "Os países de expressão portuguesa (como Brasil ou Angola) não são estratégicos para a China, são vitais", destacou ainda.

*jornalista em Macau a convite da APAVT
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