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Agências de viagens acusam companhias aéreas de aplicar "taxas discriminatórias"
A "tentativa de construção de um oligopólio" por parte das companhias de aviação, na hora de centralizarem os processos de venda, preocupa as agências de viagens. Um dos desafios para um futuro onde a protecção de dados e a pressão em Lisboa também são temas quentes.
As agências de viagens acusam as companhias de aviação de aplicar "taxas discriminatórias" nos sistemas de reserva de viagens. Para Pedro Costa Ferreira, presidente da APAVT - Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo, trata-se de uma "tentativa de construção de um oligopólio bem definido".
Em causa está a aplicação de uma taxa adicional na reserva de viagens através dos chamados GDS, sistema utilizado pelas agências de viagens, iniciada pela Lufthansa em 2015. Para o líder da APAVT o que se está a fazer é "lançar as bases para um futuro aumento de tarifas".
Citando um estudo, Pedro Costa Ferreira informou que as companhias regionais - como as portuguesas TAP e SATA - acabam por sair prejudicadas, com os custos "a aumentar muito consideravelmente" por assumirem as vendas de forma directa. Há também uma crítica ao regulamento europeu de aviação da IATA, que "devia ser já uma peça de museu" e que representa "um ataque à livre escolha do consumidor".
Depois da directiva europeia sobre viagens organizadas, o sector antevê um "cenário relativamente aterrador" com o novo regulamento europeu sobre protecção de dados, que entra em vigor em Maio de 2018. "O Governo tem a responsabilidade de clarificar a lei", apelou. Pedro Costa Ferreira considera que as novas regras "atiram" o sector para empresas de consultoria e "podem determinar o encerramento" de parte do tecido deste sector.
No discurso de abertura do 43º Congresso da APAVT, que regressa a Macau, houve também tempo para falar de Lisboa, onde o aeroporto está "esgotado", e dos esforços de harmonização entre a vida dos lisboetas e o turismo.
"Nenhum plano de harmonização deve afastar a actividade turística", afirmou Pedro Costa Ferreira. Caso contrário, deixa um aviso: "Voltaremos a ter sossego nas ruas de Lisboa. Mas daquele sossego assustador, que acompanha quem não pode sair à rua, com medo de ser assaltado, das drogas e da prostituição".
Pedro Costa Ferreira traçou ainda um "balanço positivo" do ano de 2017 para as agências de viagens, "com mais consumo e menos desemprego".
(Jornalista em Macau a convite da APAVT)